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Família Marinho - Rede Globo - ( Blog do Iv: #aGlobodeveserdestruida)
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A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - parte 01
A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - parte 02
A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - parte 03
A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - parte 04
A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO - parte 05
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Declaração de princípios da Globo, versão 1984
http://www.viomundo.com.br/
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“Para que melhor se exerça a democracia”: a declaração de princípios da Globo, em 1989
por Luiz Carlos Azenha
http://www.viomundo.com.br/
A TV Globo também fez uma declaração de princípios, em 1989.
Foi na noite em que o Jornal Nacional transmitiu o resumo do debate eleitoral entre Fernando Collor e Lula, editado de tal forma a destacar as melhores falas de Collor e as piores de Lula.
Collor e Lula disputavam a presidência da República. Collor, com apoio da Globo, venceu a eleição.
Seguiu-se ao resumo do debate uma pesquisa do Vox Populi, então ligado a Collor, mostrando como Collor era “o melhor preparado”.
Então, Alexandre Garcia apareceu no vídeo para dizer:
“Nosso trabalho, como profissionais da televisão, foi e continuará sendo o que fez a televisão nesses dois debates. Manter aberto esse canal de duas mãos entre o eleito e os eleitores, para que melhor se exerça a democracia”.
Foi no mesmo ano em que a ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, apareceu primeiro no Jornal Nacional e depois na propaganda de Collor dizendo que o ex-metalúrgico Lula tinha pedido a ela que abortasse e feito declarações racistas. Miriam recebeu dinheiro para fazer tais declarações.
Em 14 de dezembro de 1989, data do último debate entre Collor e Lula — três dias antes do segundo turno da eleição — o jornal O Globo publicou editorial com o título O Direito de Saber, em que argumentava que os eleitores tinham o direito de saber detalhes da vida pessoal dos candidatos — no caso, Lula — antes de decidir em quem votar. O editorial, naquela data, poderia ser interpretado como um aviso a Lula de que haveria ataques pessoais no confronto, com o objetivo de deixar nervoso o candidato do PT.
No entanto, nos anos 90, o então senador Fernando Henrique Cardoso teve um filho com a repórter da TV Globo de Brasília, Miriam Dutra, antes de concorrer à presidência da República. As Organizações Globo não divulgaram a notícia. Em vez disso, enviaram a repórter para um exílio, com salário e sem função, na Espanha.
Passaram-se mais de 20 anos da primeira eleição de Fernando Henrique, em 1994, e as empresas do grupo ainda não noticiaram formalmente o caso extraconjugal. Em 2011, a Folha de S. Paulo noticiou que um exame de DNA revelou que o pai do filho de Miriam Dutra não é o ex-presidente. Neste caso, onde foi parar O Direito de Saber?
O DIREITO DE SABER
O povo brasileiro não está acostumado a ver desnudar-se a seus olhos a vida particular dos homens públicos.
O povo brasileiro também não está acostumado à prática da Democracia.
A prática da Democracia recomenda que o povo saiba tudo o que for possível saber sobre seus homens públicos, para poder julgar melhor na hora de elegê-los.
Nos Estados Unidos, por exemplo, com freqüência homens públicos vêem truncada a carreira pela revelação de fatos desabonadores do seu comportamento privado. Não raro, a simples divulgação de tais fatos os dissuade de continuarem a pleitear a preferência do eleitor. Um nebuloso acidente de carro em que morreu uma secretária que o acompanhava barrou, provavelmente para sempre, a brilhante caminhada do senador Ted Kennedy para a Casa Branca – para lembrar apenas o mais escandaloso desses tropeços. Coisa parecida aconteceu com o senador Gary Hart; por divulgar-se uma relação que comprometia o seu casamento, ele nem sequer pôde apresentar-se à Convenção do Partido Democrata, na última eleição americana.
Na presente campanha, ninguém negará que, em todo o seu desenrolar, houve uma obsessiva preocupação dos responsáveis pelo programa do horário eleitoral gratuito da Frente Brasil Popular de esquadrinhar o passado do candidato Fernando Collor de Mello. Não apenas a sua atividade anterior em cargos públicos, mas sua infância e adolescência, suas relações de família, seus casamentos, suas amizades. Presume-se que tenham divulgado tudo de que dispunham a respeito.
O adversário vinha agindo de modo diferente. A estratégia dos propagandistas de Collor não incluía a intromissão no passado de Luís Inácio Lula da Silva nem como líder sindical nem muito menos remontou aos seus tempos de operário-torneiro, tão insistentemente lembrados pelo candidato do PT.
Até que anteontem à noite surgiu nas telas, no horário do PRN, a figura da ex-mulher de Lula, Miriam Cordeiro, acusando o candidato de ter tentado induzi-la a abortar uma criança filha de ambos, para isso oferecendo-lhe dinheiro, e também de alimentar preconceitos contra a raça negra.
A primeira reação do público terá sido de choque, a segunda é a discussão do direito de trazer-se a público o que, quase por toda parte, se classificava imediatamente de ‘baixaria’.
É chocante mesmo, lamentável que o confronto desça a esse nível, mas nem por isso deve-se deixar de perguntar se é verdadeiro. E se for verdadeiro, cabe indagar se o eleitor deve ou não receber um testemunho que concorre para aprofundar o seu conhecimento sobre aquela personalidade que lhe pede o voto para eleger-se Presidente da República, o mais alto posto da Nação.
É de esperar que o debate desta noite não se macule por excessos no confronto democrático, e que se concentre na discussão dos problemas nacionais.
Mas a acusação está no ar. Houve distorção? Ou aconteceu tal como narra a personagem apresentada no vídeo? Não cabe submeter o caso a inquérito. A sensibilidade do eleitor poderá ajudá-lo a discernir onde está a verdade – e se ela deve influenciar-lhe o voto, domingo próximo, quando estiver consultando apenas a sua consciência.
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fama-de-golpista-da-globo-roda-o MUNDO Al Jazeera English.
http://alemdarena.blogspot.com.br/2016/09/a-fama-de-golpista-da-globo-roda-o.html
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Rodrigo Lopes: Apreensão de cocaína gerou confronto Globo x Abi-Ackel
24 de outubro de 2014
por Rodrigo Lopes, especial para o Viomundo // http://www.viomundo.com.br/
Um livro a ser lançado nas próximas semanas promete abalar a relação entre o senador Aécio Neves (PSDB) e as Organizações Globo.
