sexta-feira, 14 de setembro de 2018

EUA esforçam-se por alcançar a tecnologia hipersónica russa

      por Andrei Akulov [*]


A Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) está a avançar uma nova iniciativa para conter ameaças hipersónicas, tais como o míssil russo Kinzhal (Adaga), o qual é capaz de viajar 10 vezes mais rápido do que a velocidade do som. O general da Força Aérea John Hyten, comandante do US Strategic Command, disse que os Estados Unidos actualmente nada têm para combater esta ameaça. De acordo com The Drive , "a DARPA exibiu a arte conceptual da parte interceptora do Glide Breaker pela primeira vez no seu D60 Simpósio D60, que em Setembro de 2018 homenageia o 60º aniversário da organização". Poucos pormenores foram divulgados e não se sabe se aquele programa está relacionado com oprojecto de defesa hipersónica da Missile Defense Agency (MDA). Interceptores cinéticos de difícil aniquilação serão um elemento de um sistema multi-camadas. 

Os EUA estão empenhados numa corrida hipersónica com a Rússia, a China e Israel. No mês passado a Força Aérea atribuiu à Lockheed Martin um contrato no valor de US$480 milhões para começar a desenhar um protótipo de arma hipersónica designado como AGM-183 Air-Launched Rapid Response Weapon, ou ARRW. Em Junho, aquela companhia recebeu um contrato de US$928 milhões para o Hypersonic Conventional Strike Weapon (HCSW). 

Secretário da Força Aérea Heather Wilson: "Estamos a avançar depressa e a aproveitar a melhor tecnologia disponível a fim de obter capacidade hipersónica de combate tão logo quanto possível". Está a ser feito tudo para atingir este objectivo e, como os acontecimentos mostram, os meios para fazer isto não estão limitados a meramente criar defesas ou sistemas de ataque hipersónicos. 

Os EUA não se coíbem de utilizar espiões para descobrir mais acerca do programa da Rússia. Em Julho, Viktor Kudryavtsev, que trabalhava no Instituto Central de Investigação de Construção de Máquinas (TsNIIMash), o qual está associado à Agência Espacial Federal, foi detido e a seguir aprisionado depois de ser acusado de espionagem . Foi formada uma comissão para vasculhar actividades no instituto, o qual foca o desenvolvimento de naves espaciais. Os media russos informaram que serviços de segurança ocidentais haviam obtido informação sobre a nova e classificada tecnologia hipersónica que está a ser desenvolvida pela indústria russa. 

Quão bem sucedidos virão a ser os esforços da América para tomar a dianteira em tecnologia hipersónica? Os EUA estão realmente apenas a começar a por o pés nesta área, ao passo que a Rússia já tem armas hipersónicas no seu stock. Pelo menos dez caças MiG-31 equipados com Kinzhal estão operacionais. Cada avião carrega um míssil, mas o conjunto do armamento do bombardeiro Tu-22M3 inclui quatro deles. O Kinzhal baseado em bombardeiros será testado em breve. Os EUA demorarão pelo menos 10 a 12 anos para desenvolver um interceptor. E naturalmente a Rússia não ficará ociosa. Nessa altura terá armas hipersónicas muito mais refinadas no seu arsenal. 

A emergência de armas hipersónicas é uma revolução que muda todo o conceito da guerra contemporânea. Sua simples velocidade torna quaisquer sistemas anti-aéreos obsoletos. O S-500 russo é o único sistema de defesa aérea que pode interceptar alvos a voarem a Mach 5.0-6.0. 

No ano passado, o novo porta-aviões classe Ford de US$15 mil milhões foi comissionado com grande fanfarra, só para se tornar um alvo para os mísseis hipersónicos Kinzhal da Rússia que ficaram plenamente operacionais e prontos para combate apenas uns meses antes daquela cerimónia ter lugar. Trata-se de uma corrida às armas que os EUA já estão a perder apesar de um orçamento de defesa que excede os US$760 mil milhões, a serem comparados com os US$50 mil milhões da Rússia. A Rússia gasta menos de um décimo do que os EUA gastam, mas produz armas contra as quais os EUA não têm defesa. O Pentágono tem estado a perseguir a tecnologia hipersónica há mais de uma década, mas tem falhado em alcançar os seus objectivos. 

Os EUA estão obviamente a perder a competição geral "custo-eficiência". Exemplo: muito tem sido escrito e dito acerca do conceito US Prompt Global Strike (PGS), mas foi a Rússia, não a América, quem primeiro adquiriu capacidade global, rápida, de primeiro ataque, pois suas armas hipersónicas podem ser armadas com ogivas convencionais. Talvez seja isso que está a motivar os EUA a levarem a corrida armamentista ao espaço , pois parecem ter perdido sua vantagem tecnológica em outros domínio e ficaram para trás no desenvolvimento hipersónico. Os EUA têm de correr para alcançar, mas não há como saber se conseguirá. E a acrescentar-se a isto está a sua enorme dívida nacional – o fardo pesado que os EUA têm de carregar, ao contrário da Rússia ou da China. 

10/Setembro/2018

[*] Coronel russo, reformado, perito em questões de segurança internacional. 

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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