terça-feira, 5 de novembro de 2024

Os 228 anos de farsa eleitoral nos Estados Unidos

Fontes: Tiempo Argentino - Imagem: Manifestantes do lado de fora da Convenção Nacional do Partido Democrata em Chicago, 19 de agosto de 2024, repudiam o apoio do governo democrata ao genocídio em Gaza (Cartaz: “Abandonamos Harris – 2024”). Foto: Marco Bello/Reuters


A farsa começa um ano antes das eleições presidenciais, quando os eleitores são chamados a escolher quem será o candidato de cada partido e na realidade o que escolhem são os membros de uma convenção que fará então o que for melhor para a superestrutura partidária. Foi o que aconteceu este ano com os democratas, que optaram pela reeleição de Joe Biden e quando viram que ele estava escorregando mentalmente, trocaram-no por Kamala Harris

Na terça-feira, 5 de novembro, os 336 milhões de americanos participarão, votando ou assistindo a votar, na eleição do novo presidente do país mais poderoso do mundo. Aquele que dirá onde começará e quando terminará a próxima guerra. Aquele que indicará qual será o próximo governo a derrubar e ordenará os novos bloqueios econômicos e genocidas onde houver um povo disposto a defender sua soberania. Aquele que se apresenta como farol das liberdades e guardião das democracias, embora tenha cada vez menos o que mostrar para ambas. Os adivinhos do establishment e a mídia dizem que esta é a eleição mais disputada da história recente. Que Kamala Harris e Donald Trump estão empatados.

Segundo acadêmicos e estudiosos de diversas formações, dadas as características do modelo aplicado para eleger o presidente, essa referência ao empate técnico não tem valor para imaginar quem será o novo inquilino que abrigará a Casa Branca a partir de janeiro de 2025 e para o quatro anos seguintes. Por que tal tapa? Simplesmente porque durante 228 anos (1796), e desde então, não ocorreu a ninguém mudar as coisas e respeitar a vontade soberana dos cidadãos, como diz o credo democrático ocidental e cristão, o sistema eleitoral não tem em conta, uma vez que , sempre, o voto popular. Simples assim, não valoriza a opinião dos cidadãos.

A farsa começa um ano antes das eleições presidenciais, quando os eleitores são chamados a escolher quem será o candidato de cada partido e na realidade o que escolhem são os membros de uma convenção que fará então o que for melhor para a superestrutura partidária. Foi o que aconteceu este ano com os democratas, que optaram pela reeleição de Joe Biden e quando perceberam que ele estava escorregando mentalmente, trocaram-no, manu militari, por Kamala Harris. O jogo se repete mais tarde em eleições como a de terça-feira, em que será escolhido um Colégio Eleitoral que designará o futuro presidente, não importa quem obtenha mais votos, o democrata Harris ou o republicano Trump.

O Colégio é composto por 538 delegados que são, na realidade, os verdadeiros eleitores. Nas urnas, os eleitores escolhem um dos candidatos, mas não é o candidato que recebe o voto, mas sim o grupo de “notáveis” designado pelo partido. A eleição dos delegados não é proporcional, é tudo ou nada. Quem obtiver mais votos, mesmo que apenas um, leva o número total de delegados de cada estado (50 mais o distrito federal de Columbia). O candidato que, deste pool, for o beneficiário dos primeiros 270 votos do Colégio (metade mais um), ganha como prêmio a Presidência da União.

Um prêmio conquistado pelo voto indireto antidemocrático, modalidade já extirpada da democracia global.

A democracia feita nos EUA não é imperfeita nem enganosa. É uma farsa, assim se pensa, que não corrigiram nem esconderam depois de mais de dois séculos de existência. Como o número de delegados do Colégio é par, três vezes na história aconteceu que cada um dos candidatos obteve 269 membros. Como eles consertaram isso? Resolveram a “imprevisibilidade” passando a bola para a Câmara dos Representantes, que tem competência para conceder a presidência a um dos dois candidatos ou, caso não haja compromisso possível, nomear um terceiro retirado da galera dos compromissos. Alguém que nunca esteve na cabeça de ninguém, levando adiante, mais uma vez, a chamada “vontade soberana do povo”.





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