sábado, 23 de setembro de 2023

Todos serão presos

Mauro Cid (à esq.) e Jair Bolsonaro. Foto: Reuters
Mais à frente a classe trabalhadora irá tomar consciência de que o poder de fato, em verdade, é dela
Carlos D'Incao
www.brasil247.com/

Bolsonaro e seu clã, Moro, Dallagnol, militares golpistas de alto escalão, financiadores da anarquia, peixes grandes e pequenos, deputados federais, estaduais e vereadores fascistas… enfim… todos serão presos. Essa afirmação não é uma simples esperança, mas uma lei tendencial histórica. Vejamos:

A era petista de 2003 à 2016 fez as forças produtivas se desenvolverem de uma forma inédita em nossa História. Aqui não estamos falando sobre uma questão de magnitude, mas de uma questão qualitativa. O Brasil cresceu apostando sistematicamente no desenvolvimento do mercado interno, através do aumento de salários e renda da classe trabalhadora e também pelo crescimento da influência do país no sul global e com parcerias com os novos protagonistas da economia desse milênio, como a China, a Índia e a Rússia. 

Esse desenvolvimento tornou-se absolutamente favorável à nossa classe dominante. Foi um “presente” que a classe trabalhadora brasileira deu à burguesia brasileira - sempre incapaz de encontrar novos caminhos para crescer, sufocada com sua tacanha alienação somada com o pleno desconhecimento do funcionamento, em sua máxima potencialidade, do sistema que ela mesma se beneficia. 

O Brasil foi resgatado da falência, enfim, pela eleição de um ex-operário de um partido de esquerda que tinha mais lucidez do gerenciamento de uma República do que qualquer outro “bacharel” e seus partidos reacionários, que sempre haviam governado esse país.

Após 13 anos  ininterruptos de prosperidade, uma branda crise revelou o nível precário de civilidade e a plena estupidez de uma elite ainda com sua consciência presa na “Casa Grande” e na “senzala”. Uma presidente honesta foi deposta por essa elite através de um ridículo golpe de Estado, colocando no seu lugar um político farsante e abrindo as portas do esgoto bolsonarista. Tudo - como já foi apurado ao longo do nefasto inverno de 2016 à 2022 - em seu próprio prejuízo.

O único homem capaz de impedir a catástrofe - Lula - foi preso por um juíz e um punhado de procuradores tão entreguistas como ignóbeis. 

No universo cotidiano da alta burguesia era visível sua enorme celebração, regida pelos setores que - incumbidos historicamente para apontar o caminho das luzes para essa elite - traíram suas funções e se jogaram,  junto com os seus senhores, para o sétimo círculo do inferno. Estamos falando aqui da imprensa golpista, de juristas, advogados, membros do STF, intelectuais liberais e a própria classe politica representante do capital, até então dominada pelos tucanos (alguém lembra deles?). Enfim, a burguesia não tinha uma vanguarda intelectual.

Ao passar os limites da legalidade das instituições que ela mesma estabeleceu, a burguesia brasileira adentrou nas “águas nunca dantes navegadas” da anormalidade. E não há limites para aquilo que é anormal… A criminalização de toda a classe política foi acompanhada com inusitadas prisões de mega-empresários e multi-bilionários, ou seja, dos detentores não do poder político, mas os verdadeiros donos do poder. Todos foram torturados por prisões preventivas sem fim, em troca de delações e a aceitação da destruição de suas empresas e fortunas. Tudo sob a tutela de um rábula de Maringá que, por obra de um estranho milagre, se tornou juíz federal e quis destruir o país para vendê- lo barato para os EUA. 

Com os resultados finais das eleições de 2018, após 2 anos de caos, as urnas anunciaram o dilúvio…

Agora restaria novamente depositar a esperança de que a classe trabalhadora resgatasse mais uma vez o país da anarquia institucional. Um presidente delinquente havia assumido o governo e colocou na burocracia do Estado as mais repugnantes personagens já vistas na existência de nossa longa História da Civilização Ocidental.

Nesse intermédio, a “ficha começou a cair” e iniciou-se um processo de tomada de consciência da magnitude do erro que a elite havia cometido. Essa consciência se iniciou pela seguinte ordem: primeiramente no STF, depois na grande imprensa e finalmente em alguns setores pontuais da própria burguesia. 

Libertaram, enfim, Lula, depois de contínua pressão popular e a publicação do material hackeado dos celulares dessa quadrilha chamada “Lava-Jato”. Com Lula à frente, a classe trabalhadora minimamente consciente travou uma guerra que passou desde o combate ao fascismo até à luta contra os manicômios instaurados no governo e na sociedade civil - cooptada pelas desinformações sistemáticas das redes sociais. Vencemos. A grande imprensa, o STF e o TSE, ao longo desse processo, já não toleravam mais a baderna bolsonarista e sua guerra particular contra esses mesmos setores.

