segunda-feira, 16 de abril de 2018

Aqui jaz a “IstoÉ”, R.I.P., por Fábio de Oliveira Ribeiro


por Fábio de Oliveira Ribeiro

A expressão “Lula deve morrer” já contabiliza 1.510.000 resultado no Google. Mesmo assim, o ex-presidente petista segue firme na liderança da disputa eleitoral. A prisão dele não foi capaz de diminuir seu carisma. O que ela fez foi exatamente o oposto, ou seja, aumentar a impressão geral de que Sérgio Moro pratica injustiça na condução da Lava Jato.

O primeiro artigo recomendado pelo Google quando pesquisamos a expressão “Lula deve morrer” é um texto publicado na “Isto é” https://istoe.com.br/lula-deve-morrer/, o segundo é o pedido de proteção policial que ele fez em razão de ter sido supostamente ameaçado https://www.revistaforum.com.br/autor-do-artigo-lula-deve-morrer-pede-protecao-policial/.

Apesar do título provocativo, o texto “Lula deve morrer”, que foi publicado em 10 de novembro de 2017, não faz apologia ao assassinato do ex-presidente. O que o jornalista sugeriu foi a morte eleitoral de Lula. As pesquisas de intenção de voto indicam que Lula ganhou uma sobrevida política após a prisão. Em razão disso a revista “Isto é” foi as bancas com uma capa sugerindo que o povo brasileiro é fanático.

É interessante ver o padrão adotado pela revista. Ao descobrir que não adianta atacar Lula, a “Isto é” passou a atacar o povo brasileiro. O que os jornalistas dela pretendem é dividir os brasileiros em duas grandes categorias. De um lado aqueles que acreditam na linha editorial da “Isto é” (Lula deve ser morto) e aqueles que estão fadados a ser seguidores acríticos do ex-presidente petista (os eleitores de Lula são fanáticos).

A revista apoia incondicionalmente Sérgio Moro, mas a credibilidade dele caiu após a prisão de Lula. A revista ataca o ex-presidente e seus eleitores e isso não foi capaz de diminuir as intenções de voto em Lula. “Isto é” ainda se comporta como se tivesse capital político. Os fatos, porém, indicam claramente que isso não passa de uma ilusão publicada.

José Dirceu disse recentemente que o PT ganhará uma 5ª eleição. A julgar pelo desespero da “Isto é” me parece que ele tem razão e me parece que pouco importa se Lula será ou não candidato. Qualquer candidato que ele apoiar tem chances de ganhar a disputa.

Lula será o “grande eleitor” de 2018. E ninguém pode ser acusado de fanatismo por se render aos fatos. É evidente que o legado social dos governos petistas, que beneficiaram dezenas de milhões de brasileiros pobres, falará mais alto nas urnas.

Mas estes são apenas alguns fatos. Existem outros, dentre eles o mais importante foi a destruição dos programas sociais por Michel Temer com apoio da imprensa. Os “grandes anti-eleitores” da próxima disputa presidencial serão o usurpador e os próprios jornalistas. Portanto, fanáticos não são os eleitores de Lula e sim os jornalistas que creem poder granjear simpatia eleitoral agredindo a população brasileira e apoiando a revogação dos seus direitos sociais.

A imprensa brasileira perdeu o foco. Ninguém deve estranhar o fato dela perder a próxima eleição. Os jornalistas não perceberam que sua vitória a curto prazo (a deposição de Dilma Rousseff através de um processo fraudulento) criou o bicho papão que vai afugentar os eleitores de Michel Temer e de qualquer candidato que apoiar as medidas neoliberais que ele implementou.

A falta de reação do PT ao golpe de 2016 (que eu mesmo critiquei em algumas oportunidades) acabou se transformando num trunfo. O partido de Lula pensou a longo prazo. De fato, ele continua pensando a longo prazo. Lula é uma ideia a prova de balas e impossível de ser contida numa cela de prisão. Isso certamente continuará irritando muito os fanáticos da “Isto é”, mas isto somente será verdade se a própria revista não morrer nos próximos anos.

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