A nova cara da Esplanada
por Rui Daher / em CartaCapital
Cito alguns nomes. Nem precisarei qualificá-los. Creio serem de amplos reconhecimento e lembrança nos meios econômico, político, social e cultural, juntos ao vice-presidente e empresário José Alencar. Históricos de peso, para formar um governo harmônico e de pratos equilibrados na balança nacional.
Henrique Meirelles, André Singer, Valdir Pires, Jorge Amando Félix, Ricardo Kotscho, Tarso Genro, Jacques Wagner, Celso Amorim, José Graziano Silva Filho, Guido Mantega, Dilma Rousseff, Olívio Dutra, Marina Silva, Márcio Thomaz Bastos, Ciro Gomes, Cristovam Buarque, Luiz Fernando Furlan, Miguel Rossetto, José Viegas Filho, Gilberto Gil, Roberto Amaral. São 21 dos 36 ministros ou com status de, que formaram o gabinete do 1º governo Lula.
Ah, perguntarão meus marotos críticos: “Por que não citou Antônio Palocci e José Dirceu”? Porque a eles coube o trabalho-sujo. Manter calma e garantir perpetuidade às elites banqueiras, empresariais e políticas nos moldes corruptos em que sempre existiram.
Na época, eles se desesperavam diante do que seriam o metalúrgico e a “esquerda” no Poder. Os mais idosos lembram. Perderiam bens, anéis e influência.
Pois bem, tiveram os seguintes 12 melhores anos de suas vidas. Sobrou para permitir algumas franjas, para não dizer migalhas, caírem de suas mesas para quem em extrema pobreza. Contratou-se até o emprego formal atingir o nível mais baixo da história (4,2%, em 2012). Permitiu-se mais renda e consumo, bancou-se programas de assistência social e a educação foi aberta às minorias.
Quem perdeu? Ninguém. Eles ganharam mais ainda. Nunca satisfeitos, em junho de 2013, salvos da maior crise econômica mundial, desde 1929, pelo homem que os beneficiou e salvou o País, engendraram um golpe, primeiro de fundo corruptivo por um juiz comprometido, que facilitou um golpe inconstitucional e, depois, eleições fraudadas. Favorito, Lula não poderia concorrer.
O próximo passo, sabemos, será a venda de nossos principais patrimônios soberanos.
Claro que no período houve trocas e danças de cadeiras. É do tempo e do jogo. Da mesma forma, citei apenas 21 nomes, quando exercendo cargos de ministros ou secretarias e assessorias com status ministerial seriam 36 a formar o primeiro ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Procurem, pesquisem seus perfis à época e mesmo hoje. Aonde chegaram, quem são ou foram. Escrevo isto diante das aberrações que me informam as folhas e telas cotidianas. São verdades? Vocês juram?
Onyx ‘Pedra Barata’ Lorenzoni, Marcos ‘Blue Moon’ Pontes, Joaquim ‘Quebra-Barraco’ Levy, Paulo ‘Xi!Cago’ Guedes, Ernesto ‘Globalização é marxista’ Araújo. E mais um monte de militares e filiados ao jurássico partido Democratas.
De verdade? Vocês juram? Como se não bastasse o vice-presidente que, em continência, prende arames farpados.
Dos 15 não citados do primeiro ministério de Lula, um fiz questão de deixar de fora, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entre 2003 e 2006, Roberto Rodrigues, competente amigo, sucedido por outro amigo da ESALQ, hoje na UNICAMP, Luiz Carlos Guedes Pinto.
E não citei o Roberto, por quê? Sua pasta será ocupada pela deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS). Antes PSB, largou o partido por não concordar com a oposição do partido ao ilegítimo Michel Temer. Conheciam-na? Não? Entendi. Somente seus “parças” a conhecem. Vamos, então, decifrá-la, e a comparação deixo a vocês.
Para evitar contágio, infecção hospitalar, essas coisas, escreverei de enfiada, sem parágrafos, como costumava fazer José Saramago: Tereza Cristina, 64 anos, agrônoma, da bancada ruralista, defendeu a aprovação da Lei 6.299 que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos, foi indicada a Jair por membros da Frente Parlamentar Agropecuária.
‘Fake’ ou não, dizem: “ajudou com financiamentos a JBS, recebeu doação de réu por matar líder indígena, responde a cinco ações por dívidas com BB e fundos de investimentos, defende revisão do Mercosul”.
Até aí já seria muito, mas Tereza Cristina (não é nome de uma excepcional sambista?) acaba de nomear o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia – um papagaio-de-pirata sempre sobre os ombros de JB e que acha “acampamentos de sem-terra uma farsa” – para comandar a nova Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, conforme antecipou oEstadão. Sabem o que são assuntos fundiários?
Nabo Nabão na próxima coluna, se não mudar de ideia. Inté!
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