quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A mídia brasileira e a formação de nosso povo


Omar dos Santos

De acordo com os atuais padrões socioculturais de nossa sociedade, sou um camarada esquisito. Tenho hábitos que não combinam com o que está na moda.
Não gosto de novelas, e quando as vejo, o que me chama a atenção é o assassinato da lógica e da verossimilhança, a afronta à inteligência do telespectador, a negação contumaz do decoro, afora, e isto é o mais grave, a descarada pregação da pornografia, da luxúria, da imoralidade e de todo tipo de canalhice, como se tudo isto virtude fosse.

Não leio jornais ou revistas, descobri com o “Raulzito” que sou capaz de mentir sozinho. Não tenho mais paciência para aguentar tanta abjeção dos empresários da comunicação de massa e a enorme covardia dos jornalistas.
Já fui fanático por cinema, simplório é verdade, mas quando reduzi o grau de minha imbecilidade, entendi o quanto servi de “inocente útil” ao opressor que cobra do próprio oprimido, o preço de aliená-lo a seus interesses usurpadores, sobretudo, o colonizador “ianque”.
As rádios e televisões que prestigio são verdadeiras campeãs de baixa audiência. Com isto me desobrigo da tarefa de ver as mesmas caras, ouvir as mesmas falas e as mesmas músicas, assistir ao mesmo circo de horrores que são os noticiários. Não tenho que me irritar com as mesmas tendenciosidades e parcialidades com que são veiculadas as notícias. Acima de tudo, eximo-me de testemunhar o verdadeiro e cotidiano atentado que os “doutos profissionais da palavra” cometem contra a nossa língua de cultura.
Quando havia artistas, gostava muito de espetáculos ao vivo, mas com o tempo me desencantei. Não aceito contribuir para o crescimento desta verdadeira indústria de artistas inframedíocres que dominam nossas artes e nossa cultura em geral. Teria muitos outros aspectos a criticar, mas o texto tem que andar, portanto vamos ao ponto.
Numa avaliação simples, pessoal é verdade, farei uma análise das relações entre a mídia brasileira e a formação de nosso povo. Vale lembrar aqui os ensinamentos de dois de nossos maiores educadores, os mestres Paulo Freire e Demerval Saviani, que sempre defenderam a ideia de que a formação do cidadão ético, crítico e competente é tarefa de toda a sociedade, não podendo, como querem nossas elites formadoras de opinião, ser uma obrigação exclusiva da família e da escola.
 Nesta perspectiva, não há que hierarquizar os agentes da ação formadora, mas entendê-la, a ação, como de responsabilidade não só do Estado e da família, mas também das várias organizações da sociedade como a igreja, a mídia, os partidos, os sindicatos, a justiça, os sistemas de segurança etc. Os avanços da pedagogia, da sociologia e da psicologia desabonam radicalmente as antigas crenças de que a escola é um mundo a parte, onde o cotidiano e as experiências da existência concreta dos homens não entram. Ao contrário, a escola é um espaço privilegiado para que as pessoas se apropriarem do saber elaborado com objetivo de entender e transformar o mundo em que vivem suas vidas. Tal apropriação só é possível a partir de vivências articuladas com a realidade concreta.
Neste texto, tratarei das responsabilidades da mídia em função da relevância de seu papel informativo e formativo e do tamanho de sua capacidade e de seu poder no processo de persuasão do povo.
Assim definida a importância social da mídia, o primeiro aspecto que se avulta é uma “baita” contradição entre sua prática e sua serventia teoricamente definida. Não se deve esquecer que todas as sociedades modernas consideram e utilizam a comunicação de massa como ferramenta essencial para a formação de seus indivíduos e, por consequência, para a sua própria.
Começo pela contribuição de nossa imprensa para nossa formação e, por consequência, para a consolidação da identidade cultural do povo brasileiro, já que esse é, e sempre foi, um fenômeno social absolutamente decisivo para o processo de desenvolvimento de todas as nações da Terra.