Trata-se da biografia autorizada de Ibrahim Abi-Ackel, ex-ministro da Justiça do governo João Figueiredo. Ele ocupou o cargo entre 1980 e 1985.
A obra, Ibrahim Abi- Ackel, Uma Biografia, escrita pela jornalista Lígia Maria Leite e prefaciada pelo senador Aécio Neves, diz que malotes da Rede Globo enviados para sucursal no exterior transportavam drogas.
Sete vezes deputado federal, entre 1975 e 2007, Abi-Ackel sofreu acusações no Jornal Nacional, em 1983, quando era ministro da Justiça, fruto de um confronto nos bastidores com o dono das Organizações Globo.
O livro dedica 10 páginas ao episódio.
Na página 359 o livro sustenta que a campanha promovida por Roberto Marinho contra Abi-Ackel nasceu de um engano do empresário, que acreditava que o ex-ministro havia determinado a apreensão de cocaína em malotes da emissora.
O texto atribui ao ditador João Figueiredo a seguinte explicação: “A campanha do Roberto Marinho contra o ministro Ibrahim Abi-Ackel se deveu a um engano do senhor Roberto Marinho. Os malotes da Rede Globo para Nova Iorque serviram de transporte para cocaína. A Polícia Federal apreendeu dois desses malotes e o Roberto Marinho nunca perdoou o Abi-Ackel, porque pensou que foi ele que mandou fazer a apreensão. Esse foi o motivo”.
Em 1983, depois que o norte-americano Mark Lewis foi preso na alfândega dos Estados Unidos com pedras preciosas brasileiras avaliadas em U$ 10 milhões, os ataques ao ministro no Jornal Nacional começaram.
Em mais de uma reportagem, a Globo acusou Abi-Ackel de envolvimento com o contrabando de pedras preciosas, o que nunca foi provado.
A biografia autorizada de Abi-Ackel foi financiada através da lei Rouanet de incentivo fiscal e recebeu patrocínio da estatal de energia elétrica Cemig e do Governo de Minas. No prefácio da obra, Aécio Neves enaltece a vida pública do colega de Câmara dos Deputados.
“Fomos deputados, ele repetidamente mencionado entre os dez parlamentares mais influentes do Congresso”, diz o texto (leia um trecho acima). Mais adiante, depois de listar as qualidades de Abi-Ackel: “Foram essa qualidades que me fizeram recorrer a ele, como governador, em 2006, para o comando da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, onde conduziu um trabalho exemplar”, destaca Aécio.
Quando Abi-Ackel foi inocentado das acusações que sofreu da Globo, a Folha de São Paulo noticiou:
Ackel é inocente no caso das turmalinas
por JOÃO BATISTA NATALI
Foi na manhã de 29 de março de 1985. A alfândega do aeroporto de Miami apreendeu um carregamento de águas-marinhas, esmeraldas, topázios e turmalinas.
O portador das pedras, Mark Lewis — cidadão norte-americano, na época morador em Anápolis (GO) — não conseguiu documentar ser dono do carregamento. Foi o estopim do chamado “escândalo do contrabando de pedras preciosas”, em que o ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel (1980-85) teve seu nome envolvido, sem que sua participação seja objeto de qualquer evidência.
Ainda corre hoje na Câmara pedido para abertura de processo contra o ex-ministro por peculato, por conta de acusação contra seu filho, Paulinho. O filho teria mantido escritório de advocacia em que protelava extradições ou obtinha vistos de residente para estrangeiros que dependiam do arbítrio do gabinete de seu pai.
“Eu fui o bode expiatório. Não era militar e também não tinha mandato”, disse à Folha o hoje deputado Abi-Ackel (PPB-MG). Sua suposta ligação com as pedras apreendidas é das mais tortuosas.
Lewis era apenas uma “mula” (portador). As pedras pertenciam em verdade a Antonio Carlos Calvares, dono da Embraima (Empresa Brasileira de Mineração, Importação e Exportação), em Goiânia.
Calvares procurou o ex-ministro, que voltara a advogar. Pediu que ele intercedesse em sua defesa. Deu-lhe uma procuração, que foi apresentada por um advogado norte-americano, Charles Hayes, como prova de que Calvares e Abi-Ackel eram sócios no contrabando.
Hayes disse isso em entrevista no “Jornal Nacional”, da Rede Globo. A Folha apurou que na época eram tensas as relações entre a Globo e Abi-Ackel. Hoje, o ex-ministro prefere não falar sobre essa dimensão do assunto. A Folha procurou Hayes, mas não há pistas dele.
Outro personagem-chave na história foi um delegado da Polícia Federal, Mário Machado Filho, que instruiu o inquérito em Goiânia. Ele se aposentou e hoje mora em Aracaju (SE). Disse à Folha ter tido a impressão de que Calvares, para se dar ares de importância, simulou um grau de familiaridade com o ministro que nunca possuiu. Um caso de mitomania.
Foi essa uma das conclusões que o delegado remeteu à sede da PF, em Brasília. O inquérito foi arquivado. Sem inquérito, não houve tampouco motivo para processo judicial.
Calvares destacou para falar com a Folha um dos executivos da Embraima que se apresentou como seu sobrinho. Para este, o caso já rendeu para a família “US$ 150 milhões” em indenizações por difamação, pagas por jornais norte-americanos.
No plano judicial, o que houve de concreto foi um “grand jury” em novembro de 1986 em Lexinton, Estado de Kentucky, para apurar responsabilidades de norte-americanos e estrangeiros no contrabando de pedras brasileiras.
Abi-Ackel não foi em nenhum momento citado por dar cobertura ou como responsável direto pelo tráfico.
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Aécio assina prefácio de livro inconveniente para Rede Globo
Jornal GGN – Nas próximas semanas deve ser lançada a biografia autorizada do ex-ministro da Justiça do governo João Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel. A obra promete abalar a relação entre Aécio Neves e as Organizações Globo. Isso porque o senador e candidato à presidência é autor do prefácio do livro, que dedica dez páginas para narrar o episódio da cocaína apreendida em malotes da emissora, que teria iniciado uma campanha de Roberto Marinho contra Ackel.
