domingo, 15 de julho de 2018

Cadê a repercussão?, por Rui Daher


Por Rui Daher

A pergunta é singela, mas não quer calar. Vem curta e grossa.

O que têm a dizer as folhas e telas cotidianas contrárias ao Brasil sobre a matéria de capa da atual edição da revista CartaCapital “O Príncipe da Casa-Grande”? Valem concepção de capa, editorial de Mino Carta e, principalmente, o excelente trabalho de pesquisa e texto de Alceu Luís Castilho, jornalista, editor do site De Olho nos Ruralistas, colaboração de Igor Carvalho.

Por que ninguém publicará uma palavra sobre essas 14 páginas? Por que nenhuma resposta às comprovações lá postas? Nenhuma contestação, nem mesmo que fosse para disfarçar, mostrando o ex-presidente um baluarte dos agronegócios, tantas suas terras, canaviais e bovinos, conquistados numa teia de corrupção e favores, engendrada em sociedades que vão se sucedendo de pai para filhos, na medida em que o príncipe se associa ao Rei do Gado, Jovelino Carvalho Mineiro Filho, entre outras honras, sócio em empreendimentos junto com Emílio Odebrecht.

O autor da matéria anuncia que pouco veremos sítios mixurucas, pedalinhos ou tríplex em praia brega.

O buraco é mais encima. A matéria, exemplarmente, une os filmes italianos A Doce Vida (Fellini), A Comilança (Marco Ferreri) e A Grande Beleza (Sorrentino), para nos mostrar como as rodas chiques, desde que bem transacionadas, chegam a Paris, e não como o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, chegou.

Não resisto meter aqui uma galhofa: quantos anos levariam Lula e Dona Marisa Letícia, a pé, conforme foto antológica, ele carregando um isopor na cabeça até chegarem à Avenue Foch? Ou considerariam a possibilidade de singrar mares em seus pedalinhos?

Não me alongarei. Nela conhecerão como os cartórios e registros de imóveis no Brasil, fazem fácil tudo que a elite econômica quiser esconder e mostram o que a OAS não quis mostrar.

Na matéria, conhecerão fortunas terceirizadas a filhos, advogados, prefeitos podres, aberrações contra o Código Florestal, malfeitos da Sabesp e do governador Alckmin, executivos de Camargo Corrêa propinando, a decrépita Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo, influenciando votos, imbróglios de heranças em famílias como Sodré e Mellão. “A Teia”. Todos limpinhos e acoitados pelo Poder Judiciário Grisalho brasileiro.

Apenas indico a importância e que leiam a matéria completa, lição do que deveria ser jornalismo investigativo.

“Eu apoio o jornalismo de CartaCapital”, repetindo o que dizem José Trajano, Juca Kfouri, Gregório Duvivier, Djamila Ribeiro e Laerte.

Foi quando um amigo italiano me falou:

- Ma chi ti conosce?

- Nessuno, naturalmente. Ma, l’imbecille prenderà in culo. È mio diritto parlare.

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