terça-feira, 10 de julho de 2018

Quem nos salvará de nossa elites?

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


A passagem de Bolsonaro pela “sabatina” da CNI é pedagógica para entendermos porque somos um país que “tinha tudo para dar certo, mas...”

Não se trata aqui de compararmos propostas de governo, até por que Bolsonaro não as apresentou. E não precisamos abordar a passagem dos outros candidatos pelo evento. Com as vaias de Ciro, eu posso não concordar, mas entender.

O que nos choca é a elite empresarial deste país se extasiar com uma figura como Bolsonaro, a ponto de aplaudi-lo de pé, demoradamente, quando da sua chegada, ou seja, antes mesmo de apresentar qualquer proposta àquela seleta platéia.

Portanto, devemos supor que recepção tão calorosa se deu pelo conjunto da obra, valeu seja, pelos posicionamentos e ações anteriores do candidato.

Agora, como parte do exercício de desvendarmos o que querem nossas elites, resgatamos as principais manifestações do senhor Bolsonaro ao longo do tempo. Alguns raros e infelizes momentos que tiveram o candidato como protagonista, e pelo que nos ensina a lógica, têm o entusiasmado apoio de nossa elite empresarial.

Vejamos:

“O erro da ditadura foi torturar e não matar”.




”Não vou estuprar você porque você não merece.“ 

"Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles". 

“Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher”. 

“Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso”.

“Na grande mídia, dizem que eu não entendo de economia, mas vou disputar eleições no ano que vem, não o vestibular’’.

“O índio que vem falar aqui de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens.”

Eis, em algumas manifestações sinceras, o Bolsonaro que os empresários que lotaram o auditório conhecem e aprovam. É o mesmo que nós conhecemos. Ele não produziu muito mais ao longo dos anos. Ninguém sabe o que ele pensa de economia e política externa, ou sobre qualquer outro tema que não lhe permita exibir rapidamente, em poucas palavras, sua visão medieval do mundo e sua essência fascista.

As elites econômicas e empresariais em qualquer país desenvolvido têm responsabilidades com a nação que vão além de apenas pedir isenção de impostos.

Infelizmente, as nossas, em algum momento da história, esqueceram disso.

Fica claro que essa gente não têm o mínimo compromisso com a imagem do país e com a justiça. Preferem ainda, em 2018, a senzala a serviço da casa Grande.

Com estas elites, que possibilidade nós temos de construir um país justo, rico em oportunidades e soberano?

Você, leitor, vê alguma chance? Eu não.

Giles Azevedo

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