Fernando Brito / http://tijolaco.com.br/
A
Folha anuncia que o Ministro da Justiça pretende deixar o cargo.
Diz
que é pelas “pressões do PT”.
Conversa.
Cardozo
é petista há tempo suficiente e acumulou responsabilidades dirigentes no
partido para conhecer bem o partido e ter, dentro dele, apoio suficiente se sua
atuação como ministro existisse.
E
não existe.
Sua
gestão, para o bem e para o mal, marcou a completa ausência do poder público do
debate jurídico e da coordenação política do aparelho policial e das relações
com o Judiciário e o Ministério Público.
Cardozo
sempre disfarçou sua abulia sob o manto da “liberdade de atuação institucional”
da Polícia Federal e da total falta de articulação com quem quer que seja.
Foi
um ministro capaz de fazer com que o Ministério da Justiça, que já foi o mais
importante instrumento político dos governos da República, parecer uma
repartição inútil.
Aconselhou,
participou e foi responsável pelo momento de maior abulia de uma administração
atacada, sitiada, solapada e agredida por todos os lados e de todas as formas,
sobretudo a do desvio inaceitável dos ritos policiais e judiciais.
Sob
sua gestão, sem nenhum tipo de reação, a Polícia Federal transformou-se, por
vários de seus integrantes e dirigentes, um núcleo de conspiração, sem nenhuma
providência. Ao ponto de autoridades policiais nem mesmo se pejarem de formar
grupos no Facebook, chamando de “anta” a Presidenta da República ou brincar de
dar tiros ao alvo em seus retratos.
Até
na área da legislação penal, a aprovação – parcial ainda, felizmente, do maior
retrocesso em matéria de civilização já visto neste país é uma espécie de
corolário às avessas de sua passagem pelo Ministério da Justiça.
Isso
não é democracia nem isenção. É zona. Ou se preferirem algo mais gentil, deixar
à matroca.
Não
se alegue que a abulia provém de Dilma. Pode ser, mas um auxiliar capaz e digno
deste nome a estimularia a reagir e não se prestaria a ser o agente do “fazer
nada”, enquanto a baderna institucional se espalha em sua área.
E
não é por isso que, agora, manda vazar que “está de saco cheio” e pretende
sair.
Tudo,
no Ministro Cardozo, é falso e vaidoso.
Tanto
que a mesma matéria da Folha, onde se aventa sua renúncia ao cargo, registra:
”
Eles acreditam que o ministro busca, na verdade, um afago de Dilma para
permanecer no governo fortalecido, em meio ao tiroteio petista contra sua
permanência.”
É
duríssima a disputa entre ele e o ministro Aloízio Mercadante pelo posto de
figura mais canhestra e narcísica desta administração.
A
saída de José Eduardo Cardozo, parafraseando o clichê, preenche uma lacuna na
atuação do governo ou, no máximo, implicaria na substituição do do nada por
coisa alguma.
Politicamente,
porém, representaria um golpe – mais um – na cambaleante autoridade da Presidenta,
que já percebeu que, como seus auxiliares não a defendem, tem de defender sua
própria honra, o que lhe traz desgastes e polêmicas sobre os limites de suas
declarações, como a feita em Nova York sobre a natureza dos delatores.
Até
mesmo figuras lamentáveis como Eduardo Cunha e Renan Calheiros são capazes de
se defender e o fazem.
Porque
quem não se defende está fadado a, merecendo ou não, cair.
Ou,
como faz agora o quase-ex-dândi da Justiça, podendo, pular do barco adernado.
O
que, aliás, diz muito de sua natureza.
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