terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Quatro armas por pessoa

Reuters | ABr


É realmente um grande murro na fuça da intelectualidade antipetista reprimida brasileira essa ideia de o governo "liberar até quatro armas" por pessoa no país.

Quatro armas por pessoa.

Eu destaco a intelectualidade antipetista reprimida brasileira, porque eles ficaram todos massacrando o PT - mesmo depois de ele ter 'saído' do governo e mesmo depois de ele voltar a fazer um segundo turno nas eleições majoritárias -, enquanto o bolsonarismo nadava de braçada no ódio e no efeito manada de linchamento tão caro às sociedades fundamentalistas atrasadas.

Quatro armas por pessoa.

Agora, eles vão ver morrer muitos amigos jovens, muitos parentes, muitos "conhecidos" por acidentes com armas de fogo. E periga de eles colocarem a culpa no PT mais uma vez.

Quatro armas por pessoa.

É por isso que eu defendo o PT com todo meu ímpeto e desejo, sempre, sem um fiapo de dúvida. Muito petista até estranha. "Nossa, porque você defende tanto o PT?".

Quatro armas por pessoa.

É simples. É porque eu defendo a vida, meu caro. Eu não defendo a morte. O PT é a nosso maior patrimônio de civilização e eu quero ver quem vai me impedir de dizer isso.

Quatro armas por pessoa.

Eu insisto, eu reafirmo, eu não tenho um pingo de medo de críticas nem de conselhos da própria militância que muitas vezes recua diante do assédio boçal da elite 'transversa' brasileira, transmutada no mais grotesco fascismo assassino contemporâneo.

Quatro armas por pessoa.

Contabilizem esse número, Pablo Ortellado, Fernando Henrique, Merval Pereira, Janio de Freitas (que ataca o bolsonarismo, mas que jamais na vida teve a capacidade de defender o PT claramente uma única vez), Roberto Mangabeira Unger, Eduardo Giannetti, Carlos Ayres Brito, Arthur Giannotti e toda a população de intelectuais acomodados que afunda no sofá confortável da própria inércia.

Quatro armas por pessoa.

Esse número é especialmente para vocês. É a homenagem do bolsonarismo às suas respectivas taras por apaziguamentos seguidos de populismos de classe - sic (porque criticar o PT dá Ibope e um púlpito na imprensa conservadora).

Quatro armas por pessoa.

São situações como essa que me fazem não ter dúvida. Mesmo distante das plagas institucionais-partidárias, eu irei continuar defendendo e consagrando a este partido singular todas as minhas energias políticas, práticas e teóricas, humildemente, dentro do meu quadrado de redator compulsivo.

Quatro armas por pessoa.

O PT é maior do que ele próprio acha que é, extrapola as caixinhas bem comportadas dos rótulos, dos simplismos, da política partidária meia-boca que os partidos adversários fazem - porque não entendem, não codificam e não sabem como combater politicamente um partido que representa a força real da população brasileira de verdade, não do marketing demagógico que seduz a nossa elite amesquinhada.

Quatro armas por pessoa.

Eis a conta para a classe média odienta e odiosa levar para seus obituários de luxo nas páginas gloriosas da imprensa elitista.

Quatro armas por pessoa.

O Brasil entrou em um imenso moedor de carne. Some-se esse holocausto premeditado à redução da maioridade penal, ao endurecimento de penas, aos delírios de 'execução' que fazem assoviar a cabeça vazia de governadores fanáticos e sufocados na própria testosterona.

Quatro armas por pessoa.

Esse é o recado do bolsonarismo a todos que passaram boa parte da vida criminalizando o PT, a política, o debate e, por tabela, a própria vida.

Quatro armas por pessoa.

Eu vou deixar de defender o PT quando o país voltar a si. Aí, veremos se a nossa sociedade terá a capacidade de produzir uma alternativa digna a este que, por enquanto, é o melhor espaço civilizatório deste país


Gustavo Conde

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