Omar
dos Santos - Ninguém neste país, sendo minimamente informado, sabe
que a situação financeira da “poderosa Rede Globo de Televisão” é desesperadora,
como sabe também que se não fossem seus “conchavos e seu poder de chantagem
contra todos” ela já tinha fechado as portas.
É do conhecimento da maioria
dos brasileiros e estrangeiros que a família Marinho e sua emissora, sendo a
última uma concessão do povo brasileiro, apoiou o golpe militar de 64,
cooperando com a ditadura durante os seus tristes e longos 21 anos. Embaraçada
pelas novas circunstâncias históricas do país e do mundo, recentemente, a alta
direção do grupo pediu desculpas ao povo por ter apoiado incondicionalmente os
golpistas e sua sanguinária ditadura. Contudo, a notória falta de sinceridade
do mea culpa é tão clara que o grupo
continua usando todos os seus recursos e seu poder de influenciar o povo a
serviço dos interesses do capitalismo retrógado e das elites mesquinhas, que
agem em desfavor dos interesses coletivos.
Não se sabe quantos de nós
aceitaram as desculpas. Eu não as aceito. Ao contrário, concito os que as
aceitaram a repensar sua decisão, pois não resta nenhuma dúvida de que a Globo,
a família Marinho e seus apaniguados não mudaram e nem vão mudar nunca. Ao
contrário, estão cada vez piores quando se trata de parcialidade, ética e
honestidade.
Recebi por uma rede social a
“propaganda” de um grupelho que diz participar de um movimento chamado Grupo Brasil
Limpo. Na mensagem, um punhado de empregados da Rede Globo e um único morador
do Complexo do Alemão, ostentam ao fundo uma faixa em que pede a deposição da
Presidenta Dilma e convoca o povo a ir às ruas protestar. Quanto ao protesto,
tudo normal. O direito de manifestação é legítimo e é um dos elementos da
democracia, – não sendo, contudo, toda a democracia. Esta é muito mais que
isto. Por outro lado, não se pode esquecer de que o exercício desse direito,
para ser legítimo, exige respeito ao direito do outro. Mas parece que o grupo
não sabe ou não aceita isto. Postura que cada vez mais vem se tornado comum no
país.
Mas voltemos ao caso da
propaganda global. Vivemos mesmo o final dos tempos. É muita dissimulação desse
pau de galinheiro, que nos desculpem os galináceos pela comparação, falar em
ética e limpeza moral.
Por exemplo, pedir, pura e
simplesmente, a deposição de uma pessoa legal e legitimamente eleita, que
obteve a maioria absoluta dos votos e, sobre a qual, não se tem nenhuma
acusação minimamente razoável e séria, é golpe. É falta de caráter. É canalhice
pura. É isto que o grupo e outros golpistas, dentro e fora do país, estão
defendo. Observe as manifestações de alguns “brasileiros” moradores ilegais, malquistos
e humilhados pelas sociedades onde vivem, na maioria dos casos como
clandestinos, ainda assim se alvoroçam pregar o golpe da deposição. Será que
esses fugitivos não sabem que invasão, isto sim é crime.
E antes que esta súcia venha
com as surradas desculpas para o ato autoritário e desleal que pregam, já digo:
não sou e nunca fui petista, ao contrário, penso que os trabalhistas, que
ocuparam o poder na maioria dos países desenvolvidos do mundo, cometeram muitos
erros, tanto nos planos ético e moral, quanto na definição de suas estratégias
politicas e administrativas. O problema é que o trabalhismo acredita possível a
convivência pacífica entre “capital e a mão de obra”. Acredita ser possível mudar os rumos de uma sociedade injusta e
perversa por meio de acordos harmônicos entre os que dominam e os dominados. Sendo
isto factível, também é possível o acordo entre “a forca e o pescoço”.
Mas voltemos ao eixo desta
reflexão, a questão da convocação feita pelos atores da Rede Globo e o morador
do Morro do Alemão.
O referido chamamento não
apresenta novidade alguma, pois o golpismo, a tendenciosidade e a dissimulação
são as ferramentas prediletas dos grupos reacionários que se entregam ao
trabalho de manobrar a opinião pública, como é o caso de grande parte dos meios
de comunicação do Brasil, mesmo que isso seja uma enorme ignomínia.
A Globo se esqueceu muito
rapidamente do pedido de perdão feito ao povo. Acostumada a eleger políticos de
todos os escalões e depois cobrar a “conta”, ela não se habitua, de forma nenhuma,
a ser tratada como qualquer outra instituição. Como já derrubou alguns governos
que contrariaram seus interesses, sustenta, há algum tempo, uma campanha
violenta, desleal e antidemocrática contra uma governante, que até agora tem
dado provas de probidade e de retidão em sua conduta.
Neste panorama, a emissora
lidera um grupo de golpistas, muitos deles seus próprios empregados mais afamados,
na realização de um trabalho rotineiro de manipulação e distorção da notícia
buscando inculcar pensamentos e valores distorcidos no povo através de sua
programação diária. Destacam-se neste serviço o jornalismo e as novelas. A
Globo e seus “artistas”, escondidos atrás de uma ‘pseudoimparcialidade’, pensam
que irão convencer o povo brasileiro a aceitar uma nova ditadura – como já
fizeram em 1964 –, o grifo é intencional, a qual levou o país à maior tragédia
de sua história.
