A
satanização recorrente de José Dirceu se tornou, indelevelmente, um dos mais
covardes e perversos linchamentos da história recente da política brasileira
DAVIS SENA FILHO - http://www.brasil247.com/
Mais uma vez, e não vai ser a
última, que as mídias familiares e essencialmente de mercado voltam a bater no
ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, um dos principais militantes históricos
do Partido dos Trabalhadores, e, principalmente, um dos articuladores políticos
mais influentes do País, antes da chegada da agremiação popular ao poder máximo
da República Federativa do Brasil, por intermédio do líder trabalhista, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Sem sombra de dúvida, a direita
de passado escravocrata e que atualmente se articula para evidenciar toda sorte
de golpes políticos e jurídicos não se esquece de Dirceu, pois a intenção é dar
um caráter maior às "crises" em suas manchetes, pois sabedora que o
político ora encarcerado se tornou um símbolo da "corrupção" do PT e
do Governo Trabalhista, e, portanto, quando necessário, recorre-se ao seu nome,
mesmo se o político não tiver quaisquer envolvimentos com lutas políticas e
partidárias, bem como em escândalos que frequentam as capas dos jornais e
revistas e as chamadas de televisões e rádios.
A satanização recorrente de José
Dirceu se tornou, indelevelmente, um dos mais covardes e perversos linchamentos
da história recente da política brasileira. Não existe nada mais sórdido e
infame do que as ações e os atos de jornais e revistas como o Globo, a Folha, o
Estadão, a Veja e a IstoÉ, além das televisões cujas redações são pautadas por
essas publicações, que há muito tempo abandonaram o jornalismo e que hoje se
dedicam, pura e somente, a achincalhar e a linchar àqueles que são considerados
inimigos dos magnatas bilionáros de todas as mídias cruzadas, que exigem
submissão do poder público e que os governantes efetivem suas agendas políticas
e econômicas, conforme seus interesses inconfessáveis.
No meio dessa parafernália
política capitaneada pelo maior partido de direita deste País, a imprensa de
negócios privados, eis que surge novamente o nome de José Dirceu no caso Lava
Jato. As Organizações(?) Globo, por intermédio de seus bate-paus, toma a frente
da demonização de José Dirceu, o acusa, o julga e o condena mais uma vez, pois
só falta os repórteres, blogueiros e colunistas de tal organização(?) assumirem
também os papéis de policiais e carcereiros do homem escolhido por eles para
fazer o papel eterno de protagonista de escândalos e de malfeitos.
É acinte e infâmia a um cidadão
punido e a cumprir sua punição, pois considerado, sem provas, o articulador do
"mensalão" do PT, porque o do PSDB, o mais antigo, ainda não chegou
às barras dos tribunais, vai completar 11 anos e até hoje nenhum tucano foi
preso, porque eles são blindados e por isto intocáveis. Pelo contrário,
frequentam as páginas e as telas da imprensa historicamente aliada do PSDB como
grandes políticos e homens preparados para tomarem conta dos destinos do
Brasil. Fato este que, realmente, só rindo para não se irritar demais, porque a
única coisa que sobra para confortar tanta leviandade e aleivosia por parte da
imprensa comercial é o deboche.
A verdade é que continuar a bater
em José Dirceu é como fazer o cidadão brasileiro lembrar do "mar de
lama", dos tempos de Getúlio Vargas e da "república
sindicalista", dos idos de João Goulart. Dirceu é a "sombra do medo e
da iniquidade", que paira sobre os valores e os princípios da classe média
coxinha, que sempre "lembra" de sua figura por intermédio da imprensa
de caráter pérfido e insidioso, que transforma a imagem de Dirceu em uma pessoa
que veio para destruir o modo de vida de uma classe média de gerações
universitárias, mas completamente colonizada, conservadora, consumista,
individualista e politicamente analfabeta, pois desconhece a história do
Brasil, dos partidos e de suas respectivas correntes ideológicas, bem como os
bastidores da política. Uma classe média alienada, impiedosa socialmente, mas
que tem o instinto conservador preservado, ao ponto de sentir rancor por
detestar ver sua empregada doméstica ou seu porteiro no aeroporto ou em
shopping que frenquenta.
