sábado, 29 de outubro de 2016

A FIESP vai ao governo contra a lei do conteúdo nacional, por J. Carlos de Assis

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Movimento Brasil Agora
A FIESP vai ao governo contra a lei do conteúdo nacional
por J. Carlos de Assis
A FIESP foi ao governo que elegeu para lhe propor (ordenar?) a redução de 70 para 40% do percentual de conteúdo nacional em equipamentos importados para a indústria, essencialmente  a de petróleo, a única que ainda cresce nesse momento de crise. É uma inacreditável manifestação de entreguismo por parte desse vendilhão da pátria, chamado Paulo Skaf, que comanda a maior central de patifarias na área industrial em defesa de interesses próprios que faz prevalecerem, por exemplo, sobre os interesses dos trabalhadores ameaçado pelo desemprego ou já sofrendo suas consequências.

A lei do conteúdo nacional é principalmente uma lei de proteção do emprego e da tecnologia nacional. Todos os países do mundo, quando ainda em processo de desenvolvimento, recorreram a alguma forma de proteção da indústria interna. É o óbvio. Sem proteção a empresa nacional é liquidada pela concorrência de empresas estrangeiras em condições tecnológicas mais avançadas. E sem proteção da empresa, desaparece o emprego, razão essencial para uma política industrial de proteção.
Acontece que o senhor Paulo Skaf, que se apoderou e se mantém por meios escusos na presidência da Fiesp, está longe de ser um industrial verdadeiro. Todo mundo em São Paulo sabe que ele não tem indústria, como é também o caso do presidente da Firjan, no Rio. É um vigarista. Elegeu-se e continua se elegendo presidente da entidade recorrendo à manipulação de eleitores fantasmas. Estes últimos são sindicatos de gaveta, cujas empesas desapareceram por muito tempo mas que são preservadas para as manobras eleitorais. Por exemplo, sindicatos de padeiros tem o mesmo peso, na Fiesp, que a indústria automobilística.
Tudo isso teria importância relativa se o senhor Skaf não tivesse sentado em cima de um caixa anual de R$ 3,8 bilhões de dinheiro público que ele gasta com total de e desenvoltura, comprando a grande imprensa. É dinheiro acima do que dispõem a esmagadora maioria dos ministérios. As pessoas pensam que é dinheiro de origem empresarial, mas não é. A quase totalidade é dinheiro do Sesi e do Senai, que o vigarista usa, por exemplo, para pagar deputados em projetos de seu interesse, invariavelmente contra o povo. Agora mesmo a Fiesp, o Sesi e o Senai assinaram anúncio de R$ 15 milhões nos jornais em defesa da sórdida PEC-241, que virou PEC-55 no Senado.
É inacreditável, mas o senhor Skaf não cuidou sequer de esconder a origem pública do dinheiro usado para promover uma lei antes de ser aprovada. No caso do impeachment, ele foi mais discreto. Promoveu uma reunião em São Paulo para juntar R$ 700 milhões a fim de comprar deputados em favor do sim naquela deplorável votação na Câmara, mas apenas os presentes ao encontro e os seus beneficiários (entre os quais meu informante) souberam de suas intenções. Como os industriais reagem às manobras do senhor Skaf? A maioria se conforma porque sabe que o caixa manipulado pelo senhor Skaf é muito poderoso.
Entretanto, que dizer dos órgãos púbicos, da Promotoria, da Justiça? Como o senhor Skaf não é do PT, mas simpatizante do PSDB, goza de uma certa carta de alforria para fazer o que bem entende com o dinheiro do Sesi e do Senai, inclusive comprar deputados. E que dizer dos parlamentares da oposição? Ah, este estão de tal forma esmagados pelo rolo compressor  das pautas-bomba no Congresso que acham que não vale a pena cuidar de um tema menor como o do esbulho do Sesi. A imprensa não comprada, naturalmente, ignora essa situação porque não pertence à esfera discriminatória do juiz Sergio Moro. Enquanto isso la nave va!
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Já dei notícia da criação do Movimento Brasil Agora, que reúne personalidades indignadas da sociedade civil com o processo atual de degradação das instituições republicanas e, em parte, da própria sociedade. Pois bem, nosso foco é 2018. Chegando lá vamos acertar as contas com gente como Paulo Skaf, sem falar na canalha que ocupa ilegitimamente postos de mando na superestrutura da República. Acho que teremos muitos aliados nessa luta.
J. Carlos de Assis - Economista,  professor, doutor pela Coppe/UFRJ.

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