Enviado por Mara Baraúna
Do Viomundo
Por Rodrigo Lopes
Um livro a ser lançado nas próximas semanas promete abalar a relação entre o senador Aécio Neves (PSDB) e as Organizações Globo.
Trata-se da biografia autorizada de Ibrahim Abi-Ackel, ex-ministro da Justiça do governo João Figueiredo. Ele ocupou o cargo entre 1980 e 1985.
A obra, Ibrahim Abi- Ackel, Uma Biografia, escrita pela jornalista Lígia Maria Leite e prefaciada pelo senador Aécio Neves, diz que malotes da Rede Globo enviados para sucursal no exterior transportavam drogas.
Sete vezes deputado federal, entre 1975 e 2007, Abi-Ackel sofreu acusações no Jornal Nacional, em 1983, quando era ministro da Justiça, fruto de um confronto nos bastidores com o dono das Organizações Globo.
O livro dedica 10 páginas ao episódio.
Na página 359 o livro sustenta que a campanha promovida por Roberto Marinho contra Abi-Ackel nasceu de um engano do empresário, que acreditava que o ex-ministro havia determinado a apreensão de cocaína em malotes da emissora.
Leia a página:
O texto atribui ao ditador João Figueiredo a seguinte explicação: “A campanha do Roberto Marinho contra o ministro Ibrahim Abi-Ackel se deveu a um engano do senhor Roberto Marinho. Os malotes da Rede Globo para Nova Iorque serviram de transporte para cocaína. A Polícia Federal apreendeu dois desses malotes e o Roberto Marinho nunca perdoou o Abi-Ackel, porque pensou que foi ele que mandou fazer a apreensão. Esse foi o motivo”.
Em 1983, depois que o norte-americano Mark Lewis foi preso na alfândega dos Estados Unidos com pedras preciosas brasileiras avaliadas em U$ 10 milhões, os ataques ao ministro no Jornal Nacional começaram.
Em mais de uma reportagem, a Globo acusou Abi-Ackel de envolvimento com o contrabando de pedras preciosas, o que nunca foi provado.
A biografia autorizada de Abi-Ackel foi financiada através da lei Rouanet de incentivo fiscal e recebeu patrocínio da estatal de energia elétrica Cemig e do Governo de Minas. No prefácio da obra, Aécio Neves enaltece a vida pública do colega de Câmara dos Deputados.
“Fomos deputados, ele repetidamente mencionado entre os dez parlamentares mais influentes do Congresso”, diz o texto (leia um trecho acima). Mais adiante, depois de listar as qualidades de Abi-Ackel: “Foram essa qualidades que me fizeram recorrer a ele, como governador, em 2006, para o comando da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, onde conduziu um trabalho exemplar”, destaca Aécio.
Quando Abi-Ackel foi inocentado das acusações que sofreu da Globo, a Folha de São Paulo noticiou:
Ackel é inocente no caso das turmalinas
por JOÃO BATISTA NATALI
Foi na manhã de 29 de março de 1985. A alfândega do aeroporto de Miami apreendeu um carregamento de águas-marinhas, esmeraldas, topázios e turmalinas.
O portador das pedras, Mark Lewis — cidadão norte-americano, na época morador em Anápolis (GO) — não conseguiu documentar ser dono do carregamento. Foi o estopim do chamado “escândalo do contrabando de pedras preciosas”, em que o ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel (1980-85) teve seu nome envolvido, sem que sua participação seja objeto de qualquer evidência.
Ainda corre hoje na Câmara pedido para abertura de processo contra o ex-ministro por peculato, por conta de acusação contra seu filho, Paulinho. O filho teria mantido escritório de advocacia em que protelava extradições ou obtinha vistos de residente para estrangeiros que dependiam do arbítrio do gabinete de seu pai.
“Eu fui o bode expiatório. Não era militar e também não tinha mandato”, disse à Folha o hoje deputado Abi-Ackel (PPB-MG). Sua suposta ligação com as pedras apreendidas é das mais tortuosas.
Lewis era apenas uma “mula” (portador). As pedras pertenciam em verdade a Antonio Carlos Calvares, dono da Embraima (Empresa Brasileira de Mineração, Importação e Exportação), em Goiânia.
Calvares procurou o ex-ministro, que voltara a advogar. Pediu que ele intercedesse em sua defesa. Deu-lhe uma procuração, que foi apresentada por um advogado norte-americano, Charles Hayes, como prova de que Calvares e Abi-Ackel eram sócios no contrabando.
Hayes disse isso em entrevista no “Jornal Nacional”, da Rede Globo. A Folha apurou que na época eram tensas as relações entre a Globo e Abi-Ackel. Hoje, o ex-ministro prefere não falar sobre essa dimensão do assunto. A Folha procurou Hayes, mas não há pistas dele.
Outro personagem-chave na história foi um delegado da Polícia Federal, Mário Machado Filho, que instruiu o inquérito em Goiânia. Ele se aposentou e hoje mora em Aracaju (SE). Disse à Folha ter tido a impressão de que Calvares, para se dar ares de importância, simulou um grau de familiaridade com o ministro que nunca possuiu. Um caso de mitomania.
Foi essa uma das conclusões que o delegado remeteu à sede da PF, em Brasília. O inquérito foi arquivado. Sem inquérito, não houve tampouco motivo para processo judicial.
Calvares destacou para falar com a Folha um dos executivos da Embraima que se apresentou como seu sobrinho. Para este, o caso já rendeu para a família “US$ 150 milhões” em indenizações por difamação, pagas por jornais norte-americanos.
No plano judicial, o que houve de concreto foi um “grand jury” em novembro de 1986 em Lexinton, Estado de Kentucky, para apurar responsabilidades de norte-americanos e estrangeiros no contrabando de pedras brasileiras.
Abi-Ackel não foi em nenhum momento citado por dar cobertura ou como responsável direto pelo tráfico.
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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/
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Dez razões para não comemorar os 50 anos da Globo
publicado 26/04/2015
Envolta em escândalos, baixos índices de audiência e atos em prol da cassação de sua concessão, a TV Globo faz aniversário
por Ângela Carrato // http://www.cartacapital.com.br/
Sem o brilho de outras épocas, a TV Globo comemora cinco décadas de existência. Nunca a sua audiência esteve tão baixa. No dia 1ª de abril ocorreram atos em prol da cassação de sua concessão em diversas cidades brasileiras. O do Rio e Janeiro contou com 10 mil pessoas.
