terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O clima dos negócios


Por HENRI ACSELRAD*

A liberdade de deslocamento dos capitais na escala global deu-se de modo a pôr em competição os trabalhadores de todo o mundo

1.

Como a questão do clima foi construída como um problema público? Em fins do século XVIII, um precursor dos estudos de população, Jean-Baptiste Moheau, sustentava que o clima deveria ser objeto de governo: “Depende do governo mudar a temperatura do ar, melhorar o clima; dar curso às águas estagnadas e às florestas queimadas que tornam morbígenos os cantões mais sadios”.[i]

A América Latina como reserva ideológica

Fontes: La Jornada - Imagem: Presidente do México, Claudia Sheinbaum. Foto: Marco Peláez

O “mantra” que a extrema direita avança não se cumpre na América Latina.


Existem duas maneiras de dizer isso. Uma delas, o presidente da Argentina, Javier Milei, tem poucos amigos presidenciais na América Latina. Segundo, a maioria dos países da região não elege candidatos de extrema direita.

Folha de SP é uma fachada do partido do rentismo

Folha de S.Paulo (Foto: Divulgação)

'Os ganhos maiores do Grupo Folha são com lucros financeiros, oriundos da parasitagem rentista', escreve Jeferson Miola

Jeferson Miola

O editorial na capa da edição dominical [22/12] é um artefato bélico do jornalismo de guerra da Folha a serviço do terrorismo do mercado. O objetivo: combater e inviabilizar o governo Lula.

Desde a primeira até a última linha do texto, o editorial pinta um cenário catastrofista sobre a situação orçamentária e fiscal do Brasil. Com a retórica de um partido de oposição, conclui que isso se deve à “irresponsabilidade orçamentária de Luiz Inácio Lula da Silva”.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

O terceiro governo Lula

Imagem: Serinus

TARSO GENRO*

Fernando Haddad brecou a anomia golpista e colocou a política no seu lugar certo

“O grande projeto de desestruturação do comum que se empreende como nova governança ganha vantagem e justificação a partir do fato de que se efetiva em terrenos fluidos, sobre os quais a governança professa otimizar o fluxo dos córregos, contrariar a inércia burocrática, fragmentar estruturas rígidas de tomadas de decisão…”
(Emilios Christodoulidis).

A despeito das reservas que se possa ter sobre o “arcabouço do Haddad”, fato político mais importante do atual governo do Presidente Lula, é o referido arcabouço que, tecido por inteiro por Fernando Haddad e seu grupo técnico de alto nível, refez a política doméstica como política nacional. O arcabouço percorreu até agora um estreito desfiladeiro, que permitiu a democracia e o Estado de direito transitarem de uma quase anomia – proporcionada por um golpe de Estado tentado – para um espaço de repouso relativo, dentro do qual estacionamos para ajudar o país a caminhar para uma ideia de nação, a ser preparada inclusive para dar exemplos na transição climática.

A ameaça militar de Washington na América Latina

Fontes: Rebelião


A ofensiva diplomático-militar levada a cabo pela ex-chefe do Comando Sul, General Laura Richardson, aos países latino-americanos com governos de direita, está a permitir aos Estados Unidos aumentar as suas bases militares na região.

Uma forte ofensiva diplomática e de pressão contra a América do Sul foi lançada pelos Estados Unidos nos últimos dois anos, liderada por Richardson, que entregou o cargo em novembro de 2024 ao almirante Alvin Holsey.

Desde a sua nomeação em outubro de 2021, a militar de quatro estrelas compareceu diversas vezes perante o Congresso dos EUA, visitou nações latino-americanas e em todos os seus discursos insistiu em acusar a Rússia e a China de serem as principais ameaças à região.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Putin fez um acordo sobre a Síria?

Putin se encontrando com Bashar al-Assad. Foto: Valery Sharifulin, TASS.

O colapso relâmpago do governo de Assad na Síria nas últimas semanas deixou claro que praticamente ninguém, dentro ou fora da Síria, considerou que este era um estado pelo qual valesse a pena lutar. Também parecia bem claro que a Turquia (com o provável apoio de Israel e dos EUA) tinha aproveitado a oportunidade para usar as forças que vinha treinando em Idlib por alguns anos para fazer um jogo de poder sério. O Ocidente há muito tempo busca transformar a Síria em um "estado fracassado" no modelo Iraque-Líbia, e a nova situação permitiu que Israel destruísse, quase da noite para o dia, a grande maioria das instalações militares do país e expandisse sua ocupação no Sul. É para isso que todos eles têm trabalhado por treze anos. O que é menos claro é até que ponto a Rússia estava envolvida nessa jogada.

A atualidade radical da Renda Básica

Foto: Sebastião Salgado/”Êxodos”

Num mundo em que a riqueza coletiva é capturada por tão poucos, alguns ainda julgam descabido oferecer dinheiro sem contrapartida em trabalho. É hora de demonstrar a inconsistência – ética, social e econômica – desta oposição


Por Ladislau Dowbor, no Meer | Tradução: Glauco Faria

Enquanto a economia for movida principalmente pela maximização do lucro, ela responderá à demanda expressa pelos grupos mais ricos da sociedade, levando a formas extrativistas de produção que agravam a exclusão social em nome da criação de mais riqueza, e deixará de assegurar os direitos das pessoas em situação de pobreza.
(Olivier de Schutter

O ponto de partida óbvio é que o que produzimos no mundo, o chamado PIB global, é suficiente para garantir uma vida digna e próspera para todos. Também podemos usar a Renda Nacional Líquida ou acrescentar a infraestrutura já construída – casas, estradas, eletricidade, sistemas de água, ruas e tantas outras melhorias herdadas -, mas o fato básico é que o que temos e produzimos é suficiente. Para se ter uma referência, o PIB mundial, de 110 trilhões de dólares, para uma população de 8 bilhões, equivale a 4.600 dólares por mês para uma família de quatro membros. Mesmo no Brasil, com um PIB per capita de 10 mil dólares por ano, o que produzimos equivale a 3,3 mil dólares por mês por família de quatro membros. Podemos brincar com os números, mas o fato básico é que nosso problema não é econômico, mas de organização social e política.

Por que Erdogan não será capaz de construir um gasoduto através da Síria




A tomada da maior parte da Síria pelos islamitas controlados por Ancara permite agora que Recep Erdogan comece a concretizar as suas ambições geopolíticas. Os prêmios aqui são os territórios do norte da Síria (Aleppo sempre foi o centro econômico da região), a solução para a questão curda, o estatuto do novo sultão do Médio Oriente - e, claro, a construção de um gasoduto a partir do Qatar através da Arábia Saudita, Jordânia, Síria e Turquia até à Europa.