Canal do Panamá - 1/2/2025 (Foto: REUTERS/Enea Lebrun)
BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, está comprando portos ao redor do Canal do Panamá, depois que Donald Trump ameaçou o país latino-americano
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Originalmente publicado por Geopolitical Economy Report em 6 de março de 2025
O governo de Donald Trump deixou claro que os dois principais objetivos dos EUA são enfraquecer a China e fortalecer Wall Street.
A pequena nação centro-americana do Panamá encontrou-se no centro da estratégia de Trump.
Em seu discurso de posse, em 20 de janeiro, o presidente dos EUA alegou falsamente que "a China está operando o [Canal do] Panamá", e insistiu que "nós o retomaremos". Em uma coletiva de imprensa duas semanas antes, Trump insinuou que estava disposto a usar força militar para tomar o canal caso o Panamá se recusasse a conceder controle efetivo aos Estados Unidos.
Em 4 de março, foi anunciado um acordo no qual um consórcio liderado pelo gigante de Wall Street BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, compraria os portos em ambos os lados do Canal do Panamá.
A Associated Press observou que esse acordo colocará "efetivamente os portos sob controle americano".
O governo bilionário de Trump
Há pelo menos 13 bilionários no governo Trump, incluindo o próprio presidente, assim como o oligarca mais rico do mundo, Elon Musk.
Musk gastou pelo menos US$ 288 milhões financiando as campanhas políticas de Trump e de outros republicanos de extrema direita na eleição de 2024, o que fez dele o maior doador individual nos Estados Unidos, segundo o Washington Post.
Outro grande doador da campanha de Trump em 2024 foi Stephen Schwarzman, o bilionário CEO da Blackstone, a maior gestora de ativos alternativos do mundo. Schwarzman é um dos executivos mais bem pagos de Wall Street. Somente em 2024, ele ganhou US$ 1,6 bilhão em salário e dividendos.
A Blackstone é a maior proprietária de imóveis residenciais nos Estados Unidos, possuindo mais de 300.000 unidades habitacionais.
Embora sejam empresas de serviços financeiros distintas, a BlackRock detém uma participação de 6,7% na Blackstone.
A BlackRock também administra o maior fundo de Bitcoin do mundo. No final de fevereiro, a BlackRock adicionou seu ETF de bitcoin aos seus portfólios-modelo. Poucos dias depois, Trump anunciou que a sua administração criará uma "Reserva Estratégica de Criptomoedas", permitindo que o governo dos EUA efetivamente garanta o bitcoin e outras criptomoedas para evitar quedas drásticas nos preços, reduzindo assim a volatilidade e beneficiando grandes investidores institucionais em Wall Street.
Mirando a China, Marco Rubio busca impor a Doutrina Monroe colonial na América Latina
Para comandar o Departamento de Estado dos EUA, Donald Trump escolheu o falcão de guerra Marco Rubio, um neoconservador linha-dura que mantém laços estreitos com a direita latino-americana.
A primeira viagem internacional de Rubio como secretário de Estado foi ao Panamá, onde ele ameaçou a nação centro-americana por suas relações com a China.
A administração Trump exigiu que o governo panamenho forçasse a empresa CK Hutchison Holdings, sediada em Hong Kong, a vender sua participação nos portos ao redor do canal.
Imediatamente após a viagem de Rubio, o Panamá retirou-se da iniciativa global de infraestrutura da China, a Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative).
BlackRock compra o mundo
Em um discurso ao Congresso dos EUA em 4 de março, Donald Trump se gabou:
"Para reforçar ainda mais a nossa segurança nacional, meu governo irá recuperar o Canal do Panamá. E já começamos a fazê-lo."
"Hoje mesmo, uma grande empresa estadunidense anunciou que está comprando ambos os portos ao redor do Canal do Panamá, e muitas outras coisas relacionadas ao Canal do Panamá, e alguns outros canais."
Trump não nomeou a "grande empresa estadunidense", mas era a BlackRock — liderando um consórcio que inclui a sua subsidiária Global Infrastructure Partners.
A BlackRock é a maior empresa de investimentos do mundo. No quarto trimestre de 2024, administrava um recorde de US$ 11,6 trilhões em ativos.A Associated Press relatou que o consórcio liderado pela BlackRock agora controla pelo menos 43 portos em 23 países.
A BlackRock desfruta de uma relação muito próxima com o governo dos EUA, tanto sob democratas quanto republicanos.
A Bloomberg relatou que Larry Fink, CEO bilionário da BlackRock, ligou pessoalmente para Trump e pediu a sua ajuda para comprar os portos do Canal do Panamá.
O Yahoo News observou que "o acordo do Canal do Panamá da BlackRock é a mais recente vitória para Larry Fink no forte início da era Trump".
Rubio busca impor a Doutrina Monroe na América Latina, mirando a China
Para comandar o Departamento de Estado dos EUA, Donald Trump escolheu Marco Rubio, um neoconservador linha-dura aliado da extrema direita latino-americana.
A administração Trump exigiu que o governo panamenho forçasse a empresa de Hong Kong CK Hutchison Holdings a vender a sua participação nos portos ao redor do canal.
Imediatamente após a viagem de Rubio, o Panamá se retirou da Iniciativa do Cinturão e Rota da China.
Rubio argumentou que os EUA precisam se reindustrializar, investir pesadamente em indústrias militares e remover a China das cadeias de suprimentos para se preparar para uma possível guerra futura.
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