Prevaleceu a lei tendencial histórica: a classe trabalhadora, com sua dignidade, consciência e disposição, conseguiu mais uma vez salvar a civilização burguesa que naufragava em razão de sua própria irresponsabilidade. Lula voltou ao comando político do Poder Executivo. Em poucos meses a normalidade foi restaurada. Com simples medidas de gestão o país já começou a desobedecer as previsões pessimistas de crescimento do PIB, elaboradas pelas cabeças bovinas do FMI e repetidas pelas mulas sem-cabeça da Faria Lima. 

A tormenta acabou e a luz chegou aos olhos dos donos do poder. Sim, a história da burguesia é um contínuo aprendizado com a classe trabalhadora, pois os pobres não possuem o luxo de se tornarem psicóticos, perversos e degenerados moralmente. 

Chegamos, enfim, na hora do acerto de contas. O poder de fato vai avançar na reorganização de sua própria sociedade. A prioridade número um é colocar na jaula a cachorrada imunda e incorrigível da extrema-direita, que delirava tomar o poder com um golpe de Estado sob o escudo dos pés de chinelo das forças armadas e com as súplicas dos “patriotários” das portas dos quartéis. 

A 5ª sinfonia de Beethoven já começou a tocar forte no STF. Os “patriotários” de Instagram, que depredaram os prédios dos 3 poderes, já puxaram, de pronto, penas elevadíssimas. Aos comandantes da anarquia pós-2016 até o nefasto 8 de janeiro, a proporcionalidade da pena será aplicada. O mínimo que teremos é trinta anos de reclusão obrigatória e expropriação de seus bens e patrimônios, obtidos de forma claramente ilegais. 

A luta política com a extrema-direita começa a assumir um carácter pedagógico nas mãos da alta burguesia: “Quem foi o juizeco e procuradores que ousaram colocar bilionários na cadeia e tentaram destruir suas empresas forjando e falsificando provas ilegais?”; “Quem é essa família “Bolsonada” que ousou confrontar a Rede Globo?”; “Quais foram os pastores que ousaram atacar a Suprema Corte?”; “Quais foram os generais que tentaram derrubar o Estado de Direito?”… e por aí vai…

Com o fio da meada em mãos, os donos do poder vão disciplinar esses delinquentes de forma impiedosa, pois impiedosos é o que são. Quem ouviu o silêncio ou conseguiu farejar que cabeças vão rolar, já desapareceu da cena… Alguém viu Luciano Hang, vulgo “Véio da Havan”, aparecer? Alguém ouviu algum comentário recente de Edir Macedo? Alguns já tomaram consciência de que o melhor é retornarem para o esgoto de onde surgiram. 

A lei tendencial histórica será aplicada. O Brasil precisa desenvolver seu mercado interno, a pobreza extrema não interessa mais para a  burguesia brasileira, a construção de uma sólida soberania e controle das forças produtivas locais se converte como piso de ganho de capital para nossa elite - que entendeu que os países imperialistas estão caminhando para uma era de decadência e instabilidade em razão de seus próprios erros históricos. Aliás, o mundo desenvolvido não possui uma hegemonia da classe trabalhadora sob condições de resgatar suas próprias nações… ali, a classe trabalhadora está demasiadamente emburguesada, mais propensa a abraçar o colapso do que superá-lo. 

Aqui a burguesia começa a compreender que é melhor ter o aeroporto “como se fosse rodoviária” do que ter o aeroporto como se fosse cemitério. Vai ter que engolir seco seus preconceitos históricos. Depois que retirar da cena política as forças infernais que ela mesma invocou, a elite e o povo brasileiro começarão a prosperar com estabilidade política. Mais adiante um novo conflito surgirá sob a forma explícita de luta de classes. Mas ainda é cedo.

Por hora, nos deleitemos com o extermínio da extrema-direita, com a certeza de que todos serão presos e que tem cela pra todos eles… para que possam vislumbrar em vida a insignificância de suas existências e de quão rapidamente serão todos esquecidos.

De tudo isso que fique muito bem destacado as leis que acompanharam esse processo de crise até a restauração de 2023:

O poder de fato prevalece sempre sobre o poder ilusório. Essa é a lei. 

As forças produtivas sempre salvam a humanidade da catástrofe. Essa é a lei. 

Quando a classe dominante não consegue dirigir, com o mínimo de consciência, as relações de produção que ela mesmo herdou em um longo processo histórico-dialético, ela não é mais propulsora do progresso, mas obstáculo para o mesmo. Essa é a lei.

Mais à frente a classe trabalhadora irá tomar consciência de que o poder de fato, em verdade, é dela. Poderá demorar, mas esse dia inevitavelmente tem o dever de chegar. Essa é a lei.

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