
Decadas depois, os arquivos da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero. Não vai mudar o passado. E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março", relatou o escritor Paulo Coelho em artigo ao jornal Washington Post
247 - Em artigo publicado pelo jornal norte-americano Washington Post, o escrito Paulo Coelho criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em incentivar comemorações relacionadas ao Golpe de 64, que instaurou uma ditadura militar que durou 21 anos. Para isso, ele lembrou da perseguição e tortura que sofreu neste período.
O escritor relata que foi preso e teve o apartamento vasculhado. No DOPS, foi ouvido por um tenente e depois liberado, mas em seguida foi sequestrado e levado para um espaço onde foi torturado.
"Sou levado para a sala de torturas, com uma soleira. Tropeço na soleira porque não consigo ver nada: peço que não me empurrem, mas recebo um soco pelas costas e caio. Mandam que tire a roupa. Começa o interrogatório com perguntas que não sei responder. Pedem para que delate gente de quem nunca ouvi falar. Dizem que não quero cooperar, jogam água no chão e colocam algo no meus pés, e posso ver por debaixo do capuz que é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais", conta Paulo no artigo.
Ele conta que passou por outras sessões de tortura e que foi colocado em uma solitária, até ser finalmente solto. No período seguinte, as pessoas o evitaram por conta da prisão.
"Decadas depois, os arquivos da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero. Não vai mudar o passado. E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março", finaliza o escritor.
Leia o artigo completo aqui.
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