A força-tarefa da Lava-Jato emprega meticulosamente os
procedimentos totalitários incensados pelo Juiz Moro.
Jeferson
Miola // www.cartamaior.com.br
A Lava-Jato realizou seu desejo estratégico, de colocar as
garras em Lula. Desde o início, a Operação foi uma construção inteligentemente
arquitetada para atingir Lula e, desse modo, o PT, o governo Dilma e o conjunto
da esquerda brasileira.
O roteiro da Operação foi traçado pelo Juiz Sérgio Moro em
artigo escrito em 2004 [Considerações sobre a “Mani Pulite”], no qual ele
exorta [i] a subversão autoritária da ordem jurídica para atingir alvos e
objetivos específicos, e [ii] o uso da imprensa para a intoxicação da atmosfera
política.
A força-tarefa da Lava-Jato emprega meticulosamente os
procedimentos totalitários incensados pelo Juiz Moro no artigo, como a prisão
prévia à condenação, o recorte seletivo da investigação, e a delação premiada –
método de tortura e chantagem para obter confissões que incriminem
adversários.
As arbitrariedades cometidas contra a ordem jurídica e
democrática por setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal
foram ganhando legitimidade através da força abrumadora e intimidadora da mídia
hegemônica que naturaliza os abusos jurídico-policiais. Reivindicar o devido
processo legal, por exemplo, virou sinônimo de cumplicidade com corrupção.
O condominio jurídico-midiático-policial, integrado por
setores do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e o conjunto
da mídia hegemônica [capitaneada sobretudo pelos grupos Globo, Folha e Estado
de São Paulo], é uma via aberta do neo-fascismo.
A ação perpetrada hoje contra Lula é uma violência
equiparável ao golpe civil-militar contra Jango em 1964, com a diferença que
desta vez os reacionários golpistas não estão armados; trajam togas e uniformes
de Rambo – porém, tal como naquela época, contam outra vez com a conivência
decisiva das famílias Marinho, Frias, Mesquita no empreendimento golpista.
Os perpetradores do ato fascista contra o ex-presidente Lula
estranhamente levaram-no para depor no Aeroporto de Congonhas, e não na sede da
PF ou do MP. É provável que, com receio de conflito social, abortaram o plano
de transferir Lula a Curitiba para prendê-lo.
Para realizar seu desejo obsessivo, a Lava-Jato violentou a
democracia e a Constituição brasileira. Setores do Judiciário, do Ministério
Público e da Polícia Federal perderam totalmente a isenção e legitimidade;
converteram a Lava-Jato em instrumento ideológico para destruir Lula e o PT.
Os justiceiros estão incendiando o país; eles são os
responsáveis pelos conflitos e enfrentamentos que poderão ocorrer, porque o
povo não assistirá passivamente a consumação do golpe que empreendem contra a
democracia.
É inaceitável que setores do Judiciário, do Ministério
Público e da Polícia Federal que usam as prerrogativas funcionais para a
perseguição partidária e ideológica, continuem à frente da Lava-Jato.
Igualmente inaceitável é o uso partidário e ideológico dos meios de comunicação
para a construção de uma narrativa fascista como a que está em curso no Brasil.
O combate da hora é um só: da democracia contra o
neo-fascismo.
Créditos da foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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