Buscando contextualizar esta reflexão, começo apresentando alguns exemplos que ilustram muito bem o modelo jornalístico e midiático que nossa imprensa privilegiou e privilegia na definição de sua programação.
Em meu tempo de criança, quando havia uma tragédia em minha Uberaba, um acidente, um assassinato ou uma catástrofe, o “menino jornaleiro” vinha gritando pela rua afora:
– Jornaleiro! Olha o jornaleiro! Compre o jornal! Deu crime! Compre o jornal!
Em outras vezes gritava o menino:
– Jornaleiro! Olha o jornaleiro! Acidente mata dez! Compre o jornal! Teve acidente!
E é claro que aquelas crianças não sabiam que, na ótica dos jornalistas, era a desgraça alheia que vendia jornal.
Outra memória mais recente me marca até hoje. Como professor, sempre entendi que educar é bem mais que levar os alunos a memorizem informações, na maioria das vezes sem nenhuma serventia, e pronto. Pois bem, à época, havia em uma de nossas emissoras de televisão, um programa direcionado ao público infantil e juvenil – os “baixinhos”. A apresentadora, que se consagrou como rainha desses, foi o modelo que inspirou o surgimento de uma verdadeira enxurrada desse tipo de programação, que tanto atrapalhou a formação do caráter de nossos jovens, principalmente das meninas.
Buscando o desenvolvimento do senso crítico dos alunos diante dos conteúdos veiculados pela mídia, muitas vezes eu usava em sala de aula, exemplos de programas de televisão e rádio e textos de jornais e revistas. A ideia era levá-los a refletir sobre os objetivos, a qualidade e, sobretudo, as ideias subliminares encafurnadas no interior dos textos publicados. No caso do citado programa, procurava levá-los a entender a essência e as verdadeiras intenções do mesmo.
Procurava demonstrar que a quase totalidade das empresas midiáticas de nosso país não tinha nenhum compromisso com os valores culturais brasileiros nem com os interesses da maioria do povo, ao contrário, era verdadeiro agente ádvena de formação distorcida da juventude, incitando-a ao consumismo desenfreado, à licenciosidade e à negação dos valores que sustentam a formação de uma sociedade que se quer moralmente sadia e edificadora de uma nação grandiosa. Tudo feito com a maior competência e sob o disfarce da defesa do direito de informação, da liberdade de imprensa, da modernidade e dos interesses do mercado.
Chamava a atenção dos alunos para uma das mais nocivas condutas midiáticas daquela artista, a publicidade dada a sua maternidade, que foi rotulada por ela própria de “produção independente”. 
Nesta perspectiva, refletíamos também sobre o poder de um ídolo. E a artista em questão, era um ídolo inconteste. Nesse trabalho demonstrava os riscos que a conduta de uma líder como ela representava para a formação das crianças e dos jovens. Tanto assim que não tardou o aparecimento das consequências desse programa e de outros tantos maus exemplos de nossa mídia. À época, o número de gravidez na adolescência atingiu números inimagináveis, obrigando o serviço público responsável pela assistência social, pela saúde e pelo ensino a criar programas educativos especiais para amenizar o problema.
Esse e outros debates trouxeram muitos choros para a sala de aula e muitas insatisfações de jovens, mas também muitos avanços na capacidade crítica e de avaliação dos alunos. Sem dúvida, a experiência deve ter contribuído para melhorar alguma coisa na sociedade.
Mas o tempo passou e as influências da mídia se avultaram, sobretudo junto às camadas mais desfavorecidas de nossa sociedade. Suas influências negativas se tornam, por um lado, cada vez mais eficientes e refinadas, por outro, muito mais dissimuladas e deletérias.
Entre as centenas de exemplos possíveis, vejamos mais dois que transvestidos de formação, contribuem, isto sim, para a deformação do povo. Sob o olhar complacente das autoridades e impunimente, aleivosias incontáveis são impostas diuturnamente a nosso povo, pelos meios de comunicação, todos, concessão do Estado.