Artistas globais e a falecida viúva de Roberto Marinho integram a relação desuspeitos de crimes de evasão fiscal e serão alvo de investigação pela CPI do Senado, criada para analisar o caso batizado como “Suiçalão”.
Ao assumir a postura pró-tucanos durante a campanha eleitoral de 2014, a emissora perdeu parte da regia publicidade oficial com que sempre foi contemplada. Os protestos contra a TV Globo vão continuar e existem pelo menos 10 razões para que os setores comprometidos com a democratização da mídia no Brasil não tenham nada a comemorar neste cinquentenário.
1. Marinho ficou com o canal 4 – Nos idos de 1950, a rádio líder absoluta de audiência e mais querida do Brasil era a Nacional, de propriedade do governo federal. O sucesso era tamanho que animou seus dirigentes a solicitarem ao presidente Juscelino Kubitschek a concessão de um canal de TV. Juscelino considerou a reivindicação justa e prometeu para “ breve” a concessão.
No final de 1957, o Canal 4 era concedido para a inexpressiva Rádio Globo, de Roberto Marinho. As pressões do então magnata da comunicação, Assis Chateaubriand, foram decisivas contra a Rádio Nacional. Ele aceitava qualquer coisa, menos que a Nacional ingressasse no segmento televisivo. O Brasil perdeu assim a chance histórica de ter, no nascedouro, duas modalidades de televisão, a comercial e a estatal voltada para o interesse público como seria a TV Nacional.
2. O acordo que feriu os interesses nacionais - A TV Globo começou a operar de forma discreta em 26 de abril de 1965 e seus primeiros meses foram um fracasso de audiência. Sua operação só foi possível graças aos milhares de dólares que recebeu do gigante da mídia norte-americana Time-Life, apesar da emissora ainda hoje sustentar que se tratou apenas de “um contrato de cooperação técnica”. A realidade, fartamente documentada por Daniel Herz, no já clássico A história secreta da Rede Globo (1995) prova o contrário. Roberto Marinho e o grupo Time-Life contraíram um vínculo institucional de tal monta que os tornou sócios, o que era vedado pela Constituição brasileira. Foi este vínculo que assegurou à Globo o impulso financeiro, técnico e administrativo para alcançar o poderio que veio a ter.
3. Apoio à ditadura (1964-1985) - Durante quase 20 anos, TV Globo e governos militares viveram uma espécie de simbiose. Os militares, satisfeitos por verem na telinha apenas imagens e textos elogiosos ao “país que vai para a frente”, retribuíam com mais e mais benesses e privilégios para a emissora. Ela enfrentou alguns casos de censura oficial, após a edição do AI-5 em 1968, mas o que prevaleceu foi o apoio incondicional de sua direção aos militares e a autocensura por parte da maioria de seus funcionários. Some-se a isso que a TV Globo sempre se esmerou em criminalizar quaisquer movimentos populares.
4. Combate às TVs Educativas – No poder, algumas alas militares viram na radiodifusão um caminho para combater a “subversão” e, ao mesmo tempo, promover a integração nacional. Por isso, em 1965, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) solicita ao Conselho Nacional de Telecomunicações a reserva de 98 canais especificamente para a TV Educativa. Pouco depois, Roberto Marinho começava a agir.
O decreto-lei nº 236 de março de 1967 formalizava a existência das emissoras educativas, mas criava uma série de obstáculos para que funcionassem. O artigo 13, por exemplo, obrigava estas emissoras a transmitirem apenas “aulas, conferências, palestras e debates”, além de proibir qualquer tipo de propaganda ou patrocínio a seus programas. Traduzindo: as TVs Educativas estavam condenadas à programação monótona e à falta crônica de recursos. O que contribuiu para cristalizar a visão de que a Globo é sinônimo de qualidade.
5. O programa global de Telecursos - O projeto de Educação Continuada por Multimeios envolvia um convênio entre a Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o BID, a Fundação Roberto Marinho (FRM) e a Fundação Universidade de Brasília (FUB). Aparentemente, o objetivo era nobre: “o atendimento à educação de população de baixa renda do país, mediante a utilização e métodos não tradicionais de ensino”.
Na prática, o convênio ficou conhecido como Programa Global de Telecursos e atendia exclusivamente aos interesses da FRM. Através dele, a FRM pretendia, sem qualquer custo, apoderar-se do milionário “negócio” da teleducação no Brasil. Para tanto, esperava contar com recursos nacionais e internacionais inicialmente da ordem de 5 milhões de dólares embutidos em um pacote de 20 milhões de dólares solicitados pelo governo ao BID no início de 1982.
A tentativa das Organizações Globo de se apropriar dos recursos destinados às TVs educativas chega à imprensa no início de 1983. O “tiroteio” entre os jornais Globo e Folha de S.Paulo durou meses e o convênio, que acabou não sendo assinado, só foi sepultado três anos depois, com o fim do regime militar. Ainda hoje a FRM representa o Brasil em vários fóruns internacionais sobre educação.
6. O caso Proconsult - Leonel Brizola foi um dos políticos brasileiros mais combatidos pela TV Globo. Marinho nunca o perdoou por ter comandado a “rede da legalidade”, emissoras de rádio pró João Goulart, quando da renúncia de Jânio Quadros à presidência da República, em 1961. Com a vitória do golpe civil-militar de 1964, Brizola foi para o exílio e só pode retornar ao Brasil com a anistia, em 1979.
O Caso Proconsult foi uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para inviabilizar a vitória de Brizola para o governo do Rio de Janeiro. A fraude foi denunciada pelo Jornal do Brasil, então o principal concorrente de O Globo e relatada pelos jornalistas Paulo Henrique Amorim, Maria Helena Passos e Eliakim Araújo no livro Plim Plim, a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral (Conrad, 2005). Devido à participação de Marinho no caso, a tentativa de fraude é analisada no documentário britânico Beyond Citizen Kane, de 1993. A TV Globo defendeu-se argumentando que não havia contratado a Proconsult e que baseava a totalização dos votos em apuração própria. Em 15 de março de 1994, Brizola, como governador, voltou a vencer a TV Globo ao obter, na Justiça, direito de resposta na emissora contra críticas de que era vítima.
