
Utopia e contradições (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Em menos de uma semana o Brasil estará consolidado e isolado no centro das preocupações mundiais. Isso ocorrerá não só por causa da pandemia do coronavírus. Também se dará por causa da falência de múltiplos órgãos que está a matar a jovem democracia brasileira.
O vírus da estupidez, da boçalidade e da ignorância, disseminado por Jair Bolsonaro, provocou um acidente vascular cerebral no Parlamento e parece ter interrompido as funções hepáticas do Supremo Tribunal Federal.
Deputados e senadores, letárgicos e catatônicos, parecem não ter forças para reagir ao ataque às funções vitais do Estado. Ministros do Supremo, isolados e sem a coordenação de uma presidência vigorosa da Corte, deixaram de filtrar em conjunto os arreganhos raivosos de um frouxo travestido de pitbull.
Bolsonaro, além de estúpido e acometido da idiotia dos cretinos patológicos, é o valentão de fancaria. É covarde e não suportará uma ação em conjunto dos que resta de pé nas instituições nacionais contra o ataque tóxico que faz à democracia.
As liberdades democráticas respiram por aparelhos nas bandas de cá. Há governadores e prefeitos de metrópoles e de cidades médias comprometidos com o futuro do país. Há, ainda, parlamentares que reagem às provocações golpistas emanadas de um Palácio do Planalto convertido em manicômio destinado a abrigar um louco desqualificado fantasiado de presidente da República.
No Judiciário ainda há juízes. Na sociedade civil ainda há vozes se levantando.
Contudo, a dispersão da resistência e a ausência de vigor e de união de todos contra o mal maior nos trazem um risco de derrota.
O mal maior se chama Jair Bolsonaro e a ordem unida, arquivadas momentaneamente as divergências, é extirpá-lo do poder. Bolsonaro é o tumor que adoece, enfraquece e ameaça o Brasil.
Fomos, por gerações, a Nação onde a esperança e a cordialidade pareciam se confundir com a alma de nosso povo. Aos trancos e barrancos, avançávamos.
O golpe sofrido desde a marcha da insensatez iniciada em 2014, quando a oposição da época, personificada em Aécio Neves, recusou-se a aceitar o veredito das urnas presidenciais, passamos a escalar a desordem.
O ápice do desalento brasileiro parecia ter sido o impeachment sem crime de responsabilidade, executado em 2016, que instalou a cleptocracia de Michel Temer no Planalto. Era possível antever que o pior estava por vir, mas era impensável que o pior fosse tão devastadoramente ruim.
Em 2018, caímos na ribanceira dessa aventura desqualificante: a anarquia chefiada por um canalha cujos filhos são os capatazes de uma tropa de jagunços. O mundo nos vê, e não acredita naquilo que projetamos.
Sempre fomos meio chulos. O brasileiro médio era visto lá fora como medianamente estúpido. Apesar disso, construíamos uma hegemonia de civilidade para esconder nossas doenças da alma nacional, driblamos tais mal-estares porque nossa porção cordial e genial se sobrepôs aos boçais.
Agora, tudo mudou: o Brasil é, para o mundo, um país estranho onde habita um povo chulo, ignorante e boçal. Com a falta de cuidados e planejamento para vencer a pandemia de Covid-19 tornamo-nos também uma Nação sanitariamente perigosa para o resto do mundo. Esse é o estigma que temos agora, levará gerações para extirpar essa marca de nossa imagem e a culpa por tudo é de Bolsonaro.
É por isso que ele precisa ser eliminado. Rapidamente.
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