E é para ela que a máquina
midiática do sistema de capitais se reporta, porque o propósito é ter seu apoio
para sua agenda política e econômica, que é a mesma agenda liberal do governo
de FHC — o Neoliberal I —, aquele senhor também conhecido pela alcunha de o
Príncipe da Privataria, que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o
pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes. As elites, especificamente
os magnatas bilionários de imprensa, conhecem muito bem os coxinhas, e percebem
que apoios aos seus interresses não vão faltar-lhes, afinal o sonho do pequeno
burguês é virar burguês e talvez um dia frequentar as patuscadas, papanças e
comezainas da Casa Grande. A ascensão social é difícil, sempre o foi, mas a
classe média conservadora se dá por satisfeita, até porque sonhar não custa
dinheiro e ameniza as dores dos limites impostos pelo bolso.
O resultado das eleições gerou
inconformismo à direita partidária e a segmentos empresariais. Por isso, não há
trégua ao Governo Trabalhista, como o sistema mídiático privado jamais deu trégua
a Lula, a Brizola, a Jango e a Getúlio. Trabalhistas no poder para a direita
brasileira é sinal de luta política sistemática e desleal. Trabalhistas sempre
tiveram votos, mesmo a ter a mídia imperialista como adversária. O espectro
conservador compreende que os trabalhistas distribuem renda, riqueza e
empregos, além de permitirem o acesso à educação e primarem por uma política
externa independente e não alinhada automaticamente aos Estados Unidos e à
União Europeia.
Os programas sociais e projetos
nacionais são tudo o que a direita entreguista e antinacional não quer, até
porque a burguesia colonizada, americanófila e apátrida se opõe aos interesses
do Brasil e não reconhece seu próprio povo como sujeito cívico, e, com efeito,
somente serve para ela apenas como mão de obra barata. Sendo assim está
enraizado em seu âmago o desprezo pelo Brasil, o que não acontece, por exemplo,
com a direita francesa, inglesa e estadunidense. A resumir: a direita
brasileira é pária de direitistas estrangeiros, que pelo menos defendem os
interesses de seus países. Ponto.
José Dirceu representa um pouco
disso tudo, no que diz respeito à direita colocá-lo como foco de situações das
quais ele não tem participação. Advogado, apessoado, branco, de classe média,
optou por militar na esquerda, liderou manifestações estudantis e teve de ir
para as sombras da política, porque senão seria assassinado pelo estado
ditatorial. Dirceu, ainda muito jovem e depois de sair do PCB, integrou as
Dissidências (DI-SP), que tinham forte afinidade política e ideológica com o
grupo de Carlos Marighela, criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), e este
fato é imperdoável até hoje para os brucutus de direita. Além disso, em 1969, o
político foi um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano,
Charles Burke Elbrick. Uma derrota humilhante para a ditadura, que,
indubitavelmente, era muito mais forte, treinada e aparelhada do que
estudantes, operários, camponeses, militares e políticos que, porventura,
entraram na luta armada.
José Dirceu foi deportado para o
México. Depois foi para Cuba e após a redemocratização, em 1979, o socialista
surge como um dos articuladores da esquerda brasileira e, juntamente com o Lula
e outros companheiros, funda o PT, coopera para criar a CUT e se torna uma das
principais lideranças políticas do partido e do País. Ideológico, Dirceu foi um
dos principais interlocutores da esquerda junto à direita para negociar temas e
pontos no decorrer da Constituinte de São Paulo, quando confrontou a direita
mais poderosa do País. Certamente, Dirceu fez muitos inimigos, como se
comprovou posteriormente no caso do "mensalão", o do PT, que é uma
das maiores farsas de conotação política oquestrada e levada a cabo pelo
oligopólio midiático que viceja à vontade em terras brasileiras, porque é um
setor da economia, impressionantemente, ainda não regulamentado.