A última moda de nossas emissoras de televisão são os tais rialitys shows. Sob o olhar magnânimo das autoridades dos três poderes do Estado, as emissoras apresentam, vinte quatro horas por dia, programas que certamente fariam corar de vergonha os moradores de Sodoma, as cortes de Nero e Calígula e vultos históricos como Lucrécia Bórgia, isto para não alongar a lista.
E não há o que fazer contra esse verdadeiro achincalhamento da moral e dos bons costumes que devem balizar a sociedade em seu núcleo basilar que é a família. Pois de um lado, o poder instituído responsável pelo controle da imprensa justifica sua permissividade evocando a defesa da democracia e da liberdade de imprensa, do outro, os donos das emissoras e seus “artistas”, cujo deus e padrão moral é o lucro, defendidos que são por críticos e intelectuais comprados no mercado por preço bastante razoável, muitas vezes por ninharia, legitimam aquelas “obras de arte”, afirmando  que o próprio nome as salva, “essa é a realidade da vida moderna”.
Muito se tem criticado a verdadeira pornografia que sustenta esse tipo de programa, mas nada foi feito até aqui pela sociedade, que ao contrário, como é comum, adota atitude hipócrita e dá às emissoras o que para elas importa, a audiência. Audiência que neste caso é financiada pelo próprio telespectador, por meio da cobrança de taxa telefônica. Um verdadeiro atentado contra a economia popular.
Contudo, o problema da pornografia não é o único fomentador de desvios morais. Há, por exemplo, a descarada apologia à deslealdade. Ensina-se, o tempo todo, como ludibriar, com vileza, outro cidadão. Ensina-se o adultério. Ensina-se que a mentira sempre é justificável. Homens e mulheres confinados, alguns com casamento ou relacionamentos fora dos muros da casa, outros que se relacionam com outra pessoa do grupo, não vacilam em se deitar com amantes diferentes, tudo ao vivo e a cores. Um dos sustentáculos desse tipo de programa são as festas oferecidas pela produção aos confinados. Em tais eventos, verdadeiras orgias, são mostradas e defendidas, sem nenhum disfarce. A ideia que se veicula é a de que a alegria e a descontração só são possíveis quando uma pessoa se embriaga completamente.
Mercê o trabalho de marketing muito bem feito e à “liberalidade de imprensa” garantida pela constituição, crianças, jovens e idosos, e todos nós, os brasileiros, são submetidos a esse tipo de violência moral e cultural, sem que a família tenha como se defender.
Por último, cito outro exemplo. Um programa apresentado por um de nossos canais abertos, um exemplo absoluto de idiotice, mau gosto e de agenciamento do descaminho da moral e dos bons costumes do povo.
Pois bem, o referido programa consiste na apresentação de pessoas, todas muito simples, fazendo mexericos sobre membros da própria família e da vizinhança. Sua temática invariavelmente é a apresentação explicita de fatos da intimidade familiar ou da vizinhança, na forma mais grotesca, caricata e aviltante possível.
Um cidadão, sempre de cabelos molhados e barba por fazer, parecendo ter vindo direto de uma noitada para o trabalho, busca, da forma mais aparvalhada, criar suspense com bisbilhotices da mais pura bufarinha.
O programa, além de ser um insulto à nossa inteligência, é um acinte à dignidade das gentes humildes e simples que o frequentam sem saber que estão sendo “coisificados” pela ganância dos que buscam audiência a qualquer custo.  
Pois bem, em uma das apresentações, o âncora do programa, que sempre se utiliza do jargão: “fulano vai revelar um segredo que vai deixar doido o sicrano”, promete ao público que a sogra de um participante revelará ao rapaz, um segredo que poderia causar a separação do casal. Para não alongar a conversa, a mulher revelou que teria dado café coado na calcinha da filha para que o rapaz se casasse com ela, a filha.
 Programas como esses insultam e enodoam a boa educação, a formação cultural e a dignidade de qualquer povo.
