terça-feira, 19 de março de 2019

Moro deve ter caído na real: ele se tornou figura descartável, colocado num canto da mesa

Publicado por Joaquim de Carvalho


Moro, caindo na real: seus dias devem ser de tormenta
Moro, sorridente, a caminho de Davos: talvez imaginasse que o governo fosse uma Disneylândia

Kiko Nogueira escreveu o artigo sobre “o triste fim de um superministro”.

No texto, ele conta como Moro bajulou Olavo de Carvalho no jantar oferecido a Bolsonaro na Embaixada do Brasil, domingo à noite.

Olavo de Carvalho, que, semanas antes, havia estimulado seus seguidores a detonarem o ex-juiz na rede social.

Talvez não seja o fim de Moro no sentido estrito, mas numa etapa de sua metamorfose.

A foto dele no jantar é reveladora.

Triste, cabisbaixo, enquanto Bolsonaro fala sobre a “ameaça” comunista que havia no Brasil.

No que estaria pensando?

Era melhor quando, juiz na capital paranaense, fustigava o presidente mais popular da história do Brasil e era o centro das atenções.

Agora ele tem de dividir o holofote com pessoas que talvez nem respeite intelectualmente, como Bolsonaro e mesmo Olavo de Carvalho.

Dividir em termos, já que pouco lhe sobra de luz num governo que nem pode ser considerado medíocre.

Moro nunca se notabilizou pela inteligência propriamente.

Ele sempre foi hábil no manejo do direito para atingir fins pretendidos.

Com essa habilidade, ganhou fama.

Mas hoje tem que dividir a comitiva com um líder que, na primeira entrevista que concede nos Estados Unidos, é constrangido a falar sobre suas ligações com as milícias e a suspeita de que, de alguma maneira, tenha algo a ver com o assassinato de uma líder negra que representava valores opostos aos dele, presidente.

Convenhamos, não deve ser cômodo para o ex-juiz ser liderado por gente assim.

Pior — e acho que isso o incomodou mais — é constatar que foi colocado num lugar à mesa longe do chefe que tem ligações com milicianos.

No que poderia pensar?

Bolsonaro nunca estaria no centro da mesa, com Olavo de Carvalho à sua direita, se não fosse ele, Moro, com sua tarefa de destruir Lula.

Teria razão se pensasse assim.

O ex-juiz devia estar caindo na realidade.

No início do governo, menos de três meses atrás, ele se apresentava sorridente, com ar de vitorioso, como na foto tirada no avião presidencial que o levou a Davos, com Moro.

Bastaram algumas semanas para o ex-juiz descobrir, enfim, que construir uma reputação, ter uma obra digna do nome, é muito mais difícil do que, simplesmente, com canetadas, destruir a reputação de outro, como tentou fazer com Lula.

Os dias de Moro ainda serão muito mais atormentados, pois fica claro que já cumpriu seu papel na história e hoje se tornou uma figura completamente descartável, colocado num canto da mesa.

Ainda tem suas cartas na manga, como os contatos na CIA que proporcionaram um encontro ao lado do presidente.

Mas talvez não sejam suficientes para lhe dar forças para transformar em verdade a lenda de super herói. Ou superministro.

Moro sempre foi um juiz medíocre com ambição gigantesca.

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