Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Renato Rovai
Quando milhões de brasileiros cantavam o hino nacional e desfilavam com seus patos pelas ruas do país, Sérgio Moro era um herói.
Era aplaudido por onde passasse, ganhava prêmios, gravava vídeos defendendo projetos de lei, sambava na cara dos investigados.
Era o Super Moro.
Ontem, o juiz das camisas pretas, como costuma defini-lo meu amigo Rodrigo Vianna, começou a ver como a mão da história é pesada.
O mais curioso de tudo isso é que quando viu o grupo, achando que seria aplaudido, esboçou um sorriso. Que teve de ser engolido para que as pernas acelerassem o passo e o tirassem dali o quanto antes.
Moro sentiu apenas o aperitivo do que virá. Não há como ser diferente. A popularidade de Lula, preso, só irá aumentar. Ele será “a ideia” de justiça social, de emprego, de melhor qualidade de vida. E Moro a perseguição, a vingança, o ódio.
Moro parece não ter percebido o quanto isso é perigoso, porque continua a tratar os processos contra Lula como se não bastasse a condenação. Nos seus despachos faz chacota, por exemplo, ao chamar de Estado Maior, uma sala de 3×5 metros na qual Lula está isolado. Na qual não pode se relacionar com ninguém, como numa solitária.
Ao mesmo tempo, tenta vender isso como se fosse um privilégio que lhe deu, em função do cargo que teve.
Moro não tem chance de se livrar disso no futuro.
Os intelectuais, a classe artística, os professores, quase todos os jornalistas que não estão no topo das pirâmides das organizações de mídia, os bons advogados e mesmo referências internacionais já se deram conta do que se passa.
São esses que vão escrever os livros de história, as grandes reportagens que serão guardadas, que vão analisar os autos, que vão fazer os bons filmes (não, Moro, o Mecanismo e o A Lei é para Todos não são bons e nem ficarão para a história).
E Moro será apresentado como é. Como o juiz vingador, vingativo, sem moral e ética pública recomendadas pelo cargo. Uma pessoa que buscava destruir um campo político e que tirava fotos com os que eram denunciados do outro lado político.
Sim, a foto de Moro com Aécio, Alckmin e Temer aos cochichos já é um ícone, uma marca que lhe traduz.
O inescapável julgamento da história, mesmo que ainda sem o trem ter andado muito, já coloca Lula como alguém mais popular que Moro. O condenado, nas palavras do juiz, é mesmo da cadeia mais popular e respeitado que o seu juízo.
A história não perdoa. E Moro ainda terá tempo para assisti-la de um quarto, de um canto, de um lugar sem brilho. Porque foi assim com outros tantos. E não será diferente com ele.
Dizem os que movem por vingança que ela é um prato frio. Que deve ser comida depois de algum tempo. Moro talvez se mova assim, a partir dessa máxima. E está se esbaldando ao aprisionar Lula, buscando humilhá-lo de todas as formas.
Mas a vingança não é nada perto do julgamento da história. Ela vive gerações. E Moro já desenhou seu destino
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