quinta-feira, 15 de agosto de 2024

As Guerras Eternas se transformam em Guerra DO Terror

O presidente russo, Vladimir Putin, preside reunião virtual com autoridades de segurança e governadores regionais para discutir a situação no sul do país em uma residência nos arredores de Moscou, Rússia 12/08/2024 (Foto: Sputnik/Gavriil Grigorov/Kremlin via REUTERS)

"Trata-se de uma demonstração muito simples. Permita-me apresentar apenas duas provas documentais: A e B", escreve Pepe Escobar

Pepe Escobar

A estarrecedora confirmação veio diretamente do vice-primeiro-ministro russo Ryabkov, durante uma entrevista bastante reveladora para a Rossiya TV. O extremamente competente Ryabkov, é também o principal sherpa russo para o BRICS+, que vem preparando a cúpula de outubro próximo, em Kazan.

Essencialmente, a inteligência russa descobriu que a inteligência de Kiev estava preparando o duplo assassinato do presidente Putin e do ministro da Defesa Belousov durante a parada do Dia da Marinha, no final do mês passado, em São Petersburgo.

Ryabkov foi muito cauteloso, já que se trata de uma questão de segurança nacional, envolvendo várias agências importantes. Quando perguntado diretamente se “uma ação estava sendo preparada na Parada Naval Principal” contra Putin, Ryabkov não foi explícito: ele apenas reconheceu a presença de “uma certa conexão com esse tipo de evento” – de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Ryabkov chamou essa provocação preparada por Kiev de um episódio “muito alarmante”, planejado em conexão “com nossos eventos internos a fim de infligir o máximo de danos e obter o máximo efeito de mídia de que precisam”.

O intrigante é de que forma o enredo se desenvolveu.

Normalmente, teríamos Bortnikov (FSB) ou Patrushev (conselheiro especial de Putin) pegando o telefone e ligando para Burns, da CIA, para pedir uma explicação séria.

Nesse caso, foi muito mais barra-pesada. O próprio Belousov ligou para o chefe do Pentágono, o mercador de armas Lloyd “Raytheon” Austin, e disse a ele, em termos inequívocos, que para apertar a coleira dos capangas de Kiev – senão…

Imaginemos, então, como soaria a transcrição da dura mensagem russa.

Como Andrei Martyanov observou, Belousov deve ter dado detalhes sobre como Kiev simplesmente deixaria de existir – e, no devido tempo, " também o D.C.”, caso os americanos decidirem autorizar o ataque.

Ryabkov também se referiu a “alguns outros países” que teriam feito parte do pacote. Traduzindo: britânicos e poloneses.

O que essa pequena história nos diz é que Moscou, finalmente, parece estar entendendo que não há como lidar racionalmente com entidades terroristas, exceto jogando-lhes na cara, da forma o mais cortês possível, que, caso certas condições venham a se configurar, elas serão incineradas sem piedade.

Prova B

Esta diz respeito à demência cósmica que permeia o Projeto Sionista.

Além do inestimável Alastair Crooke, que chamou a atenção de todos para o que realmente está em jogo, apenas algumas poucas pessoas em todo o Ocidente coletivo fazem alguma ideia da “longa nuvem negra” que pode estar desabando, para citar Dylan.

Isso vai muito além de o governo de Tel Aviv “perder o controle sobre a extrema direita”.

Corte para os principais trechos de uma entrevista com Moshe “Bogie” Ya’alon, ex-chefe de gabinete da IDF e também ex-ministro da Defesa:

“Quando se fala sobre Smotrich e Ben Gvir: eles têm um rabino. Seu nome é Dov Lior. Ele é o rabino do submundo judaico, que pretendia explodir o Domo da Rocha e, antes disso, os ônibus em Jerusalém. Por quê? Para apressar a ‘Última Guerra'”.

Tradução: os dois membros mais radicais do gabinete de Netanyahu seguem o mesmo rabino que quer explodir a mesquita Al-Aqsa para reconstruir o Templo Judaico, expulsar ou matar todos os palestinos e sair vitorioso em um Armagedom vindouro.

Ya’alon, então, entrega o xis da questão: “Esse conceito se baseia na supremacia judaica: "Mein Kampf pelo avesso”. Nesse caso, “uma guerra de Gog e Magog”. Ya’alon acrescenta: “É isso que entra no processo de tomada de decisões do governo israelense”.

A verdade nua e crua: um culto escatológico e ultrarraivoso vem ditando a política em Tel Aviv, o quartel-general de um sistema genocida de ocupação colonial – contando, inclusive, com uma maciça milícia de agentes privados, ou milícias interligadas, de centenas de milhares de colonos armados até os dentes, incontroláveis e prontos para seja o que for, até mesmo atacar os militares e o próprio Estado israelense.

Não há, absolutamente, maneira de conversar ou argumentar com essa multidão fanática. Eles só podem ser tratados de uma maneira precisa. E o fato é que o Eixo de Resistência não chegou lá – ainda.

Mein Kampf pelo avesso encontra o Eixo de Resistência.

As provas A e B, tomadas conjuntamente, demonstram que as guerras eternas do Império estão se metastizando em uma contínua guerra de terror, indo desde minigenocídios dentro do genocídio maior em Gaza até uma série de assassinatos direcionados– de Beirute a Teerã e ataques a civis de Belgorod a Kursk.

Apesar de todas as expectativas da Maioria Global de o Eixo de Resistência vir a submeter os psicopatas talmúdicos a humilhações severas, no momento estamos testemunhando apenas o espetáculo dos persas demonstrando sua mestria em Sun Tzu.

Operações psicológicas, ambiguidade estratégica, jogo de espera: a aplicação de Sun Tzu pelo Irã é impecável – e está deixando os psicopatas talmúdicos e seus facilitadores excepcionalistas absolutamente loucos.

Enquanto isso, no front ucraniano, um novo senso de urgência pode finalmente se tornar inevitável. Dmitry Medvedev, mais sem censura que nunca, deu o tom: de agora em diante, vamos partir para o vale-tudo:

“De agora em diante, a Operação Militar Especial deve assumir um caráter abertamente extraterritorial. Não se trata mais apenas apenas uma operação para retomar nossos territórios oficiais e punir nazistas. Podemos e devemos avançar para as terras do que ainda resta da Ucrânia. Avançar para Odessa, para Kharkov, para Dnepropetrovsk, para Nikolaev. Para Kiev e mais além. O fato de alguém reconhecer determinadas fronteiras do Reich Ucraniano não deve nos restringir. E, agora, podemos e devemos falar sobre isso abertamente, sem constrangimentos nem reverências diplomáticas. A operação terrorista dos banderistas deve eliminar todo e qualquer tabu relativo a esse tópico. Que todos, inclusive os ingleses filhos da mãe, percebam isso: só pararemos quando o considerarmos aceitável e benéfico para nós mesmos.”

Agora, portanto, estamos nos aproximando rapidamente do momento de suspense “mostre-me o dinheiro”. Tanto o Eixo de Resistência quanto a Rússia Cristã Ortodoxa precisam intensificar o jogo. Radicalmente. Caso contrário, as guerras de terror entrelaçadas podem se tornar sinistramente incontroláveis.



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