terça-feira, 25 de abril de 2017

Que mostrem as provas, todas

(Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

Por Walter Takemoto
http://www.carosamigos.com.br/

A Folha publicou em sua edição do dia 16/04 matéria com as provas ditas materiais da delação dos membros da Odebrecht, que compra membros do poder público desde sua fundação, como a maioria das empreiteiras, tipo a famosa OAS, popularmente conhecida desde sempre como "Obrigado Amigo Sogrão", referência ao seu dono e sua relação com o sogro ACM, coronel da Bahia falecido.

Entre as provas apresentadas estão:

- Contrato da Odebrecht com Duda Mendonça para justificar o pagamento de R$ 9,6 milhões pelos trabalhos realizados na campanha de Paulo Skaf em 2014. Esse sujeito é o presidente da Fiesp que financiou os patos, os adoradores de pato e suas manifestações contra a corrupção e o golpe.

- O mesmo método se repetiu para pagar o publicitário da campanha do Aécio de 2014, e a Odebrecht entregou contratos e notas fiscais para provar a delação de pagamento de R$ 1,5 milhão.

- Foram entregues comprovantes da transferência de R$ 5,75 milhões para contas no exterior de Eduardo Paes.

- Depósito de R$ 150 mil para o José Serra em conta do lobista Amaro Ramos.

Sobre Lula e Dilma os delatores da Odebrecht apresentaram planilhas com ligações telefônicas para Gilberto Carvalho e e-mails trocados com outros ministros.

Ora, eu falei por telefone com o Gilberto Carvalho umas duas ou três vezes, estive com ele no gabinete do presidente (que não estava) para me mostrar a estante que o Lula tinha com mostras de biocombustíveis, uma camisa do Corinthians e uma bola de futebol, e que o presidente tinha orgulho de mostrar para todas as autoridades do exterior que recebia em seu gabinete. E quantas outras milhares de pessoas, comuns como eu ou empresários e autoridades do Brasil e do exterior não ligaram para o Lula e seus ministros? O que provam telefonemas?

Dizem os delatores que são provas da proximidade e influência com o poder. Eu estive com o Gilberto Carvalho e não tenho proximidade alguma com o poder, muito pelo contrário, apenas fui apresentado a ele por uma amiga comum e estava acompanhado dela.

Troquei e-mails com o Paulo Okamoto, que conheço desde o tempo em que era dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e com o Zé Dirceu, que conheço da época da fundação do PT e que nesse tempo jantou uma vez em minha casa. Tenho proximidade deles? Não, pois durante o período da fundação do PT e até 1991 quando me afastei do partido sempre militei em uma organização que fazia oposição ao chamado grupo dos 113 e posteriormente Articulação. Representa que tive alguma relação criminosa com os dois ou negociei favores para alguma empresa ou para proveito pessoal? Também não. Sempre respeitei os dois como militantes e dirigentes, mesmo com nossas divergências políticas.

Os delatores declaram, diz a matéria, que entregaram provas de pagamento para o João Santana pelas campanhas que fez ao PT.
"Se essas provas de fato existem, ou outras que incriminem o Lula ou a Dilma, que não sejam declarações de reformas em sítio ou propriedade de um tríplex, sem comprovação material de propriedade do ex-presidente, que as apresentem, publicamente, e que não sejam slides de PPT ou matérias fabricadas pela imprensa"

Se essas provas de fato existem, ou outras que incriminem o Lula ou a Dilma, que não sejam declarações de reformas em sítio ou propriedade de um tríplex, sem comprovação material de propriedade do ex-presidente, que as apresentem, publicamente, e que não sejam slides de PPT ou matérias fabricadas pela imprensa.

Agora é a hora da onça beber água.

Que as provas materiais, todas, sejam apresentadas. Que o PIG, o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) e o Judiciário, tomem atitudes duras em relação a todos os que cometeram crimes.

O que não podemos admitir, em hipótese alguma, é que se busque destruir o PT, seus dirigentes, Lula e Dilma, como se fossem os corruptos e inventores da corrupção no País, como divulgaram até agora.

Não podemos deixar de denunciar que a Lava Jato atende interesses reacionários, antipopulares, que fomentou o golpe e deu inicio a maior tentativa de destruição dos direitos sociais e trabalhistas na história do nosso País.

Se dirigentes do PT cometeram crimes, que paguem por eles, sejam quais forem. Enquanto não se provar, continuo defendendo-os e dizendo que as acusações fazem parte do golpe, para o qual a Odebrecht pagou R$ 10 milhões ao Temer e ao Cunha para comprar deputados, 140, que apoiaram o golpe.

Por esses motivos, não posso apoiar aqueles que consideram que já está definido que não temos mais como realizar a defesa do Lula, diante do que já se sabe. Ou que é hora de se buscar um acordo que mantenha o sistema partidário vivo para que não surjam novos aventureiros para ocupar o vazio político que os poderosos pretendem criar.

O caminho posto para os que defendem uma saída à esquerda para a classe trabalhadora é a luta contra o golpe, os golpistas e a tentativa de destruir nossos direitos, fortalecendo a greve geral do dia 28 de abril, e se contrapondo a qualquer tentativa de criminalizar o PT, o Lula e a Dilma sem que provas existam de fato.

Como diz Flávio Dino, agora é a hora do confronto entre os que defendem o partido da Lava Jato e o lulismo, e o lulismo entendo serem aqueles que defendem mais direitos e menos direita em nosso País.

A única saída possível é pela esquerda.

♦ Walter Takemoto é educador

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