7. Ignorou as Diretas Já - O primeiro grande comício das “Diretas-Já” aconteceu em São Paulo, em 25 de março de 1984 e coincidiu com o 430º aniversário da cidade. A TV Globo tratou o comício da Sé como um dos eventos comemorativos do aniversário da cidade, diminuindo deliberadamente sua relevância política. Omissões semelhantes repetiram-se em outras capitais. De acordo com o ex-vice-presidente das Organizações Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, em entrevista ao jornalista Roberto Dávila, na TV Cultura, em dezembro de 2005, foi o próprio Roberto Marinho, quem determinou a censura daquele comício, impedindo que manifestantes fossem ouvidos e proibindo o aparecimento do slogan "Diretas Já".
A versão de Boni é diferente da que aparece no livro Jornal Nacional - A Notícia Faz História (Zahar, 2004), e que representa a versão da Globo. Aliás, a emissora vem tentando reescrever a sua história e, ao mesmo tempo, reescrever a própria história brasileira. A partir das Diretas-Já teve início a utilização, pelos movimentos populares, do bordão “O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo”.
8. Manipulação - Na eleição de 1989, a TV Globo manipulou o último e decisivo debate entre o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva e o do PRN, Fernando Collor. No telejornal da hora do almoço, a emissora fez uma edição equilibrada do debate. Para oJornal Nacional, houve instruções para mudar tudo e detonar Lula, editando-se os seus piores momentos e os melhores de Collor. Desde então, pesquisas e estudos sobre este “caso” têm sido feitas, destacando-se as realizadas por Venício A. Lima, professor aposentado da Universidade de Brasília.
9. Contra a democratização da mídia - Todos os países democráticos possuem regulação para rádio e televisão. No Reino Unido, por exemplo, a mídia e sua regulação caminharam juntas. Quando, em 2004, o governo Lula enviou ao Congresso Nacional projeto de lei criando o Conselho Nacional de Jornalismo, uma espécie de primeiro passo para esta regulação, foi duramente criticado pela mídia comercial, TV Globo à frente. Desde sempre, as Organizações Globo foram contrárias a qualquer medida que restrinja o poder absoluto que a mídia desfruta no Brasil. Prova disso é que o Capítulo V da Constituição brasileira, que trata da Comunicação Social, até hoje não saiu do papel.
Os compromissos dos mais diversos movimentos sociais brasileiros com a regulação da mídia foram reafirmados durante o 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, de 10 a 12 de abril em Belo Horizonte. Sua carta final, “Regula Já! Por mais democracia e mais direitos”, conclama movimentos sociais e ativistas a unirem forças para pressionar o governo a abrir o diálogo com a sociedade sobre a necessidade de se regular democraticamente a mídia.
10. Ativismo pró-impeachment - A mídia, em especial a TV Globo, tem tido papel protagonista nas manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT. Alguns estudiosos chegam a afirmar que dificilmente estas manifestações teriam repercussão se não fosse a Rede Globo. Em outras palavras, a Rede Globo, tão avessa à cobertura de qualquer movimento popular, entrou de cabeça na transmissão destas manifestações. No domingo 15/04, por exemplo, mobilizou, como há muito não se via, toda a sua estrutura com o objetivo de ampliar e dar visibilidade a estes atos. A título de comparação, as manifestações de 13/04, que também aconteceram em todo o Brasil e defenderam a Reforma Política, não mereceram cobertura tão dedicada da sua parte.
Nas redes sociais, internautas repudiaram a cobertura feita pela TV Globo e alcançaram, durante 48 horas ininterruptas, para a hashtag #Globogolpista, a primeira posição entre os assuntos mais comentados do Twitter. Novos protestos estão previstos.
Este já é o pior aniversário da TV Globo em toda a sua história.
*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Este artigo foi publicado no blog Estação Liberdade
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Rede Globo de Alienação?
http://www.pedromundim.net/
Por décadas, a grande Besta Negra dos intelectuais tem sido o sr. Roberto Marinho. Sejam intelectuais de esquerda ou de centro (de direita quase não há), ativistas ou acomodados, artistas ou acadêmicos, ninguém gosta desta figura sinistra. Uns consideram-no o Doutor Fausto, outros o próprio Mefistófeles. Atribuem-lhe ciladas traiçoeiras, ardis maquiavélicos, total falta de escrúpulos, ligações suspeitas, oportunismo despudorado, farsas dissimuladas, imenso poder tentacular, como um polvo; sobre ele chegam a correr lendas urbanas que o dão como falecido e secretamente substituído por um testa-de-ferro, sob o comando de poderes ocultos. Foi ele o diabólico criador da Rede Globo de Alienação, que controlaria a mente de milhões de brasileiros e os manteria dóceis e obedientes à elite dominante.
Por absoluta falta de dados e de interesse, não tenho nenhuma intenção de discutir o caráter do sr. Roberto Marinho, nem de afirmar se são verdadeiras ou falsas as acusações que lhe imputam. Mas pode-se discutir a real dimensão de seu poder, e o motivo do imenso sucesso comercial da Rede Globo. A versão aceita é de que tudo começou quando ele abraçou a causa da revolução de 64, fato que lhe renderia toda a sorte de facilidades da parte do novo regime. Bem, isso pode explicar como a TV Globo começou, mas não como ela chegou ao ponto onde chegou. E, teorias conspiratórias a parte, a explicação do sucesso da Globo, a meu ver, é bem simples. É a mesma razão de todo o empreendimento de sucesso: ela é orientada ao mercado. Em outras palavras, ela exibe ao telespectador aquilo que o telespectador quer ver.
