Por Miguel do Rosário, http://www.ocafezinho.com/
Amigos e companheiras,
o blogueiro desperta com uma ressaca estranha.
Uma ressaca de alívio.
Testemunhamos, ontem, o final de uma batalha épica, que
marcará a história do Brasil e do mundo por décadas, quiçá por séculos.
A esquerda ganhou contra tudo e contra todos.
Bolsa, mídia, ricos, os estados mais ricos, perderam.
O povo mais humilde arrostou o retrocesso na simplicidade de
sua intuição superior.
No sábado, eu fui resolver uma coisa em Ipanema.
Na entrada do metrô, encontrei um amigo distribuindo a
edição especial do jornal Brasil de Fato, sobre as eleições.
Cumprimentei-o, peguei um exemplar, que já tinha lido,
pensando em deixá-lo em algum banco vazio, o que fiz ao chegar na área de
embarque.
Um grupo de quatro trabalhadores conversava em pé à minha
frente. Eles então vieram na minha direção e viram o jornal largado no banco.
Sentaram-se. Um deles, pegou o jornal e fez alguns
comentários sobre as eleições.
- Acho que a Dilma vai ganhar. Esse Aécio, só rico, bacana,
vota nele.
Os outros fizeram comentários similares.
E leram, interessados, o jornal.
Tiro várias lições desse episódio.
A primeira, é que o povo brasileiro quer ser melhor
informado.
A segunda, é que a sua consciência política avançou mais um
pouco nessas eleições.
Neste segundo mandato, Dilma tem obrigação moral de combater
a miséria da informação.
A informação é um direito humano que tem sido negado ao povo
brasileiro.
E quando falo povo, refiro-me também à classe média, vítima
histórica da manipulação da mídia.
É ridículo que a classe média brasileira se identifique com
as elites do país.
A classe média deveria se identificar com seus iguais, a
classe trabalhadora, porque ela também é uma classe trabalhadora.
O sujeito ganha dez mil reais por mês e acha que, por isso,
não mais faz parte do povo?
Ora, a elite financeira ganha milhões por mês, possui
centenas de imóveis.
A elite brasileira é a mais rica e poderosa do mundo.
Enfim, sabemos que, vencida as eleições, outra guerra se
inicia agora.
A guerra para montagem de um novo ministério, que deverá
expressar o desejo de mudança do povo.
O governo também precisa sinalizar que irá combater a
desinformação, de maneira democrática, estimulando a diversidade e a
pluralidade.
É preciso redistribuir as verbas que vão para Veja, Globo e
Folha, criando programas republicanos que estimulem a criação de mídias com
opiniões diferentes.
Isso não é intervir no conteúdo. É a orientação democrática
que a União Europeia determina para a política de comunicação de todos os seus
membros.
Não é mais possível que um país como o Brasil tenha apenas
canais de TV e jornais da direita.
É óbvio que isso está errado. E apenas gera instabilidade.
As agências de publicidade que tem conta no governo deverão
apresentar propostas de distribuir todas as suas contas, incluindo as privadas,
para meios diferentes de informação. Caso contrário, não terão contratos com o
Estado.
O governo deveria criar um sistema randômico, para
distribuir a publicidade para todo site cadastrado.
Dilma quer fazer a reforma política, através de um
plebiscito.
Para fazê-lo enfrentará mais uma guerra midiática.
Espero que ela tenha aprendido a lição.
O campo popular sempre estará a seu lado, para as grandes
causas.
Mas não estará se ela ceder aos barões da mídia.
É findo o tempo de omeletes no programa de Ana Maria Braga.
É findo o tempo de convescotes na Folha de São Paulo.
A nova Dilma tem de ser a Dilma do povo.
Milhões, ou melhor, bilhões de trabalhadores, do mundo
inteiro, voltam-se para o nosso país com olhos cheios de esperança.
A vitória de Dilma é uma vitória da classe trabalhadora do
mundo inteiro.
Comentários
Postar um comentário
12