Dirão os defensores da liberdade irrestrita de expressão e de imprensa: “Só assiste esse tipo de programação quem quer”. Torvo engano. Primeiro porque a quase totalidade da programação da televisão aberta tem essa natureza e essa qualidade, e esse programa não é a exceção, mas a regra geral. Os poucos programas de boa qualidade e natureza proficiente estão na televisão paga, ou só são veiculados em horários que o trabalhador, o estudante, as mães de famílias, enfim, o povo, que tem tarefas cotidianas não pode assistir. Haja vista a prática de nossas redes de comunicação apresentar os poucos programas interessantes e educativos às seis horas do sábado e do domingo ou depois das vinte e três horas nos outros dias da semana.
O outro argumento recorrente é o da liberdade de escolha que tem o telespectador. Outra falácia. Este argumento esbarra nas limitações oriundas da baixa qualidade da informação dada pelos próprios meios de comunicação e da precária formação intelectual e cultural dada por nossas escolas, todas elas.
Concluindo, programas como esse e outros tantos, que não apresentam nenhuma contribuição para a formação do povo brasileiro, pelo contrario, deformam e desinformam intencionalmente o cidadão, deveriam ser proibidos. Simples assim. Afinal, como disse antes, os meios de comunicação são concessões dadas pelo povo, por meio do Estado, o qual tem o dever de exercer seu poder de controle e de fiscalização.
Tão grande, ou ainda maior que os disparates e as deformações citadas, é a tendenciosidade que marca a ação da mídia deste país. Neste aspecto, não escapa nenhum jornal, nenhuma revista, nenhuma rádio, nenhuma televisão. Existindo, inclusive, entre eles, uma emissora que se intitulou de “O quarto poder da republica”.
O povo brasileiro hoje é vítima de um arcabouço midiático, claramente arquitetado para defender os interesses, quase todos ilegítimos, de grupos econômicos e políticos, em detrimento dos interesses legítimos de toda a sociedade. Na concepção dessa arquitetura, cada setor da elite dominante, reacionária e conservadora recebeu seu lote. É fácil perceber em nome de quem fala cada uma das redes de comunicação do Brasil.
No espectro da “armação” criada pela “gentil doação”, que tem forte matiz de “ação entre amigos” se pode distinguir com certa facilidade os representantes do capital internacional, dos banqueiros, das grandes indústrias internacionais e nacionais, das igrejas, agora também nacionais e internacionais, dos empresários do agronegócio exportador e até, por que não, da CIA e do Grupo G-7.
Mas como disse a grande Janete Clair: “Isto é justo, é muito justo, é justíssimo”. Afinal, em nosso país, a função e a finalidade precípua da imprensa é convencer o cidadão de que o opressor tem sempre razão, que a miséria faz parte da essência, “destino” do oprimido e que o Brasil nasceu com destino de ser conduzido sob o bridão dos imperialistas internacionais.
Aos 72 anos de idade, jamais tinha visto um comportamento tão repugnante, canalha e pérfido de nossa mídia como o que vem sendo adotado nos últimos anos, principalmente nos quatro últimos.
Nosso sistema de comunicação de massa, através de seus donos, que em última instância, são os mesmos donos do capital, das terras, dos mandatos políticos, das igrejas etc., na mais completa demonstração de falta de vergonha e de imparcialidade, escondido atrás do discurso da liberdade de imprensa e da defesa de um democratismo de conveniências, atirou-se incondicionalmente na tutela de um modelo político e socioeconômico defendido por uma elite conservadora, entreguista e reacionária, frustrando, no nascedouro, a construção de outro modelo de Estado e de sociedade, que poderia salvar este país de uma catástrofe sociopolítica. Isto o tempo mostrará.
Discuti até aqui, a partir de exemplos, questões atinentes aos desvios da formação do caráter do povo nos aspectos moral, ético, político e cultural. Deixei por último a reflexão do papel dos meios de comunicação na formação do usuário de nossa língua mãe.
