Os senadores 'democratas' ajudaram o esquema
golpista: queriam apenas ocupar espaço na mídia conservadora com mentiras sobre
a Venezuela.
Mário Augusto Jakobskind* - Correio do Brasil / www.cartamaior.com.br/
Mais uma jogada montada pela CIA para encurralar a
Venezuela e também pressionar o governo brasileiro a se posicionar contra um
país independente ocorreu nestes dias.
Vale lembrar que no próximo dia 30 de junho vai ter
encontro Dilma-Obama em Washington e nada melhor para os gringos que fazer com
que se pressione a presidenta a se posicionar contra a Venezuela.
Aécio Neves Cunha, o derrotado, está querendo
cobrar do governo que se posicione pelo afastamento da Venezuela do Mercosul.
Tudo que a direita já tinha tentado e não conseguiu. E os argumentos agora são
ridículos e revelam o caráter dos parlamentares que foram a Caracas para ocupar
espaços midiáticos e cumprir pautas.
Os senadores “democratas”, conscientemente ajudaram
o esquema golpista. Foram ridículos, sem dúvida, mas cumpriram um papel que já
tinha desempenhado o “socialista” Felipe González e Cia ltda. na Venezuela.
Os oito senadores, integrantes da bancada de
direita que também seguiram a mesma pauta, nunca se preocuparam com os
verdadeiros desrespeitos aos direitos humanos, inclusive no Brasil, onde a
polícia age de forma truculenta em bairros pobres de várias cidades
brasileiras.
Se tivessem essa preocupação em outras regiões
poderiam ir aos Estados Unidos tentar encontrar com o preso político,
integrante do grupo Pantera Negra, Mumia Al Jamal, mofando em uma penitenciária
há 40 anos, acusado de um crime em que já foi inocentado por testemunhas.
Mas Aécio Neves Cunha e seus parceiros de aventura
provocadora preferem apoiar a redução da maioridade penal para 16 anos, como se
dessa forma se resolvesse a questão da violência. São parceiros de outro Cunha,
o Eduardo, o presidente da Câmara dos Deputados que ainda está sendo
investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal e ocupa espaços
midiáticos para dizer que é inocente etc e tal, como aconteceu em outros
processos em que foi acusado de corrupção,
um deles o da Companhia Estadual (Rio) de Habitação (CEHAB), que
conseguiu se safar por decurso de prazo.
Caso os oito parlamentares se importassem mesmo com
os direitos humanos, poderiam se interessar também pelos presos, há mais de uma
década e sem julgamento, na base de Guantánamo.
Claro que não farão isso, porque querem ocupar
espaço na mídia conservadora com mentiras e meias verdades sobre a Venezuela. E
ainda por cima posando de vítimas de pedradas que ninguém viu, até mesmo menos
nas imagens tiradas e divulgadas pelos próprios parlamentares.
O episódio na Venezuela mostrou muito bem o papel
manipulador da mídia de mercado. Os oito senadores ganharam muito espaço e
continuarão assim durante dias. Vão tentar prosseguir com suas mentiras até
pelo menos o encontro Dilma-Obama.
Convenhamos se formos analisar quem são as oito
figuras da oposição de direita que foram a Caracas, do próprio Aécio Neves
Cunha, ao Ronaldo Caiado, passando por Ricardo Ferraço, Aloysio Nunes, Cassio
Cunha Lima, José Agripino, José Medeiros e Sérgio Petecão podemos concluir que
de democratas eles não têm absolutamente nada. Muito pelo contrário. Aécio
Neves Cunha até hoje não se conforma com o resultado da eleição presidencial
que lhe impôs uma derrota e tenta desestabilizar o governo para ver se consegue
galgar ao poder para entregar tudo de vez.
Ronaldo Caiado é um dos fundadores da União
Democrática Ruralista (UDR), de extrema direita, que nada tem de democrática.
O José Agripino é o parlamentar que cobrou de Dilma
Rousseff porque ela mentiu quando foi
presa e torturada. Tortura promovida pela ditadura, que Agripino apoiou
de cabo a rabo.
Ainda tem o patético Aloysio Nunes Ferreira,
ex-motorista do revolucionário Carlos Marighela. O senador paulista há tempos
bandeou-se para a direita e é um dos mais raivosos e surtados. Precisa dizer
mais alguma coisa? O restante é o restante.
Os senadores na prática se prestaram ao papel de
linha auxiliar da CIA e ainda se dizem democratas desde criancinha. Vão
continuar nessa tarefa juntamente com alguns colunistas de sempre.
Os oito senadores foram hostilizados por
venezuelanos que não aceitam intromissão em assuntos internos do país, ainda
mais por gente da estirpe dos parlamentares brasileiros.
E vamos acabar de uma vez por todas com esta
história de que o que aconteceu em Caracas foi contra o Brasil. Não foi, mas
sim resultou em uma ação coordenada que promete render pelo menos até o fim do
mês. Um dos itens da pauta, por sinal, foi o de criar problemas no
relacionamento Brasil-Venezuela,
A mídia conservadora continua dando o ar de sua
graça em coordenação com outros periódicos que integram o grupo Diário das
Américas.
Em suma, os “democratas” venezuelanos que estão
presos são acusados de tentarem derrubar o presidente constitucional Nicolás
Maduro e promover vandalismo que resultou em dezenas de mortes.
É uma questão de política interna e se o jogo do
conservadorismo e do golpismo ao estilo Aécio Neves Cunha prevalecesse, o
Brasil e demais países da América Latina retornariam à condição de quintal ou
pátio traseiro dos Estados Unidos.
No final das contas é este o objetivo da oposição
de direita brasileira, venezuelana e de onde quer que seja.
Pode-se imaginar o que aconteceria no Brasil e na
América Latina se fosse eleito Aécio Neves Cunha?
Cunha é o sobrenome de Aécio. Vem do pai, um
político apoiador incondicional da ditadura, militante da famigerada Aliança
Renovadora Nacional (ARENA).
Aécio prefere omitir o seu verdadeiro sobrenome
para que os menos informados lembrem-se apenas do avô, Tancredo, um conciliador
histórico. Aécio Neves Cunha é o anticonciliador. Prefere agora se tornar um
provocador latino-americano fazendo na prática o jogo do Departamento de Estado
norte-americano.
*Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor,
correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa
Brasil de Comunicação (TvBrasil). Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados
na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.
Créditos da foto: Marcos Oliveira / Agência Senado
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