Mas é isso o que o povo quer ver? Não, de modo algum, isto é o que ele é induzido a ver! Tudo efeito dos poderes hipnóticos do sr. Roberto Marinho, verdadeiro Goebbels renascido, no comando de uma sinistra organização de especialistas em desinformação a soldo do imperialismo norte-americano. Já ouvi uma universitária, certa vez, a afirmar com toda a solenidade que a Globo estaria empregando o método Paulo Freire ao contrário, visando alienar a sociedade inteira. Os intelectuais repetidamente criticam a Globo por falsear nossa realidade social, mostrando novelas onde todos os personagens são ricos e cheirosos. Mas como Joãozinho Trinta teve a coragem de dizer, quem gosta de miséria é intelectual, o povo quer é luxo... Para a infelicidade de nossa garbosa elite pensante, o povão não quer saber de pobre nem de revolução. Fenômeno similar ocorre em Portugal, onde as pessoas mais letradas lamentam que o país esteja invadido por novelas da Globo, produto de baixo valor cultural. Mas o sucesso destas novelas em terras lusitanas é uma evidência de que o nível mental do povo português, no fim das contas, não é muito diferente do brasileiro. Acredito ter chegado ao cerne da questão: o sr. Roberto Marinho é tão odiado pelos intelectuais porque ele comete o crime de dolorosamente mostrar aos intelectuais que o povo não é como eles gostariam que fosse...
Mas que a Globo é um sucesso, isso ninguém discute. Basta visitar qualquer barraco na favela: pode faltar tudo, mas a TV é sempre de último modelo. Já escutei a piada segundo a qual o pobre prefere comprar uma TV a uma geladeira porque, se abre a geladeira, ele não vê nada, mas se liga a televisão, ele vê tudo. Repetidas vezes ouvi "madames" indignadas por saber que suas domésticas possuem eletrodomésticos mais modernos que os delas, e vêem nisso a prova da irresponsabilidade que atribuem aos pobres, que "passam fome" e mesmo assim querem comprar uma TV último tipo. Quanto a mim, sou de opinião que o pobre sabe muito bem o que faz na vida, e se prefere comprar uma TV a fazer uma boa feira, é porque a TV lhes dá mais satisfação. E tem certo valor, sim. A televisão é a forma mais rala e massificada de difusão cultural, mas sem dúvida que é melhor do que nada. E distrai, sim. A distância social não impede que os pobres se identifiquem com os personagens ricos das novelas, e chorem por seus dramas. É a magia do Padrão Global. Em qualquer lugar do mundo, novelas são estigmatizadas por serem produções rasteiras e bregas, a ponto de serem conhecidas internacionalmente pela denominação irônica de "soup opera" (ópera de sabão), que vem dos tempos do rádio e remete aos intermináveis seriados baratos e patrocinados por uma fabriqueta de sabão qualquer, que as pessoas simples gostavam de acompanhar por não terem mais o que fazer. Por que a novela brasileira tem um padrão de qualidade diferente? Há nesse fato alguma coisa ligada a nossas peculiaridades, que nos diferenciam dos demais países latino-americanos?
Com certeza, a diferença entre as novelas brasileiras e as "mexicanas" é flagrante. Nada de tramas inverossímeis, coincidências incríveis, aristocratas que em pleno século 21 habitam mansões senhoriais ao invés de condomínios elegantes; nada de interpretações duras e falas empoladas, nem de latinos gélidos como nórdicos. O universo social, entretanto, é o mesmo: tanto nas novelas brasileiras como nas "mexicanas" o mundo é composto apenas de ricos e pobres, sem classe média. Digo novela mexicana entre aspas porque na verdade as novelas seguem este padrão em todas as partes do mundo, só a brasileira é diferente. E bem diferente. Aqui o tempo é o presente e a linguagem é a coloquial. Os acontecimentos que impactam o nosso dia-a-dia também impactam o dia-a-dia dos personagens. As locações são lugares que nos são familiares e os personagens se parecem com pessoas que conhecemos, só que... não são reais. Tudo é revestido de um discreto retoque para se acomodar ao Padrão Global.
E é este retoque a verdadeira razão do sucesso comercial das novelas da Globo. Não é um remendo tosco, é um retoque cuidadoso e esmerado. São mostradas as diferenças sociais e as mazelas morais, mas os aspectos repulsivos são eliminados. Os humildes empregados tem boas roupas e falam direito. A ex-menina de rua parece uma gatinha da zona sul. Os imigrantes do século 19 têm todos os dentes na boca e suas cozinhas são limpinhas. A garota de programa só cobra em dólares. Enfim, a Globo não mostra nada que não exista, mas tudo competentemente retocado pelo Padrão Global, que produziu esta notável invenção: o pobre que não fede.nenhum pobre gosta que lhe lembrem de que é fedido, é com prazer que ele assiste às novelas da Globo. O visual exuberante e os personagens "gente fina" das novelas brasileiras, o visual démodé os personagens esquemáticos das novelas latinas, o quadro social só de ricos e pobres em ambos os casos, tudo isso ilustra nossa semelhança e nossa diferença em relação aos demais sul-americanos: não somos, em média, nem mais ricos nem mais cultos do que eles, mas sem dúvida somos bem mais diversificados e cosmopolitas.
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Eduardo Guimarães, em seu blog // http://www.pragmatismopolitico.com.br/
Ouso dizer que se de repente a Globo simplesmente evaporasse da face da Terra, nem os outros braços do aparato político-ideológico-midiático que a organização multimídia da família Marinho lidera iriam chorar por seu sumiço; comemorariam com fogos de artifício
A parcela da sociedade política e ideologicamente alinhada aos governos progressistas que há uma década vêm conseguindo manter o poder contra essa máquina midiática, vem cometendo um erro de avaliação sobre o que convencionou chamar de “grande mídia”.
A Globo não prejudica o resto da comunicação no Brasil apenas ficando com quase tudo em termos de publicidade oficial e privada. A hegemonia da organização da família Marinho prejudica o país ao impor costumes, vetar projetos governamentais, leis, ao difundir ignorância, preconceito e muito mais.
Hoje, no Brasil, há um só grupo de mídia que, nadando contra a corrente que arrasta outros grandes grupos, vem obtendo lucros estratosféricos, crescendo e se solidificando a cada ano: as Organizações Globo.
É um fenômeno impressionante. De 2002 a 2012, a Globo perdeu 22% de sua audiência em rede nacional. Em 2002, no Painel Nacional de Televisão (PNT), a média diária da emissora, entre 7h à 0h, era de 22,2 pontos. De janeiro a agosto de 2012, a média diária foi de 17,4 pontos. Cada ponto equivale a 191 mil domicílios no país.
Em uma década, porém, a participação da Globo nos investimentos publicitários em TV aberta se manteve em 70%. O faturamento bruto da TV aberta da Globo com anúncios passou de R$ 5,65 bilhões em 2002 para R$ 18 bilhões em 2011.
