Seria ridículo não fosse trágico para a democracia, a tal denúncia do Ministério Público do Distrito Federal contra Lula e a Odebrecht.
O Estadão sauda em letras garrafais, desinformando que a denúncia partiu da Procuradoria. Só no texto se fica sabendo que é da Procuradoria do Distrito Federal.
Na denúncia, os procuradores Francisco Guilherme Bastos, Ivan Cláudio Marx e Luciana Loureiro Oliveira praticam a forma de manipulação que já denunciei no Xadrez. Juntam fatos dispersos, decisões de política pública, e encaixam a marteladas relações de causalidade.
Os fatos em questão:
1. Os financiamentos do BNDES para exportação de serviço, acessíveis a qualquer empresa brasileira.
2. O fato da maior parte dos financiamentos ter sido para Angola.
3. Os benefícios dos financiamentos para Angola, entre os quais "um dos menores prazos médios de concessão de empréstimos". Ignorantes, inverteram a relação de causalidade: quanto maior o prazo médio, maior a vantagem do tomador.
4. O fato de uma empresa do filho do irmão da primeira esposa de Lula ter conseguido contratos com a Odebrecht. E, nas viagens de Lula à Angola, ter sido apresentado a empresários angolanos.
5. O fato de, durante o mandato de Lula, maior empreiteira brasileira ter obtido US$ 350 milhões em financiamentos - uma mixaria para o setor de infraestrutura. E mais US$ 2 bilhões em 22 outros contratos, depois do governo Lula. O que deveria ser saudado como um feito nacional - 22 obras brasileiras no exterior viabilizadas pelos financiamentos do BNDES - é utilizada para criminalizar Lula. Enquanto os concursos públicos não incluírem princípios básicos de economia e finanças, o MPF continuará sujeito a demonstrações rotundas de ignorância.
6. O fato de, em 2010, Lula ter participado de reunião da Diretoria de Administração do BNDES, oportunidade em que “por orientação do presidente Lula”, ficou decidido que o banco público elaboraria uma agenda de ações para o período de 2011 a 2014. “Ao findar o mandato de presidente da República em dezembro de 2010, Lula deixou criadas as bases institucionais, no âmbito do BNDES, para que tivesse continuidade, nos anos seguintes, o esquema de favorecimento, mediante financiamentos internacionais, a empresas ‘escolhidas’ para exportação de serviços a países da África e América Latina”, reitera um dos trechos do documento enviado à Justiça.
8. As palestras de Lula nesses países. Denunciam Lula por tráfico de influência e não admitem que sua influência mais que justificaria palestras nos países prospectados pelos clientes.
E tudo isso para beneficiar o filho do irmão da primeira esposa de Lula.
Não há limites para o ridículo nessa campanha do Ministério Público Federal.
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