Projetada por grupo de estudantes, lingerie é capaz de
causar queimaduras severas em agressores e pode ser recurso para ajudar a
reduzir os casos de violência contra mulheres no país, que passaram de 300 mil
em 2013.
O terrível estupro coletivo e assassinato de uma estudante
em Nova Délhi, em dezembro de 2012, gerou grande indignação na Índia. Dezenas
de milhares de pessoas por todo o país expressaram seu choque com o crime, e o
Legislativo, enfim, tornou mais rígidas as leis contra estupro.
O ocorrido também foi a motivação que faltava para a
estudante de engenharia Manisha Mohan, de 22 anos, criar um novo – e incomum –
sistema de defesa para mulheres: um sutiã elétrico. Com a ajuda de mais dois
colegas, ela fez pesquisas e trabalhou em diversos modelos antes de criar um
protótipo de lingerie que reage quando provocado.
"Eu comecei trabalhando com pessoas que tinham relação
com o campo eletrônico, tive discussões e aí [o projeto] começou a
evoluir", disse Manisha à DW. "[A ideia] foi para um outro nível
quando tivemos reconhecimento no mundo todo."
Poder feminino
Antes de o produto ser disponibilizado no mercado, os
engenheiros estão dando os retoques finais na lingerie, que recebeu o nome de
"Equipamento para Blindar a Sociedade" (SHE, que, na sigla em inglês
brinca com o pronome "ELA").
Manisha ainda não sabe exatamente quando a peça será
comercializada, mas ela acredita que deve ser em breve. O sutiã tem um sensor
de pressão conectado a um circuito elétrico que pode causar um choque pesado –
3.800 kilovolts – capaz de queimar um estuprador. No momento em que os sensores
de pressão são ativados, um GPS inserido no dispositivo alerta a polícia.
"O sutiã tem um equipamento eletrônico dentro de um
bolso forrado por duas camadas de tecido", explicou a estudante. "O
bolso isola a mulher e é à prova d'água. Então estamos tentando incorporar
todas as peças elétricas ali dentro, junto com os sensores que detectam a
quantidade de pressão sobre os seios de uma mulher."
A tecnologia parece ser simples. O sensor de pressão foi
calibrado para apertos, beliscões e quando os seios são agarrados – a força
exercida por um abraço não ativa o dispositivo. Também há um botão para que a
mulher possa vestir o sutiã sozinha quando estiver em um lugar perigoso.
Seguro e confortável
Quem já usou o sutiã diz que a peça é confortável. As
experiências realizadas com a peça têm sido, no geral, positivas.
"Acho que o sutiã vai ser extremamente útil porque
tanto mulheres como meninas poderão se movimentar com confiança por grandes
cidades em horas consideradas de risco", disse a estudante Revathi.
Manisha também acha que o sutiã será confortável. "Uma
vez que vai ser semelhante à textura de um papel e já que a maioria das peças
usadas por mulheres têm revestimento, não acho que será tão difícil para uma
mulher usá-lo", disse.
Manisha foi selecionada para a prestigiosa Residência de
Pesquisadores e Inovadores, um programa de 20 dias oferecido pelo presidente da
Índia, Pranab Mukherjee, no palácio presidencial. O programa permite que
inovadores mostrem seus talentos.
O lançamento comercial do sutiã não poderia ter vindo em um
momento mais apropriado, com um aumento no número de denúncias de crimes contra
as mulheres na Índia.
Dados oficiais apontam que, em 2013, o número de crimes como
estupro, assassinato e abuso sexual aumentou mais de 25% em relação ao ano
anterior. Pelo menos 309.546 crimes contra mulheres foram denunciados à polícia
no ano passado. Em 2012, o número de denúncias foi de 244.270.


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