Publicado por Diario do Centro do Mundo
Olavo de Carvalho | Divulgação
Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
POR LUIS FELIPE MIGUEL, professor de ciência política da UnB
É importante dizer uma coisa: não dá para levar Olavo de Carvalho a sério.
Sim, ele é a principal referência intelectual do novo governo. Nem por isso ele é um intelectual. Ele emplacou dois ministros, é verdade, mas são os dois mais caricatos da equipe de Bolsonaro. Paulo Guedes é despreparado e truculento, mas tem um projeto – antipovo, antinação, mas um projeto. Tereza Cristina é um horror, mas é o horror do agronegócio. Mesmo o astronauta dos travesseiros é um esperto clássico.
Ernesto Araújo e Vélez Rodríguez, por sua vez, o que querem? Acabar com a ideologia de gênero, destruir o globaiismo comunista, São cruzados contra fantasias.
O Rasputin de Richmond precisa ser estudado, sim, mas como um sintoma. Um sintoma de nossa decadência, que faz com que teorias da conspiração primárias (o marxismo cultural maçônico e outras imbecilidades de igual quilate) ganhem o peso que ganham no debate público.
A doentia fixação anal e o gosto por impropérios compõem uma persona cuja sentido é a impugnação de qualquer debate e a substituição do argumento pela gritaçada.
Olavo é a ignorância militante. Como “pensador”, ele não alcança sequer o estatuto de irrelevante. A questão é entender por que, no Brasil de hoje, essa montanha de bosta adquire tamanha influência.
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