A Lava Jato acaba de assumir que é uma ditadura.
Rompendo qualquer limite com os escrúpulos
democráticos, acaba de declarar guerra aberta a um partido político, à legenda
que governa o país há mais de 12 anos.
O sigilo de pessoas ligadas à comunicação no campo
progressista também começou a ser quebrado, numa prova de que Sergio Moro se
tornou, efetivamente, o líder de um movimento golpista contra uma legenda.
Agora, com a quebra do sigilo telefônico da sede do
PT em São Paulo, o que farão os procuradores? Vazamentos seletivos ao Globo, à
Veja?
Morto o impeachment, resta ao golpismo apelar para
o que existe de mais sujo: o arbítrio judicial.
A pior ditadura possível, pior do que a militar, é
a ditadura do judiciário, porque esta não conhece limites e se traveste de
legalidade.
O princípio de isonomia que se pede de uma
democracia, e mais ainda de um judiciário, exige que se quebre também o sigilo
telefônico da sede nacional do PSDB.
O que estamos assistindo é um golpe imundo, contra
o interesse nacional, contra a democracia. Procuradores viajam ao exterior para
colher informações contra empresas nacionais. Consultam empresas estrangeiras
sem passar pelo crivo do Ministério da Justiça.
E agora quebram sigilos de um partido político de
esquerda? De sindicatos, de jornalistas ligados aos movimentos sociais?
Nem a ditadura militar chegou a tanto!
A Lava Jato quer destruir qualquer ambiente de
contestação ao golpe?
Como assim?
Um partido detêm informações politicamente
sensíveis, referentes à vida política daquele grupo!
O sigilo de um partido político não pode ser
quebrado!
Por que não quebrar do PMDB, do PP, do PSDB, do
PPS, de todos os partidos?
Como assim, quebrar o sigilo de apenas um partido?
Como assim quebrar os sigilos de jornalistas,
apenas porque eles são ligados ao campo progressista?
Para mim, a Lava Jato acabou de se auto-enterrar no
esgoto da história.
Mais um capítulo no rol do horror do autoritarismo
brasileiro.
***
No UOL.
Lava Jato quebra sigilo telefônico de sede nacional
do PT
12/11/2015 19h50
A Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo
telefônico da sede do diretório nacional do PT, em São Paulo, e de mais seis
números que supostamente foram usados pelo ex-tesoureiro da sigla João Vaccari
Neto, segundo o Ministério Público Federal.
Os dados, já fornecidos pelas operadoras de
telefonia e encaminhados à Justiça, também incluem interceptações telefônicas
da linha do Sindicato dos Bancários e de uma ex-funcionária da Cooperativa
Habitacional dos Bancários (Bancoop) que hoje é vinculada ao PT, além da linha
pessoal de Vaccari, de sua esposa e da residência dele.
"É de todo plausível considerar-se que João
Vaccari tenha se utilizado de linha fixa de sua residência e de outros números
do diretório do Partido dos Trabalhadores a fim de realizar contatos
profissionais, sendo possível, ademais, que tenha solicitado que terceiros
realizasses as ligações em questão", disse o Ministério Público em
manifestação sobre a medida.
Dois números ligados ao coordenador-geral da
Editora Gráfica Atitude, Paulo Roberto Salvador, também tiveram o sigilo
quebrado. Os dados telefônicos cedidos vão de julho de 2010 a julho de 2015,
período que engloba duas campanhas presidenciais.
As medidas solicitadas pelo Ministério Público
Federal integram a ação que investiga se a Gráfica Atitude foi usada pelo
ex-tesoureiro do PT para lavar dinheiro de propina recebida por contratos com a
Petrobras. As revelações sobre o esquema foram feitas pelo ex-executivo da Toyo
Setal Augusto de Mendonça, que fez acordo de delação premiada.
O advogado de Vaccari, Luis Flávio Borges D'urso,
classificou as quebras de sigilo envolvendo outras pessoas e entidades que não
são seu cliente como "devassa" e entrou com uma petição nesta quinta
(11) para tentar excluir os dados telefônicos do PT e do Sindicato dos
Bancários da ação.
"Solicitamos que o juiz afaste telefones de
pessoas e de instituições, como o próprio PT, que são estranhas ao processo.
Não há necessidade. Pedimos para que ele reverta essa situação", disse
D'urso. Ele também afirmou que seu cliente está "tranquilo" porque
"não há nada de irregular nas suas ligações".
Vaccari está preso em Curitiba (PR) há sete meses.
Ele foi detido na 12a fase da Operação Lava Jato. Além de ter sido tesoureiro
do PT, foi presidente do Sindicato dos Bancários e da Bancoop.
Procurado pelo reportagem, o PT afirmou que não
comentará quebra de sigilo de sua linha telefônica.
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