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Pareceu-me
contraditório escrever sobre o que não deveria ser objeto de reflexão
importante alguma, sobre um não-assunto. Todavia, decidi escrever devido à
importância inexplicável que o objeto deste texto está recebendo na mídia e
que, assim, torna-o passível de apreciação.
Chega-me aos olhos a
notícia de que o Papa Bento XVI prometeu renunciar. Alguns dirão que é uma
benção – perdoe-me o trocadilho, leitor – por seu conservadorismo mais radical
e por sua biografia, a qual, justa ou injustamente, flerta até com o nazismo.
Aliás, por
desimportante que seja, alguns cogitam que o “pedido de demissão” papal tem a
ver com escândalos financeiros no Vaticano…
Dou a esse fato (a
renúncia) a importância, por exemplo, de renúncia do presidente do Corinthians
ou de alguma escola de samba. Ou seja: importância zero, a não ser para
os torcedores de times de futebol, de escolas de samba ou de religiões.
Apesar de ter sido
criado na fé católica, de ter feito o estudo fundamental e médio em escolas
católicas de São Paulo, de ter sido batizado, de ter feito “primeira comunhão”,
de ter me casado e de ter batizado meus filhos no catolicismo, hoje sou um
homem de espírito liberto.
Não que tenha perdido
a fé – acredito, sim, em Deus.
Apenas decidi que não
preciso de intermediários para me relacionar com Ele, pois os que se propõem a
intermediar a relação dos “rebanhos” com o Criador são tão falíveis quanto eu
ou você, como vem ficando sobejamente comprovado em inúmeros escândalos sexuais
ou de corrupção que atingem padres, pastores, bispos etc. o tempo todo.
Na verdade, sou hoje
um crítico feroz das “igrejas” e do proselitismo religioso. Isso porque todos
os países atolados em fanatismo religioso – cristão, muçulmano ou de que
natureza for – são os mais miseráveis do planeta, enquanto que as sociedades
laicas são as mais prósperas.
Nesse aspecto, apesar
da picaretagem mais escancarada dos pastores evangélicos, ao menos eles não
edulcoram a pobreza como faz a igreja católica, cujo objetivo sempre foi o de
fazer os povos se conformar com a carestia com o objetivo nefasto de mantê-los
submissos à injustiça social, já que religião, política e dinheiro público
sempre andaram de mãos dadas.
Pior do que isso, a
superpopulação e os dramas sociais que encerra são de responsabilidade
exclusiva das religiões. Se não me engano, foi esse Papa que sai que recomendou
aos rebanhos católicos que não usassem camisinha, no âmbito do dogma cretino
que prega que sexo só serve para procriar.
O massacre de
homossexuais em cada quadrante da Terra, aliás, é fortemente estimulado pelas
religiões mais difundidas, ainda que estas, caras-de-pau, neguem. Afinal, a
desculpa dos homofóbicos violentos para fazerem o que fazem se baseia,
sobretudo, em dogmas religiosos.
Por fim, nem todo
católico, evangélico ou seja lá o que for é canalha, insensível, arrogante,
avarento e preconceituoso, mas as piores pessoas que conheci ao longo da vida,
em maioria, foram os papa-hóstias – termo que, explico, não vale só para o
catolicismo.
Os piores assassinos
e torturadores da ditadura militar saíam das missas diretamente para os porões
em que cometiam os crimes mais hediondos contra a humanidade.
Uma papa-hóstia que
mora no andar acima do meu, alguém que vive enfiada na igreja, está sempre
reclamando porque minha filha que nasceu com paralisia cerebral usa o corredor
do andar durante sessões de fisioterapia que, entre outras, faz em casa todo
dia.
Muitos acreditam em
que a religião torna as pessoas melhores. Essa é mais uma entre tantas falácias
sociais e filosóficas que se abatem sobre a humanidade e que não encontram
respaldo em estudo sério algum.
Nem a fé, que
dispensa religião, torna alguém melhor. Essa teoria de que quem tem crença
espiritual é mais humano, mais generoso, é bobagem. Baseia-se em que o
indivíduo seria forçado pela fé a ser “bom” por temer ir para o “inferno”
quando morrer.
Então, é claro, não
se trata de a pessoa que tem fé ser “melhor”, mas de ser intimidada ou
chantageada a sê-lo. Lembro-me muito bem de como saí da minha cerimônia de
primeira comunhão, aos dez anos, obrigando-me a não dizer palavrões por medo de
“castigo” divino.
A renúncia do Papa,
então, não é boa ou ruim. É um fato que só interessa aos torcedores de uma
religião. Para a humanidade, porém, bom mesmo seria se aprendesse a se portar
como tal por ser o certo e não por medo de um “inferno” que, aliás, fica aqui
mesmo, na Terra.

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