terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Ano histórico: A guerra na Ucrânia revela que os EUA são a principal ameaça global


– A maior parte das pessoas percebe que os Estados Unidos e o seu empobrecedor sistema capitalista de guerra devem ser derrotados para que o mundo possa viver em paz.

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A guerra na Ucrânia está agora a entrar no seu segundo ano, tendo feito o seu primeiro aniversário esta semana. A 24 de Fevereiro do ano passado, as forças russas entraram em território ucraniano. O conflito sofreu muitas reviravoltas ao longo dos últimos 12 meses. Mas parece haver um desenvolvimento inescapável e primordial. Os contornos da hostilidade surgiram para identificar a principal ameaça global – os Estados Unidos e a sua obsessão de soma nula com a hegemonia imperialista.

Estritamente falando, a guerra na Ucrânia está a entrar no seu décimo ano, porque as origens do conflito estão relacionadas com o golpe de Estado em Kiev, em Fevereiro de 2014, patrocinado pela CIA americana e outros agentes da NATO . O regime NeoNazi então instalado e que continua no poder (encabeçado por um presidente judeu) foi armado e secretamente apoiado pelos Estados Unidos e pelos seus parceiros da NATO para agredir o povo de língua russa da antiga Ucrânia do sudeste. O maior objetivo do regime era atrair a Federação Russa para o confronto existencial que está agora em curso.

Os governos ocidentais e os seus meios de propaganda afirmam a narrativa absurda de que o Presidente russo Vladimir Putin lançou uma agressão não provocada contra a Ucrânia. O sistema de propaganda ocidental – cujos nomes incluem títulos como New York Times, Washington Post, Guardian, Financial Times, BBC, CNN, DW e France 24, dentre outros – branqueia completamente os oito anos anteriores à eclosão da guerra.

Putin o reiterou esta semana a afirmação, no discurso anual do "estado da união", quando disse que "o Ocidente começou a guerra". O líder russo foi previsivelmente vilipendiado no Ocidente por dizer tal coisa. Mas os factos da história estão do lado de Putin.

O professor universitário americano John Mearsheimer é uma das várias vozes eminentes que confirmam que a guerra na Ucrânia foi pressagiada pela NATO e pela sua expansão implacável em direção à Rússia durante muitos anos. A Ucrânia foi apenas a ponta de lança apontada para a Rússia.

Outras fontes no terreno na região de Donbass – anteriormente da Ucrânia – confirmam também que o regime de Kiev apoiado pela NATO estava a intensificar a sua agressão durante o mês de Fevereiro do ano passado, antes da intervenção militar russa. Isto explicaria a razão pela qual o Presidente americano Joe Biden estava confiante ao prever no início do ano passado que as forças russas iriam "invadir" a Ucrânia. Os pagadores americanos do regime de Kiev sabiam que a Rússia seria obrigada a intervir para evitar um ataque incipiente e mortal à população russófona dentro da fronteira então ucraniana.

Desde então, a região de Donbass separou-se da Ucrânia em referendos realizados no ano passado e juntou-se à Federação Russa seguindo os passos da Península da Crimeia. Os meios de comunicação/propaganda ocidentais falam da Rússia "anexando" o Donbass e a Crimeia, ignorando os referendos verificados por observadores internacionais. Mas depois os mesmos media ocidentais recusam-se a relatar como os EUA, num acto de terrorismo internacional, explodiram os gasodutos Nord Stream cinco meses atrás. Assim, não digam mais nada acerca da sua credulidade covarde.

Lamentavelmente, as hostilidades na Ucrânia têm sido exacerbadas e desnecessariamente prolongadas devido ao fluxo maciço de armas americanas e da NATO para aquele país. Pelo menos 100 mil milhões de dólares de armamento foram injetados no regime, cujos soldados a pé são modelos dos fascistas ucranianos que colaboraram com o Terceiro Reich nazi na Segunda Guerra Mundial. Isto enquanto as populações ocidentais sofrem níveis recordes de pobreza e austeridade impostos por governantes elitistas insensíveis.

Ainda esta semana, a administração Biden prometeu mais 2 mil milhões de dólares em ajuda militar ao regime de Kiev, incluindo o reabastecimento de foguetes de longo alcance HIMARS. A artilharia sofisticada fornecida pelos EUA está a ser utilizada para atingir e matar civis nas regiões de Donetsk e Lugansk, que agora fazem parte da Federação Russa. Informações fiáveis mostram que as unidades de artilharia HIMARS estão a ser operadas por mercenários da NATO, não por tropas ucranianas.

A grave implicação é que os Estados Unidos e a NATO estão em guerra contra a Rússia. Esta já não é uma guerra por procuração (proxy) de apoio indirecto. A visita a Kiev esta semana do Presidente Biden e a ridícula conversa sobre a "defesa da democracia mundial" contra a "agressão russa" demonstra claramente que Washington comanda o conflito e a sua perigosa farsa de enganar o mundo.

