sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Não dá para levar Olavo de Carvalho a sério. Por Luis Felipe Miguel


Olavo de Carvalho | Divulgação

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

POR LUIS FELIPE MIGUEL, professor de ciência política da UnB

É importante dizer uma coisa: não dá para levar Olavo de Carvalho a sério.

Sim, ele é a principal referência intelectual do novo governo. Nem por isso ele é um intelectual. Ele emplacou dois ministros, é verdade, mas são os dois mais caricatos da equipe de Bolsonaro. Paulo Guedes é despreparado e truculento, mas tem um projeto – antipovo, antinação, mas um projeto. Tereza Cristina é um horror, mas é o horror do agronegócio. Mesmo o astronauta dos travesseiros é um esperto clássico.

Ernesto Araújo e Vélez Rodríguez, por sua vez, o que querem? Acabar com a ideologia de gênero, destruir o globaiismo comunista, São cruzados contra fantasias.

O Rasputin de Richmond precisa ser estudado, sim, mas como um sintoma. Um sintoma de nossa decadência, que faz com que teorias da conspiração primárias (o marxismo cultural maçônico e outras imbecilidades de igual quilate) ganhem o peso que ganham no debate público.

A doentia fixação anal e o gosto por impropérios compõem uma persona cuja sentido é a impugnação de qualquer debate e a substituição do argumento pela gritaçada.

Olavo é a ignorância militante. Como “pensador”, ele não alcança sequer o estatuto de irrelevante. A questão é entender por que, no Brasil de hoje, essa montanha de bosta adquire tamanha influência.
 

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