Inicialmente este texto foi planejado para aprofundar as reflexões sobre esse aspecto, contudo, depois de ter acompanhado por três meses, de forma controlada, a programação televisiva; a radiofônica, por meio de radioescuta; leituras de periódicos variados; trabalho que não pretende ser uma pesquisa científica, mas observação sistematizada, decidi fazer aqui, apenas uma introdução do assunto, isto para que o leitor avalie a gravidade do desleixo e do verdadeiro relaxamento com que os profissionais da comunicação vêm tratando a nossa língua de cultura, prometendo voltar ao assunto em um texto especifico.
Adiantando afirmo que a imprensa brasileira, por negligência, incompetência e desmazelo, conseguiu desfigurar seriamente a Língua Portuguesa do Brasil. Só para se ter uma ideia, observem o que os profissionais da comunicação, “no uso da liberdade de imprensa e em respeito aos tempos modernos”, estão falando e escrevendo: Suprimiram de seus discursos os modos subjuntivo e imperativo: “Vem comprar agora”, “Se morrer amanhã ninguém chora”. Reduziram o modo indicativo a três tempos: “Eu volto amanhã”, “Até eu tinha feito aquele gol”. A colocação pronominal agora é livre: “Eu quero encontrar ela”. Regência... bem, esta cada um faz como quer e pode: “Os torcedores foram no jogo”. É triste ter que ouvir hibridismos absurdos e absolutamente condenáveis como: “Nosso port fólio é amplo e nossa expertise é ainda maior”. Mas o melhor de tudo são expressões como estas, largamente usadas por eles: “O médico, ele diagnosticou câncer”; “A corrupção é o elo de ligação entre os políticos e os empresários”; “A vítima encarou o ladrão de frente”; “Ela tem três filhas mulheres”; “Hoje teve treno para os jogadores do Brasília”; “Vamos estar aguardando sua ligação e etc. É ou não uma grande esculhambação com “a língua que falou Camões”.      
Infelizmente, e isto é o mais grave, uma análise, por mais superficial que seja, mostrará que a nossa imprensa nasceu assim: sensacionalista, tendenciosa, medíocre, alienante e maldosa, e nunca buscou mudar estas características. Suas preocupações foram sempre a exclusiva defesa dos interesses do capital, a alienação do povo e a dissimulação da verdade.
Nossos jornalistas, salvo raríssimas exceções, nunca foram modelo para a normatização da língua Portuguesa, esta competência sempre foi de outros profissionais como os do teatro, da literatura e da música. Mas agora têm enormes dificuldades de usá-la.
Não há como negar a importância basilar da socialização da informação para o processo civilizatório da humanidade, sendo esta, a informação, amálgama indispensável para o processo de construção dos valores éticos, morais, políticos e socioculturais de um povo, bem como para o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos indivíduos.
Aceita esta premissa, a atividade dos agentes da informação: empresários e jornalistas, bem como o papel da infraestrutura midiática, se colocam como cruciais para o resultado do processo de formação plena do cidadão, que será determinado pela qualidade e natureza da apropriação do saber historicamente construído pela humanidade. Vale dizer que a praxe desses agentes, sobretudo os jornalistas, se sustenta em dois paradigmas: mediação e isenção.
Mediação porque, no exercício de sua função, cabe ao jornalista colocar a informação ao alcance do cidadão. Infelizmente, os donos da mídia brasileira, e ela não poderia ter dono, pois é um bem público, e seus profissionais, os jornalistas, não sabem, ou fingem não saberem, as diferenças entre prover o cidadão da informação e querer transformá-la em instrumento de adestramento e condução para um determinado fim.
Isenção porque a capacidade de interpretação de um cidadão não é exógena, em si. Ela se desenvolve a partir de estímulos externos, mas se sustenta nas estruturas mentais que, por sua vez, se desenvolvem sob a indução do exercício autônomo do ato de pensar.

Por tanto a prática arraigada em nossos jornalistas de querer conduzir o cidadão como o boiadeiro conduz a boiada para o matadouro, constitui-se verdadeiro crime de ‘lesa-cidadão’. Esta atitude, além de ser absolutamente antidemocrática é a maior prova da falta de honestidade e respeito para com o outro e a cidadania, para não dizer outras coisas.

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