sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Governo DDD de Tarcísio: desarticulado, deficiente e decepcionante

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/EBC)

"Tarcísio tem obsessão em ceder à iniciativa privada o patrimônio do Estado", denuncia

Antonio Donato
www.brasil247.com/

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo Tarcísio de Freitas, que batizou sua gestão de “Governo 3 D (Desenvolvimento, Dignidade e Diálogo)” fez malabarismo para enaltecer seu trabalho, de quase nenhum resultado prático. Só foi sincero ao reconhecer a dificuldade de governar para todos. De fato, é o que demonstrou ao longo deste ano: dificuldade em implantar programas inovadores à altura de São Paulo e dificuldade em melhorar a vida dos paulistas.

Tarcísio tem obsessão em ceder à iniciativa privada o patrimônio do Estado, projeto que alega ter sido referendado nas urnas, embora não conste uma linha a respeito no programa de governo que apresentou na eleição. Despendeu tempo e energia com isso, relegando ao segundo plano outras tarefas importantes.

Depois de gastar muita verba e verbo obteve autorização para privatizar a SABESP, mesmo sem apresentar um projeto sólido e estruturado, com ao menos alguma estimativa de valor para a venda de ações. Vale ressaltar os estudos milionários e de qualidade duvidosa contratados sob o guarda-chuva da International Finance Corporation- IFC, mas, na verdade, realizados por consultorias empresariais da Faria Lima. A grande bandeira nessa pauta era a redução da tarifa de água e esgoto, promessa que caiu por terra alguns dias após a aprovação do projeto, ficando patente o estelionato que praticou contra o povo de São Paulo.

As poucas moradias entregues são de projetos de gestões anteriores. Na saúde, mais de quatro mil leitos estão inativados; ou seja, toda a infraestrutura hospitalar está disponível, mas o governo é incapaz de abrir os leitos, seja por falta de recursos humanos ou por mera incompetência administrativa.

Na educação, muitas trapalhadas. Seu secretário, um empresário do ramo de eletrônicos, tentou eliminar os livros impressos e instituir à força uma digitalização desastrosa do ensino. Foi impedido pela mobilização da sociedade e dos órgãos de controle. Outra aberração é o projeto para emendar a Constituição estadual e reduzir de 30% para 25% os gastos em educação.

Quanto à segurança pública, vivemos um período de notável insegurança. Os indicadores apontam aumento nos furtos e estupros em relação ao mesmo período de 2022. Cidades do Litoral paulista sofrem com a onda de violência e ações desastrosas das forças policiais. Na capital paulista, caminhar com segurança tornou-se tarefa difícil. E a Cracolândia? Em janeiro, seu secretário de Segurança anunciou que em seis meses haveria “mudança drástica para melhor”. A situação da região, porém, só piorou.

A desigualdade social só faz crescer. Dados recentes mostram que, de maio a outubro deste ano, a população em situação de rua aumentou cerca de 15%. Quase cem mil pessoas vivem em situação de rua no estado de São Paulo, dado que não apareceu no balanço do governador.

Na área de mobilidade é lamentável a situação do transporte sobre trilhos. O serviço operado pela Via Mobilidade é mal avaliado. A concessionária retardou investimentos, mesmo recebendo mais recursos do que a CPTM e o Metrô, e quem paga a conta do péssimo serviço é o usuário.

Quanto às obras de infraestrutura mencionadas pelo governador, Tarcísio esconde que recebeu das mãos do presidente Lula cheque de R$ 10 bilhões para obras do trem entre São Paulo e Campinas e para expansão da Linha 2 do metrô. Estes dois projetos e o túnel de ligação entre Santos e Guarujá, por exemplo, contarão com investimentos majoritários do Novo PAC, que, por sinal, destinará quase R$ 180 bilhões para o estado de São Paulo.

Ao concluir um ano de mandato fica evidente que o balanço feito por Tarcísio não passa de retórica vazia. Seu projeto de entregar o patrimônio do Estado à iniciativa privada, vendido como a solução para problemas estruturais, revela-se uma miragem. A insegurança pública crescente, o aumento da desigualdade social e a ineficiência em setores cruciais como transporte público, saúde e educação, deixam um panorama desalentador para os paulistas. Tarcísio mostrou-se até agora chefe de um governo desarticulado, deficiente e decepcionante.

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