Os objectivos declarados da Rússia de "desnazificar" e "desmilitarizar" o regime de Kiev estão longe de serem atingidos – por enquanto. A supracitada ofensiva do regime apoiado pela NATO contra a região de Donbass em Fevereiro do ano passado foi frustrada pela intervenção da Rússia e inúmeras vidas foram, sem dúvida, poupadas. No entanto, a verdade é que o povo nas partes da Rússia recentemente constituídas continuam a viver em condições mortíferas impostas pelo eixo da NATO . Ainda esta semana, vários civis em Petrovsky, perto da cidade de Donetsk, incluindo trabalhadores de ambulância, foram mortos por bombardeamentos apoiados pela NATO .

A guerra na Ucrânia transformou-se numa guerra existencial que a Rússia não se pode dar ao luxo de perder. Do mesmo modo, o investimento de capital político e financeiro por Washington e pelos seus aliados imperialistas é tal que estes também enfrentam um desafio existencial pelo qual não podem recuar sem perda fatal de prestígio.

Não há praticamente nenhum esforço diplomático ou político para encontrar uma solução pacífica. A China revelou esta semana um plano de paz de 12 pontos para resolver o conflito na Ucrânia, mas o plano foi rapidamente rejeitado ou minado pelos líderes norte-americanos e europeus. O problema final é que Washington e os seus lacaios imperialistas procuram um resultado hegemónico de soma zero, um resultado em que a Rússia é derrotada, o que, por sua vez, abrirá o caminho para maiores ambições de enfrentar a China. Os imperialistas americanos estão mesmo a caminho para reforçar o cerco militar da China.

A guerra na Ucrânia é realmente uma manifestação de forças históricas subjacentes. O suposto fim da Guerra Fria em 1991, após o colapso da União Soviética, levou a décadas subsequentes de desenfreada desordem militar americana e guerras com impunidade. Pode-se ir mais longe e afirmar que os Estados Unidos e a sua gangue imperialista de potências são os herdeiros da tarefa do Terceiro Reich de conquistar a vasta massa de terra russa. As potências capitalistas ocidentais apoiaram a ascensão do Terceiro Reich, e apenas durante um breve período trocaram de lado para derrotar a Alemanha nazi em 1945, porque Hitler se tornara um vilão, só para as potências ocidentais retomarem rapidamente o objetivo histórico de vencer a Rússia sob o disfarce da Guerra Fria. A verdade é que a Guerra Fria nunca terminou. Porque a ordem de belicismo capitalista liderada pelos americanos nunca terminou. (E nunca haverá paz sob esta ordem).

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, num discurso ao Conselho de Segurança esta semana citou números a mostrarem que os EUA se envolveram em intervenções militares estrangeiras ilegais em mais de 250 ocasiões desde o fim ostensivo da Guerra Fria, há cerca de três décadas.

Pela sua parte, a China denunciou esta semana os Estados Unidos como o principal instigador de conflitos mundiais, alegando que 80% das guerras e hostilidades estrangeiras eram atribuíveis a acções encobertas e ostensivas americanas.

Nenhuma nação ultrapassou o número de golpes, operações de mudança de regime, assassínios em massa e assassinatos em comparação com os Estados Unidos. O seu regime no poder chegou mesmo a assassinar um dos seus próprios presidentes – John F Kennedy em 1963 – porque ele se opôs a objetivos imperialistas.

No mundo de conto de fadas que nos fazem acreditar os governos e os media ocidentais (uma minoria global iludida, deve-se notar), a guerra na Ucrânia é ridiculamente retratada como sendo para "defender a democracia e a liberdade". A realidade é que a Ucrânia se tornou uma de guerra de extorsão e de lavagem de dinheiro em que a banca e as indústrias indústrias estão a babar-se com os lucros facilitados por uma cabala corrupta em Kiev apoiada por paramilitares NeoNazis e mercenários da NATO que estão a matar civis russos. Um vídeo macabro surgiu esta semana mostrando assassinos fardados apoiados pela NATO a enforcar um homem e a sua mulher grávida na região de Lugansk, uma atrocidade confirmada pelo procurador do estado para a região.

Estima-se que até 200 mil soldados ucranianos tenham sido mortos durante o ano passado, enquanto que as Nações Unidas estimam que cerca de 7.200 civis tenham morrido. A Rússia afirma estar a tentar minimizar as baixas de civis.

Os Estados Unidos e os seus cúmplices da NATO estão a travar uma guerra imperialista "até ao último ucraniano" e a legar outro Estado fracassado, tal como o fizeram noutros locais como o Afeganistão, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iémen, entre outros. Desta vez, porém, o Império Americano está a empurrar uma guerra contra uma potência nuclear, a Rússia, que não vai recuar. Duas forças existenciais estão gradualmente a avançar frente a frente. E a maioria das pessoas percebe que os Estados Unidos e o seu empobrecedor sistema capitalista de guerra devem ser derrotados para que o mundo possa viver em paz.

24/Fevereiro/2023

Este editorial encontra-se em resistir.info

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