segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vidas paralelas: Júlio César x Lula, por Fábio de Oliveira Ribeiro


Vidas paralelas: Júlio César x Lula

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Júlio César nasceu numa das mais proeminentes famílias de Roma. Lula nasceu pobre. O romano sofreu a vida toda de epilepsia, o brasileiro sempre foi um homem relativamente saudável.

Ambos foram atraídos para a vida política por razões distintas. Em razão da proeminência de sua família, Júlio César estava fadado a ocupar os cargos mais importantes da república romana. Lula ingressou na vida pública depois de ter se tornado o mais célebre e combativo líder sindical do Brasil.

Na juventude, Júlio César foi obrigado a fugir de Roma para não cair nas mãos de Sila. Capturado por piratas nas proximidades da ilha de Farmacussa, ele aguardou o pagamento do resgate. Após ser libertado, César voltou para se vingar ferozmente de seus captores. Lula foi preso durante a Ditadura Militar, mas nunca fez qualquer coisa para se vingar dos policiais federais que o mantiveram no cativeiro.

Júlio César ocupou vários cargos antes de se tornar Cônsul de Roma. Lula foi Deputado Federal constituinte e disputou várias eleições antes de chegar à presidência. Apesar disto a carreira de ambos guarda alguma semelhança. Júlio César sempre procurou ficar de bem plebe. Sua conduta, não usual para os padrões romanos, provou a desconfiança e a ira dos patrícios. Lula governou nosso país sem excluir os pobres do orçamento. Apesar de seu sucesso (ou por causa dele), o líder petista passou a ser intensamente odiado pelos aristocratas brasileiros.

A conquista da Gália, maior feito militar de Júlio César, foi um episódio extremamente sanguinário. Durante seu governo Lula amplificou a influência diplomática do Brasil, mas não iniciou nenhuma guerra externa. Ao fim do consulado de César, a cidade de Roma estava mais rica do que jamais fora. O mesmo se pode dizer do Brasil ao final do governo de Lula. Todavia, enquanto o romano excluiu da vida política os gauleses que pegaram em armas contra Roma (os que não foram mortos, mutilados ou vendidos como escravos se tornaram sujeitos a Roma sem direito de cidadania), o brasileiro produziu a inclusão de dezenas de milhões de brasileiros através de programas sociais e educacionais.

Os sucessos de Lula e de Júlio César explicam, de certa maneira, a reação intensa que eles enfrentaram. Pompeu liderou o partido anti-César. Tudo indica que FHC é a versão brasileira do general romano que foi derrotado na Guerra Civil.

Aqui as carreiras de ambos se dividem. Júlio César pediu a prorrogação do seu consulado e do direito de governar suas províncias. O pedido foi negado e ele foi condenado pelo Senado. Em razão disso César retornou à Roma com seus soldados para fazer valer seus direitos. Atordoados pela guerra civil iminente, os senadores romanos não conseguiram se entender acerca do caminho que seria trilhado. Privado do apoio político necessário, Pompeu fugiu de Roma para organizar a resistência fora da cidade.

César venceu a Guerra Civil, mas foi morto no Senado romano algum tempo depois. Lula está prestes a ser condenado por Sérgio Moro. A condenação o impedirá de disputar a presidência do país. Em nenhum de seus pronunciamentos Lula disse o que pretende fazer da vida se não puder disputar a eleição de 2018. É certo que o líder petista angariou o respeito de vários comandantes militares. É incerto o que eles mesmos fariam se Lula fosse preso ou impedido de se candidatar.

A história de Júlio César chegou ao fim de maneira trágica. Apesar da violência verbal de seus inimigos, Lula continua levando uma vida relativamente tranquila. Ambos marcaram profundamente a história dos povos que eles governaram. Todavia, de Lula nunca ninguém poderá dizer o que disse o galo-romano Namatianus ao repreender Júlio César (Tu fizeste do mundo uma cidade.). O máximo que poderão dizer de Lula será Tu fizeste dos brasileiros um só povo.

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