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Desde há muito os relatórios sobre o emprego do Bureau of Economic Analysis mostram que os empregos industriais e manufatureiros – empregos com elevado valor acrescentado e que produzem bons rendimentos – estão em declínio nos Estados Unidos. Desde há tempos os lucros das empresas americanas tem sido baseados no envio de empregos americanos para a Ásia, onde os custos laborais são mais baixos. O boom do mercado bolsista foi um produto das baixas taxas de juro, o que significou liquidez da Reserva Federal e da redução dos custos de mão-de-obra devido à deslocalização. Isto não foi sinal de uma economia americana dinâmica.
Atualmente, e desde há algumas décadas, os EUA são um mercado para os produtos das empresas americanas fabricados no estrangeiro ou transferidos para o estrangeiro. Os americanos foram separados do rendimento associado à produção dos produtos que consomem. Esta é a avenida para a existência no Terceiro Mundo.
As corporações americanas, sempre com perspectivas de curto prazo em função dos bónus trimestrais de desempenho, destruíram o futuro económico da América.
Durante anos, informei acerca dos relatórios de emprego, destacando nunca ter havido quaisquer ganhos de emprego de magnitude notável nos empregos industriais e da indústria manufatureira, onde os salários são bons. Ano após ano, os ganhos de emprego nos EUA, se foram reais, ocorreram nas vendas a retalho, na assistência social, nos empregados de mesa e de bar e na administração pública, onde não existe um elevado valor acrescentado.
Os economistas neoliberais, corretamente denominados por Michael Hudson como "economistas lixo" (junk economists), não se deram ao trabalho de reparar na destruição em curso da economia dos EUA. Ao invés disso, economistas comprados e pagos prometiam que haveria empregos mais bem pagos para os trabalhadores americanos os quais perdiam o seu sustento devido à deslocação para a Ásia da indústria manufatureira – chamados pelos economistas neoliberais de "empregos de unhas sujas".
Como salientei reiteradamente nas minhas colunas e no meu livro, The Failure of Laissez Capitalism, os melhores empregos prometidos nunca apareceram. Os economistas neoliberais da América simplesmente mentiram com todos os dentes à força de trabalho americana e deixaram-na a lutar pela existência.
O PRÓXIMO PASSO
O próximo passo no desastre económico em que se estão a tornar os Estados Unidos é o dólar americano. Servindo como moeda de reserva desde a Segunda Guerra Mundial, o dólar como reserva para os bancos centrais estrangeiros significou que os défices comerciais e orçamentais dos EUA são facilmente financiados pelos bancos centrais estrangeiros que detêm a dívida do Tesouro dos EUA. Os bancos centrais estrangeiros mantinham as suas reservas não em ouro, mas em obrigações líquidas do Tesouro dos EUA. Isto eliminou todos os problemas de financiamento do governo dos EUA, o qual nunca teve de se preocupar com os seus crescentes défices comerciais (devido à deslocalização da produção e da indústria) e orçamentais. Com efeito, os bancos centrais estrangeiros financiaram as guerras de Washington, bem como os seus défices.
Washington, num ato de inacreditável estupidez, está a conduzir os bancos centrais estrangeiros a afastarem-se da manutenção das suas reservas em títulos do Tesouro dos EUA, transformando em arma a divisa de reserva. Washington destruiu o seu poder com sanções económicas, confiscando as reservas em dólares do banco central russo e bloqueando a liquidação internacional de pagamentos dos países sancionados.
O resultado é que um número crescente de países está a deixar de usar o dólar americano para os seus pagamentos internacionais, utilizando em vez disso as suas próprias moedas ou as dos seus parceiros comerciais. A Rússia e a China também estão a manter as suas reservas em ouro.
Assim, o que aconteceu foi que a procura de dólares americanos para pagamentos internacionais está a diminuir, mas a oferta de dólares americanos proveniente dos crescentes défices comerciais e orçamentais não. A implicação é uma queda do valor de troca do dólar, uma vez que a oferta excede a procura.
Como resultado da deslocalização da sua produção, os EUA dependem das importações, pelo que um declínio no valor de troca do dólar significa um aumento do preço dos bens e serviços importados (por exemplo, as importações da Apple de computadores e iPhones fabricados na China são consideradas importações quando são comercializadas para clientes dos EUA). As importações da Apple agravam o desequilíbrio comercial dos EUA.
Um aumento da inflação devido à desvalorização do dólar significa uma redução do nível de vida dos residentes nos EUA.
O que o regime de Biden conseguiu alcançar foi a redução do poder dos EUA. O regime incompetente está a destruir o papel de divisa mundial do dólar americano, ameaçando assim o governo dos EUA com a incapacidade de financiar os seus défices comerciais e orçamentais.
O declínio do dólar pode ser lento. As sanções russas destruíram as economias europeias, e Washington e os seus aliados podem organizar ataques às moedas que são transacionadas nos mercados cambiais. No entanto, a utilização do dólar na liquidação de pagamentos internacionais já diminuiu substancialmente.
Ao invés de prestarem atenção à erosão das bases do poder dos EUA, os ideólogos membros do Partido Democrata estão concentrados na deslegitimação dos americanos brancos e na construção, com base nessa deslegitimação, de um governo unipartidário de "equidade", o que significa uma revolução contra uma sociedade baseada no mérito.
Não vejo qualquer grupo organizado a defender o documento fundador dos Estados Unidos do seu repúdio pelo Partido Democrata.
A minha conclusão é que os Estados Unidos estão a caminho do declínio económico, pois está a ser desatracado do seu documento fundador e a passar por uma revolução.
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