Não há dúvida alguma de que a
maioria do povo brasileiro não se esqueceu das “Marchas com Deus pela família e
a propriedade”, que nada mais foram que um “cheque em branco” que a Santa Madre
Igreja e nossa elite golpista deram a um grupo de militares que sempre foram
hávidos para usurpar, pelas armas, o poder que ao povo pertence.
Com já dissemos, na
propaganda aparece uma faixa propondo a destituição da Presidente. Por conhecer
a conduta política, social e moral deste grupo empresarial, por conviver
diariamente com as lições que ele dá à nossa sociedade, sobretudo à juventude
brasileira, ensinando, através de sua “arte”, que a luxúria, a desonestidade, a
deslealdade, o adultério, a banalização da vida, dilapidação do patrimônio
alheio etc. devem ser ressaltados porque existem em nossa realidade social, não
duvidamos que ele tentará sucesso em seus intentos. Esta é a desculpa sempre
utilizada para justificar a falta de respeito com que a Rede Globo e outras
tratam nosso povo. Ora, se isto é correto, vamos estimular os jovens ao
meretrício, ao roubo, à violência etc., pois esses são fenômenos sociais, que
embora errados, existem.
O noticiário da mídia
brasileira é pródigo em noticiar desvios comportamentais da elite artística da
emissora.
Não se entende o porquê da
grande maioria dos artistas desta emissora carregarem o sobrenome de outros
artistas da rede. Ainda mais considerando que ela se apresenta como paladino da
igualdade de oportunidades para todos, dizendo odiar o nepotismo. Para não
mencionar o descumprimento de obrigações civis e profissionais e praticas de
atitudes inconvenientes etc.
Não raro temos notícias do envolvimento
de seus artistas com o consumo de drogas. Alias, alguns representantes deste
movimento, que pousam de resgatadores da moral e dos bons costumes, deveriam
entender que lhes faltam envergadura moral, ética e cívica para pregar a
deposição de quem já provou, inclusive com risco da própria vida, que tem
compromisso com a nação e com o povo brasileiro.
A estes e a todos os outros
componentes da “camarilha”, que cooperaram com o engendramento de um “puro e
simples golpe de Estado", um alerta. Sua ignorância não justificará sua
culpa. Foi assim na outra vez. Os verdadeiros artistas, e aqui não é o caso,
sofreram muito com os ditadores.
Para um velho comunista, o
que resta disto tudo é um sentimento de tristeza, mas não de desânimo, mesmo
vendo que vão longe os tempos em que os artistas, os jornalistas, os
estudantes, os operários etc. eram referências seguras para o povo tomar suas decisões
políticas, estéticas e morais. A entrega da arte, dos meios de comunicação e da
educação ao capitalismo atrasado como é o nosso, infeccionou de morte todos que
sempre lutaram pela liberdade, pela igualdade e pelo avanço social. É uma pena,
mas é a verdade.
Ver pessoas escondidas atrás
da liberdade de expressão e de personagens ficcionais, com a desculpa de que
estão cumprindo um papel profissional, é degradante e um ultraje à gente
brasileira, mesmo que boa parte dela, contraditoriamente, as idolatra. Contudo,
chegará o dia em que o povo abrirá os olhos, e este dia está próximo. Estejam
certos: nesses tempos, seus patrões não moverão uma pluma para defendê-los.
Afinal, vocês não se comportaram como artistas, mas sim, como marionetes.
Entendam que quando mostram
essas caras que despertam “nojo” aos muitos cidadãos conscientes, esquecendo de
que do outro lado da tela tem muito mais gente que pensa do que vocês estão
imaginando, cometem um grande erro de estratégico. Lembrem-se de que “o mundo
da Globo, só é o mundo da Globo”. Não é, e nunca será, o universo brasileiro.
Por mais que isto seja inatingível pela inteligência de vocês.
Um último alerta. Não é que
eu pense que vocês estejam esquecendo o significado da arte como formadora
cultural de um povo. Isto só é possível a quem já o soube algum dia. A questão
é de ignorância mesmo. Ser artista é muito mais do que recitar textos decorados,
do quais não se tem a capacidade de entender a essência e, sobre tudo, de
avaliar suas qualidades estéticas e filosóficas. Diante disto, saiba os
senhores e as senhoras que não haverá outro golpe no Brasil. Os tempos são
outros tempos, e as vontades são outras vontades. A metade do povo não acredita,
de forma alguma, no velho, recalcitrante e carcomido discurso da elite
entreguista, antinacionalista e arrogante do país, apoiada, na forma e no
conteúdo, pela maioria dos intelectuais brasileiros.
Se necessário for, “Haveremos
de endurecer, mas sem perder a ternura jamais”. Afinal, os ignorantes e irresponsáveis
devem merecer outra chance, mas nunca imporão suas vontades.
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