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(Jornal do Brasil) - Os suinocultores brasileiros estão
pedindo ao Ministério da Agricultura – que está “estudando” o assunto - a
adoção da suspensão da importação de plasma, material genético, e animais
reprodutores dos EUA.
Os Estados Unidos estão enfrentando, neste momento, uma epidemia
do vírus da DES - Diarréia Epidêmica Suína, que chegou aos EUA no ano passado,
e já atingiu outros países americanos, como o México, Canadá, República
Dominicana, Colômbia e Peru, nos dois
últimos casos, países que fazem fronteira com o Brasil.
Mais que com animais vivos, e com material genético, a
preocupação de técnicos e veterinários está voltada para o plasma de sangue de
suínos importado dos EUA para completar a ração que é dada aos nossos suínos, o
que lembra a velha expressão de que “ do porco só não se aproveita o berro”, e
nos revela a existência de práticas de vampirismo dignas de um romance como
“Crepúsculo” estreado por porcos, como símbolo do ponto a que chegou o
capitalismo na canibalização das espécies em prol da busca desenfreada do
lucro.
O uso de proteína derivada da carne, sangue e ossos de
mamíferos para a alimentação de animais que não precisam necessariamente disso
em sua dieta - principalmente quando derivada da própria espécie - não é boa
conselheira.
Primeiro, porque se o plasma fosse bom, os Estados Unidos o
estariam usando para completar a alimentação de seus próprios suínos, e não
enviando-o para outros países.
E, em segundo lugar, por causa do impactante exemplo da
“vaca louca”, doença que levou ao abate de milhões de reses e trouxe centenas
de bilhões de dólares em prejuízo a pecuaristas do dito Primeiro Mundo,
justamente por causa da utilização de farinha de carne e ossos de mamíferos
contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina, para completar a ração
normal de animais da mesma espécie.
A “vaca louca” levou à proibição, na Inglaterra, a partir de
1996, de qualquer proteína animal na alimentação de ruminantes. A essa altura,
a doença já havia se espalhado - por meio da exportação de animais para
reprodução e de farinha de ossos e carne pela Inglaterra - para várias partes
do mundo, causando enorme prejuízo econômico e colocando em risco milhares de
vidas, já que ficou provada depois a sua relação com o aparecimento em humanos
de uma nova variante da doença de
Creutzfeldt-Jakob, que é provocada pelo consumo de produtos bovinos
contaminados.
Considerando-se a íntima relação mercadológica e regulatória
entre os Estados Unidos e a Inglaterra, é preciso saber se, devido à “vaca
louca”, estendeu-se a proibição do uso
de proteína de mamíferos vigente na Grã-Bretanha aos EUA, e se a mesma lei vale
para suínos. Assim, descobriríamos porque os EUA nos exportam - e não consomem
em sua própria ração - o plasma que retiram do sangue de seus porcos.
A vinda à luz desses aspectos, no mínimo, controversos, da
Guerra dos Porcos, no contexto da batalha mundial da produção e consumo de
proteína animal pelo mercado humano, exige, da parte do Governo Federal, duas
atitudes:
Proibir imediatamente - por meio da ANVISA e do Ministério
da Agricultura - o uso de proteína
animal - ou, ao menos, de mamíferos - na alimentação de porcos, aves e bovinos.
Aceitar o pedido do setor, de imediata imposição de
barreiras à entrada de suínos vivos e de seus subprodutos - principalmente o
plasma - de fora do país.
Isso tem que ser feito não apenas por uma questão sanitária,
mas também de marketing e de geopolítica. O Brasil não pode, justamente agora,
que está a ponto de substituir - devido à questão da Crimeia - os Estados Unidos como fornecedor de carne
suína, bovina e de aves, para a Rússia, permitir que surja o mínimo empecilho
no aproveitamento dessa oportunidade.
Isso, sem falar da possibilidade, que não se deve descartar,
do aparecimento - devido à importação de “insumos protéicos” de outros países -
de graves doenças que podem afetar a saúde da população brasileira.
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