quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O problema não é a corrupção mas da ruptura do destino, por J. Carlos de Assis

O problema não é a corrupção mas da ruptura do destino
por J. Carlos de Assis
http://jornalggn.com.br/

Temos, sim, um Presidente corrupto. Faz mal? Não, não faz. É que temos por contrapeso um ministro do Supremo que protege bandidos como Aécio. Faz mal? Não, não faz mal. Mais de metade da Câmara ganhou ministérios, cargos públicos e emendas parlamentares para proteger o Presidente corrupto. Faz mal? Não, não faz mal. Afinal, nove dos principais auxiliares do Presidente em atividade no Planalto estão sendo denunciados pela Lava Jato por recepção de dinheiro sujo. Faz mal?
Desapareceu no país a noção de decência. Não há nenhuma instituição da República que possa se apresentar como de mãos limpas? Lembram-se da lei da ficha limpa? Era destinada a impedir que candidatos corruptos disputassem cargos eletivos. Por que só cargos eletivos? E o Judiciário? O Ministério Público? Seus integrantes decoram uma apostila e se tornam as personagens mais poderosas da República. E se insurgem, sintomaticamente, com a possibilidade de uma lei de abuso de autoridade.

A condenação de dezenas de empresas pelo juiz Sérgio Moro terá sido uma coisa boa? Lembro-me de ter feito  palestra no Clube de Engenharia, no início de 2015, sustentando que,  para preservar empregos de inocentes, a justiça deveria separar empresa de empresário. Em outras palavras, não faz sentido condenar empresas por corrupção; corrupto é o empresário, e só este deve ser condenado penalmente.  O fato é que, nas contas do economista Luís Gonzaga Belluzzo, a Lava Jato já custou ao Brasil entre 5 e 7 milhões de empregados. Faz mal?
A Nação foi degradada. Duvido que algum leitor dessa coluna, mesmo o mais inteligente, tenha a mais remota ideia do que acontecerá ao país no próximo mês, nos próximos seis meses, no próximo ano.  Não é uma questão de corrupção. É uma questão de destino. Temos uma equipe econômica vassala do sistema financeiro, a qual se revela incapaz de apresentar um plano que não seja a repetição monótona da estupidez neoliberal, e que já nos custou o maior desemprego de nossa história e três anos de contração do PIB.
Lembrando Cícero, cabe perguntar: Até quando, Meirelles, abusarás de nossa paciência? Até quando, Temer, brincarás com o país em desgraça? Acaso estar mergulhado na corrupção é desculpa para liquidar com nossas perspectivas de vida? Sabemos que tendes um plano. É simples. Vosso propósito é liquidar com o setor público, em todos os níveis, a fim de abrir espaços de ganho, em todas as áreas, para os vigaristas do setor financeiro. Por enquanto vamos engolir nossa revolta. No momento oportuno, veremos se valeu a pena, e para quem.

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