Contudo, as razões para se
efetivar um linchamento persistente a José Dirceu são muitas e variadas. A
verdade é que o politico está à mercê dos maus bofes de feitores em postos de
mando da imprensa alienígena, a obedecerem ordens de seus patrões bilionários e
inquilinos da plutocracia, que tem tanto poder ao ponto de fazer com que juízes
e promotores, consumidores de suas notícias mequetrefes e rastaqueras,
consideram ter o direito de serem influenciados, o que, irrefragavelmente, é o
fim da picada. Juízes e promotores que cooperam para judicializar a política e
fazerem de seus ofícios verdadeiros bastiões para a oposição tucana, a mídia
hegemônica, que deseja manter, a todo custo, o direito de falar sozinha, porque
defende a liberdade de expressão apenas para si e seus aliados, pois de caráter
inegavelmente despótico.
Agora vem a Globo, a Globo News e
o Globo novamente transformar José Dirceu, que resignadamente está a cumprir
sua pena, em bruxa na fogueira. É uma lástima tanta perfídia e infâmia
praticada por uma máquina midiática privada e concessionária do poder público,
que, ordinariamente e propositalmente, manipula os fatos, distorce as
realidades em proveito político próprio e os joga no ventilador. É a cara do
Jornal Nacional, dos bilionários irmãos Marinho e de seus lugares-tenentes,
William Bonner e Ali kamel, este o executivo principal da megaempresa de
comunicação, que determinaram um novo ataque à moral e à cidadania de José
Dirceu.
Como todo mundo está careca de
saber, Dirceu é advogado e, desde quando saiu do governo e perdeu seu mandato
de deputado federal, fundou uma empresa de assessoria e consultoria, a JDA,
como tantas que vicejam no Brasil. Todavia, Dirceu é muito conhecido, exerceu
postos e cargos de poder, tem conhecimento sobre inúmeras questões, afinal ele
foi um político influente e que, evidentemente. adquiriu competências para dar
consultas e assessoria a empresários, políticos e a pessoas de vários ramos de
atividade profissional e empresarial.
Por seu turno, a mídia de direita
e adversária dos politicos que estão no poder, transformam a atividade
profissional do advogado José Dirceu em ações ilegais, porque a conotação que
se dá às notícias sobre o ex-ministro é negativa e depreciativa, sem sombra de
dúvida. Somente beócios e mentecaptos, mesmo os que concordam com a imprensa
burguesa, acreditam em tanta vilania política e ilações desprovidas de
fundamentos e provas, como fizeram com o "mensalão", somente o do PT,
por meio da teoria do domínio do fato, aplicada de forma seletiva e a
desrespeitar a tradição e a jurisprudência brasileiras.
Segundo nota ao público, a JDA
deu consultoria às empresas OAS, UTC e Queiroz Galvão, de acordo com os
contratos firmados, que dispõem sobre as atuações dessas empresas na América
Latina e na Europa. Além disso, segundo a JDA, os serviços contratados não tem
vínculos com as investigações da operação Lava Jato. Além do mais, José Dirceu
não ocupava cargo público no período coberto pelos contratos. Para finalizar, a
empresa de Dirceu afirmou que ele está à disposição da Justiça para prestar
esclarecimentos.
A intenção dessa imprensa despida
de ética jornalística e feroz com aqueles que ela considera inimigos a serem
aniquilados com acusações mentirosas, notícias manipuladas e geralmente
pinçadas de um contexto mais amplo tem a finalidade de acuar o Governo Trabalhista
de Dilma Rousseff e, para isso, a figura de Dirceu é fundamental, porque há
muito tempo o sistema midiático triturador de reputações alheias e não
regulamentado o transformou em um espantalho de si próprio, jogado ao limbo e
preso indeterminadamente ao purgatório midiático.
Uma "prisão"
administrada pelos magnatas bilionários de imprensa e seus asseclas,
historicamente golpistas e sonegadores de bilhões em impostos devidos à Nação
brasileira, até que essa gente considere que José Dirceu seja esquecido e que
tenha aprendido a lição por integrar a esquerda e não a direita, como o fez
Carlos Lacerda — o Corvo —, golpista-mor, que foi cooptado pelo sistema e, por
sua vez, transformou-se em algoz virulento e histérico de Getúlio e Jango, que
depois do golpe de estado de 1964 foi escanteado pelos militares e desprezado
ao ponto de o Corvo ter de procurar Jango e JK para formalizar a Frente Ampla,
uma aliança para enfrentar os militares e, por conseguinte, restabelecer as
eleições diretas para presidente da República.
