por Rui Daher
Quem sou eu para opinar se houve ou não fraude nas eleições venezuelanas de domingo passado? Aliás, eu nem ninguém. O que sei é que essa novela, esquerda-situação versus direita-oposição, rola desde que Hugo Rafael Chávez Frias (Otavinho, vai mudar o sobrenome?) foi eleito presidente em fevereiro de 1999, manteve-se no poder até 2013, quando faleceu, e fez de Nicolás Maduro seu sucessor, agora, por mais seis anos.
Poderá ser quase um quarto de século daquilo que as folhas e telas brasileiras de direita gostam de chamar de bolivarianismo.
Assim como outros países, o ilegítimo governo golpista brasileiro recusou reconhecer o resultado das eleições na Venezuela. Seríamos os borrados falando dos cagados? Ou os 68% a 21% a favor da situação simula a seleção alemã de futebol confessar ser fraude os 7 a 1 com que surrou a seleção brasileira, em 2014?
Baseio-me em relato da BBC de Londres, que nas merdas daqui não sujo as mãos nem obnubilo minha visão.
Alude-se o resultado à alta abstenção, 54% de um total de 20,5 milhões de pessoas registradas para votar. Entendo, assim, que perto de 9,5 milhões de eleitores compareceram às urnas, e destes 6,5 milhões legitimaram Nicolás Maduro. Ou não?
Se não, aonde foram seus opositores no domingo? Jogar beisebol, fazer piquenique com ameríndios, tocar tambor, cultuar o bom da F1, Pastor Maldonado? Ou passaram o dia a produzir hallacas e comer feijão preto com bananas cozidas e arroz? Não creio.
Já sei: ficaram encarcerados em suas casas pelas forças armadas bolivarianas.
Ainda seguindo o relato da BBC, mais parece que a população venezuelana está de saco cheio e sabe que, direita ou esquerda no poder, continuarão miseráveis e passando fome como na maioria dos países latino-americanos, incluindo o Brasil varonil.
A participação normal nas últimas eleições ficou perto de 80%. Em todas elas, chavismo e madurismo ganharam. Outras alegações, que não a abstenção, foram dadas, e sempre o serão enquanto o país não atender aos desígnios de Washington, DC.
A abstenção está sendo dada pela oposição como um sinal de desobediência civil, uma vitória, pois. Imagino Henry Thoreau se revirando em seu túmulo.
Então tá. Quantos aqui no Brasil defendem a não obrigatoriedade do voto, a exemplo do que acontece nos EUA?
Pois bem, a vitória de Donald “Pele Laranja” Trump sobre Hillary Clinton, em 2016, teve abstenção de 48%.
Fraude?
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