Mais impressionante ainda: o lucro da Globo, ano passado, subiu 36% e chegou a R$ 2,9 bilhões – um aumento de 35,9% ante o resultado do ano anterior –, apesar da queda de audiência.
O paradoxo entre queda de audiência e aumento do faturamento se deve à estratégia multimídia das Organizações Globo. Além da principal emissora de TV do país, o grupo também detém jornais e revistas, além de participação em empresas como a Net e Sky e nos canais pagos da Globosat, como SporTV, Multishow e Telecine.
Não existe país nenhum no mundo com um império de comunicação como esse.
Isso ocorre enquanto outros grandes grupos de mídia como a Rede Record, o Grupo Folha, o Grupo Estado e a Editora Abril vêm amargando seguidos prejuízos.
O mais impressionante é o resultado publicitário da Globo no que tange a verbas oficiais. Apesar da queda de audiência, as plataformas de mídia globais açambarcam 64% das verbas de publicidade do governo federal.
Como resultado dessa ditadura midiática e política, os irmãos João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto Marinho ocupam, respectivamente, o 7º, o 8º e o 9º lugares na lista que a revista Forbes publica dos homens mais ricos do Brasil.
João Roberto e Roberto Irineu acumulam hoje uma fortuna de 8,7 bilhões de dólares cada um. Já José Roberto tem uma fortuna estimada em 8,6 bilhões de dólares.
Como não existe um marco regulatório que vete a monopolização de tantas plataformas de mídia – que, em enorme parte, são concessões públicas entregues aos Marinho pelo governo federal –, enquanto a Globo lucra como nunca os grupos de mídia que atuam politicamente em consonância com a ditadura global vão ficando com as gordas migalhas que caem da mesa, mas que não bastam para impedir-lhes os problemas financeiros.
Mas por que, então, vemos impérios de comunicação como o Grupo Folha, o Grupo Estado, a Editora Abril e outros aliarem-se à guerra aberta que a Globo, de forma aparentemente inexplicável, trava com um governo federal que se entrega à sua voracidade por dinheiro e concessões públicas?
A questão parece ser muito mais ideológica do que prática. Apesar de forrar as Globos com a parte do leão das verbas e das concessões públicas, os governos do PT são vistos pelo resto da grande mídia como inimigos do capitalismo.
As famílias Frias, Mesquita, Civita e congêneres acham que um governo tucano, por exemplo, distribuiria mais benesses ainda e as salvaria de uma situação que, em verdade, deve-se à voracidade Global.
Assim, os governos do PT tornaram-se o inimigo comum de grupos de mídia que, por trás da aparente cordialidade, são adversários ferozes na disputa pelas benesses do Estado.
Mas a Globo não prejudica o resto da comunicação no Brasil apenas ficando com quase tudo em termos de publicidade oficial e privada. A hegemonia da organização da família Marinho prejudica o país ao impor costumes, vetar projetos governamentais, leis, ao difundir ignorância, preconceito e muito mais.
Roberto Marinho e o general João Batista Figueiredo (Foto: Divulgação)
O padrão “racial” da publicidade e da televisão brasileiras, por exemplo, que exclui a verdadeira etnia de nosso povo, é oriundo de uma visão da Globo sobre o país. Novelas, publicidade, tudo o que se vê retrata um país de aparência europeia porque a Globo criou e mantém esse padrão.
A ausência de programas que discutam o país, que se aprofundem em debates importantes, inclusive políticos, é oriunda de uma programação da Globo feita para emburrecer e alienar o espectador.
Como a Globo é uma receita de sucesso, seu padrão é seguido pela concorrência na mídia eletrônica, sobretudo na televisão. Haja vista as cópias de excrescências como o Big Brother em outras emissoras, das novelas bobinhas com elenco ariano etc.
A teledramaturgia global, em particular, é dramática – para fazer um trocadilho. Novela após novela é encenada no eixo Rio-São Paulo, com enredos que se repetem sem parar, com vilões e mocinhos – e mocinhas – idênticos, sempre exaltando as classes sociais abastadas a que a cúpula da Globo pertence.
Todo esse poder da Globo se deve à sua capacidade de chantagear a classe política. Executivo, Legislativo e Judiciário ajoelham-se no altar Global de Norte a Sul do país. Nem a Presidência da República escapa.
Apesar de não vir conseguindo eleger o presidente da República desde 2002, a Globo, ao levar escândalos reais e inventados ao Jornal Nacional, novelas, programas humorísticos etc., selecionando os que quer expor e os que quer esconder, consegue a subserviência da República aos seus ditames.
Se até os grandes grupos de mídia além da Globo estão sendo sufocados por ela, imaginemos o que acontece com a mídia dita “alternativa”, que deve desaparecer em poucos anos se nada mudar.
Todavia, a própria grande mídia – Globo excluída – não deve resistir tanto assim. Com o passar do tempo, os Marinho irão adquirindo participações de tudo até que estabeleçam um imenso monopólio da comunicação nacional.
Não existe um só país da importância do Brasil e no qual vigore regime verdadeiramente democrático que tenha praticamente toda a comunicação nacional sob o tacão de uma única família, de um único império empresarial de comunicação.
Após uma década de governos progressistas que conseguiram distribuir renda, diminuir a pobreza e avançar em termos de solidificação da economia, com aumento exponencial de infraestrutura etc., o Brasil caminha para a Idade Média nas comunicações.
Como livrar o pais da ditadura da Globo? Boa pergunta. Se nem após dez anos de governos do PT conseguimos dar um mísero passo para desconcentrar o poder que a família Marinho começou a acumular graças à ditadura, parece quase impossível mudar isso agora.
A Globo não tem hoje menos poder, tem mais, muito mais. E esse poder está crescendo a cada ano. E se em 2013 conseguir colocar um despachante no lugar de Dilma no Palácio do Planalto, melhor será mudar o nome do país para República Global do Brasil.
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A história inabalável: Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar
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Leia a seguir, na íntegra, o posicionamento histórico e irreparável do jornal da família Marinho durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.
Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril de 1964
“Ressurge a Democracia”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar. (Reprodução)
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”
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A emissora já negou, mas pequenas notas em colunas de jornal e sites sobre audiência indicam que o boicote proposto pelos evangélicos afetou a programação da Rede Globo
A aproximação com os evangélicos vem se desenhando há algum tempo, incluindo contratos de artistas gospel com a gravadora Som Livre, a exibição do Festival Promessas e o encontro com pastores para discutir a maneira como os personagens evangélicos são retratados.
Outro fato que merece destaque é que o São Jorge, “padroeiro” da novela das 21 horas foi esquecido. Desde o início da trama muitos evangélicos diziam que não queriam fazer um culto a Ogum, como a figura é conhecida nas religiões afro-brasileiras.
O protagonista Théo (Rodrigo Lombardi), que era tão devoto nos primeiros capítulos, não aparece mais acendendo velas nem fazendo rezas para o santo. Não há referências diretas ao santo por parte dos outros personagens.
Várias fontes estão anunciando que a novela tem atualmente um dos piores índices de audiência dessa faixa horária e não conseguiu conquistar o público. Jornalistas acreditam que os posts evangélicos de manifesto nas redes sociais afetaram o desempenho. Inicialmente a trama deveria ficar no ar até junho, mais foi encurtada em duas semanas e chegará ao fim em maio.
Sua substituta será “Em Nome do Pai”, que teve a estreia antecipada. As gravações do folhetim de Walcyr Carrasco já estão em andamento e deve ter, entre outras histórias paralelas a primeira “mocinha evangélica” de uma trama global, uma ex-periguete que se converte e se torna cantora gospel. Outra trama de destaque é para um ex-homossexual que deve viver uma relação séria com uma mulher.
Mais recentemente, houve mudança numa das novelas programadas para estrear este ano. Ao invés de “Pequeno Buda”, foi rebatizada de “Joia Rara”. O motivo seria o temor da emissora que ocorresse outra campanha dos evangélicos contra o título que remete ao fundador do budismo. O folhetim de Thelma Guedes e Duca Rachid entrará no ar no final do ano na faixa das 18h, após o fim de “Flor do Caribe”, que estreia este mês.
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por : Paulo Nogueira // http://www.diariodocentrodomundo.com.br/
Foram quase 6 bilhões de reais nos últimos dez anos em cima de uma lógica altamente discutível.
Interessa incentivar uma programação que vai dar em coisas como o BBB?
Primeiro, a boa notícia: a transparência nos gastos com publicidade no governo.
Transparência é detergente: elimina muita sujeira.
Então seguem as palmas à Secretaria de Comunicação, a Secom, por detalhar onde o governo coloca seu dinheiro.
Depois, a má notícia: a lógica do investimento “técnico”, graças ao qual a Globo desde 2000 levou quase 6 bilhões de reais do governo, não se sustenta.
Presumo que, ao expor seus gastos à sociedade, a Secom esteja não só dando satisfações ao contribuinte mas, acima de tudo, propondo debate.
Vamos a ele.
A análise técnica não leva em consideração que, agindo como age, a Secom está perpetuando uma situação de monopólio construída em circunstâncias obscuras durante o governo militar.
Interessa alimentar o monopólio apenas porque ele é monopólio, ou você pode e deve corrigir situações em que a concorrência é desleal?
Se existe um consenso de que a desconcentração da mídia é essencial para a democracia, por que o governo, na publicidade, incentiva a concentração?
Como este incentivo cego e bilionário cabe dentro da lógica é essencial, para a democracia, que não exista monopólio na mídia?
O que aconteceu nos investimentos publicitários governamentais, nestes dez anos de PT, foi pegar uma situação – a de 2002 – e simplesmente encampá-la, sem nenhuma crítica.
A virtude da “isenção” ficou a serviço do vício.
Partiu-se de uma base que deve muito – quase tudo — a favores concedidos pelos governos militares a Roberto Marinho, “nosso mais fiel e constante aliado na mídia”, como se referiu a ele o ministro da justiça de Geisel, Armando Falcão.
Ora, se a base é viciada, trate de corrigi-la, em vez de perpetuá-la.
O governo não fez isso.
Por quê? Porque não viu, ou porque viu mas não teve coragem de fazer algo que certamente mobilizaria toda a capacidade formidável da Globo de retaliar em nome do, aspas, interesse público?
Cada qual fique com sua conclusão. Nenhuma das duas hipóteses é exatamente positiva.
Ouvi algumas pessoas dizerem que, do ponto de visya jurídico, é difícil alterar essa aberração. Ora. A isso contraponho Brecht. “Não aceite o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.”
Clap, clap, clap: nada deve parecer impossível de mudar.
O investimento cego ignora também o BV, a infame propina legal mas imoral com a qual a Globo mantém acorrentadas as agências de publicidade.
O BV foi mais uma invenção da Globo. Ela adianta o dinheiro que as agências vão colocar nela, e isso tem sido a principal fonte de renda muitas das agências.
Quem milita no meio corporativo jornalístico – eu fiz isso por 25 anos – sabe o veneno ético e moral representado pelo BV. Fora tudo, é uma agressão à luz do dia ao conceito de concorrência e meritocracia capitalista.
Será que nunca a sociedade brasileira vai se livrar desse tipo de mamata legalizada?
Sempre achei irônico o comportamento da mídia à concorrência predadora da Globo. Em meus anos na Abril, diversas vezes comentei o que para mim é bizarro: a maciça, exagerada, bovina cobertura dada à Globo. Quantas capas da Veja e páginas da Ilustrada dedicadas a novelas emburrecedoras e medíocres que, como mostra o Ibope, vão marchando para o bem-vindo ostracismo? A Globo sempre pisou na concorrência, e recebeu, paradoxalmente, o oposto disso — louvores que só tornaram mais contundentes ainda as sucessivas pisadas.
Por fim, você faz tudo isso para dar no quê? Num jornalismo à Jabor, à Merval, à Ali Kamel? Em entretenimento como o BBB e as novelas que incentivam os brasileiros a se encher de cerveja em merchans multimilionários da Ambev e empurram o jogo de futebol para horários em que os típicos torcedores já estão exaustos?
Ou ainda: você faz isso para consolidar a posição dos três Marinhos na lista de bilionários da Forbes?
De toda forma, louve-se a publicação do Secom porque, sem ela, não seria possível discutir um assunto tão relevante para os brasileiros.
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