Nada como um dia após o outro,
principalmente quando se trata de traidores e golpistas, a exemplo de Lacerda.
Os generais, evidentemente, sufocaram quaisquer reações e ficaram 21 anos no
poder. Até os dias de hoje o Corvo tem viúvas choronas que vão às ruas pedir
"intervenção" (golpe) militar, sendo que as mais choronas são os
magnatas bilionários de imprensa oligopolizada. Contudo, as vivandeiras de
quartel jamais desistirão e por isso continuam a tentar influenciar a sociedade
brasileira e impor suas agendas politicas junto á socieade civil organizada e
suas instituições republicanas, exemplificadas no Congresso, no STF e no
Planalto.
Ameaçam, manipulam, mentem,
boicotam e sabotam. Transformam simples acontecimentos como uma queda de energia
por algumas horas, em horário de pico, em pleno verão de 40 graus, em um
escândalo de dimensões interplanetárias, a ter como objetivo não somente
combater o Governo Trabalhista, mas, principalmente, cooptar o apoio da
população, principalmente da classe média conservadora, que está sempre
disposta a aprovar a agenda política dos magnatas bilionários de imprensa, que
é defendida também pelos aliados tucanos do PSDB, em todos os plenários. A
classe média de direita é a hipocrisia e o cinismo em forma de Marcha da
Família, com Deus e pela Liberdade.
Além de tudo que foi dito, o ódio
a José Dirceu, a covardia e o linchamento moral em um tempo de dez anos contra
sua pessoa acontecem também por outros motivos, e vou elencá-los, com a ajuda
fundamental de Stanley Burburinho:
1 – Foi José Dirceu, quando
ministro da Casa Civil (chefe do Gushiken), que deu a ideia de se regular as
mídias. Criar uma Ley De Medios, e a Globo não perdoa;
2 – Foi José Dirceu que acabou
com a farra da Globo. Antes de Lula, toda a verba de publicidade do governo era
dividida somente entre 499 veículos;
3 – E para cada R$1,00 de verba
publicitária do governo, a Globo ficava com R$0,80 (80%);
4 – José Dirceu redistribuiu a
verba publicitária do governo entre cerca de 9 mil veículos. Antes eram só 499.
Agora, Globo só recebe 16% do total;
5 – Foi ideia do José Dirceu
criar o Ministério das Cidades que acabou com o poder dos coronéis locais.
Oposição e velha mídia não perdoam;
6 – Foi José Dirceu quem acabou
com a farra dos livros didáticos que eram publicados pela Editora Abril e
Fundação Roberto Marinho;
7 – Foi José Dirceu que articulou
e viabilizou a governabilidade do governo Lula;
8 – Foi José Dirceu que barrou
Demóstenes de ser o secretário Nacional de Justiça. Demóstenes e Cachoeira se
juntaram para ferrar José Dirceu;
9 – Por que José Dirceu sofre
perseguição do Ministério Público? Em 2004, foi ideia de José Dirceu de se
criar um controle externo sobre o MP;
10 – Por que Peluso não gosta de
José Dirceu? Márcio Thomaz Bastos indicou a Lula o nome de Peluso para o STF.
José Dirceu barrou. Márcio Thomaz Bastos forçou a barra;
11 – José Dirceu, quando ministro
chefe da Casa Civil, fechou as portas do BNDES à mídia: "Dinheiro só para
fomentar desenvolvimento, jamais pagar dívidas";
12 – José Dirceu fez o BNDES
parar de financiar as privatizações e deixar de ser hospital para empresas
privadas falidas;
A dar os trâmites por findos, o
que se percebe é que mais uma vez um poderoso sistema de imprensa empresarial
volta seus olhos a José Dirceu toda vez que se quer implicar ou
"colar" sua figura e personalidade ao PT, ao Governo Trabalhista, à
presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, a maior liderança da América
Latina e uma das principais do mundo, querendo ou não os jornalistas empregados
dessas empresas. José Dirceu não é um político comum. Se o fosse, não seria tão
perseguido. A verdade é única: o ódio da direita a Dirceu o transforma em bruxa
na fogueira. É isso aí.
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