O Jornal da Globo ultrapassou
todos os limites da manipulação no sentido de execrar com a Petrobras, puro
charlatanismo e economia de botequim.
J. Carlos de Assis* // www.cartamaior.com.br
O noticiário da Globo é
tendencioso. Ninguém que seja medianamente informado pensará diferente.
Entretanto, não sei se as vítimas desse noticiário perceberam que no afã de
denegrir o Governo, o que está perfeitamente dentro de suas prerrogativas de
imprensa livre, a Tevê Globo, sobretudo nas pessoas dos comentaristas William
Wack e Carlos Sardenberg, passaram a atacar o Estado brasileiro, o que sugere
crime de lesa-pátria.
O Jornal da Globo de ontem,
terça-feira, ultrapassou todos os limites da manipulação no sentido de execrar
com a Petrobras através de uma análise distorcida de fatos e estatísticas. Os
dois comentaristas tomaram por base valor de mercado, comparando-o com dívidas,
para sugerir que a empresa está quebrada. É puro charlatanismo, economia de
botequim, violação das mais elementares regras de jornalismo sério.
Valor de mercado não mede valor
de empresa; é simplesmente um indicador de solvência de ações num dia no
ambiente ultra-especulativo de bolsas de valores. O que mede o valor real de uma
empresa é seu patrimônio comparado com seu endividamento. As dívidas que a
Petrobras contraiu para suas atividades produtivas, notadamente do pré-sal, são
muitíssimo inferiores a seu patrimônio, no qual se incluem bilhões de barris
medidos de óleo do pré-sal.
Evidentemente que os dois
comentaristas da Globo torcem para que o petróleo fique por tempo indefinido
abaixo dos 45 dólares para inviabilizar o pré-sal brasileiro. Esqueçam isso. É
uma idiotice imaginar que a baixa do petróleo durará eternamente: a própria
imprensa norte-americana deu conta de que os poços em desenvolvimento do óleo e
do gás de xisto, os vilões dos preços baixos, tem um tempo de vida muito
inferior ao que se pensava antes.
É claro que o preço baixo do
petróleo tem um forte componente geopolítico a fim de debilitar, de uma tacada,
a economia russa, a economia venezuelana e a economia iraniana – e muito
especialmente a primeira. Mas o fato é que atinge também empresas americanas
que entraram de cabeça no xisto, assim como países “aliados” que produzem
petróleo. No caso do pré-sal, ele só se tornaria inviável no mercado
internacional com o barril abaixo de 45 dólares.
Os ataques dos dois comentaristas
da Globo à Petrobras têm endereço certo: é parte de uma campanha contra o
modelo de partilha de produção do pré-sal sob controle único da Petrobras,
contra a política de conteúdo nacional nas encomendas da empresa e contra a
contratação das grandes construtoras brasileiras para os serviços de construção
de plataformas e outras obras civis, principalmente de refinarias.
Esses três pontos foram
assinalados no discurso de Dilma como inegociáveis. É uma decisão de Estado,
não apenas de Governo. Sintomaticamente, os dois comentaristas da Globo sequer
mencionaram esses pontos. Preferiram dar destaque maior ao noticiário pingado
da Lava Jato, que, cá pra nós, já está ficando chato na medida em que não tem
nada realmente novo, mas simples repetição à exaustão de denúncias anteriores.
P.S. Talvez os dois comentaristas
teriam maior simpatia pela Petrobras se parassem para dar uma olhada nos
anúncios televisivos sobre a performance vitoriosa da empresa, e que ela está pagando para serem exibidos na
Globo, para mim de forma absurda e injustificável.
*Economista, doutor pela
Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
Créditos da foto: Montagem feita
com fotografia da Agência Senado
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