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O golpe de 31 de março de 64 foi para evitar a "ameaça comunista" tanto quanto a eleição de Bolsonaro foi para evitar a "mamadeira de piroca".
O golpe foi conduzido por interesses econômicos internacionais e nacionais que queriam tornar o Brasil em um país definitivamente alinhado à 2ª divisão internacional do trabalho, isto é, um país que se abrisse ao processo de transferência da produção industrial dos países centrais para os países periféricos, e com isso, todas as suas contradições que permitiriam a edificação do Estado de bem-estar social do primeiro mundo.
O governo deposto de João Goulart tinha o propósito de aprofundar uma linha desenvolvimentista com justiça social, impondo a taxação da emissão de lucros para o exterior das empresas internacionais, propondo uma reforma agrária que garantiria além da manutenção dos camponeses em suas terras, nossa soberania alimentar (afinal, o latifúndio não produz para o mercado interno, mas para o mercado externo - e não necessariamente gêneros alimentícios) entre outras medidas que teriam a aprovação de qualquer keynesiano.
Não houve apoio popular hegemônico ao golpe, muito pelo contrário. Com a exceção das eleições de 70 (que a esquerda boicotou) todas as demais tiveram vitórias do MDB, que representava na época as forças democráticas.
A ditadura militar cumpriu com a missão de colocar o Brasil sob controle das potências centrais. Abriu o país para as multinacionais, ocasionou um êxodo rural gigantesco (para garantir o excedente de mão de obra nos grandes centros urbanos e industriais), arrochou salários e criou uma dívida externa impagável que iria explodir no colo do primeiro governo civil (Sarney) em 1986.
O Brasil, antes de 64 era um país com pobreza; os militares entregaram em 85 um país com miseráveis. O problema da inflação só seria solucionado em 1994 no governo FHC, isto é, quase 10 anos depois do fim da ditadura - mas com uma solução monetarista, sem pensar em um desenvolvimento interno que resultaria em um fortalecimento real da nossa economia.
O problema da miséria só seria solucionado em 2005 com Lula, quando finalmente o país saiu do mapa da fome, isto é, 20 anos depois da ditadura. Para além disso, o Brasil cresceu com solidez ao longo do período petista, ganhando selo de país seguro para investimento e alavancando nossas indústrias, nossas empreiteiras, o agronegócio e diversificando os nossos parceiros econômicos, guiando o país a se tornar um país soberano e livre da dependência econômica dos EUA e da Europa.
O golpe de 2016 foi para frear esse processo e em 2018 - com amplo apoio da mídia e de setores econômicos e da sociedade civil que prosperaram ao longo do período petista, foi eleito Bolsonaro o presidente do Brasil (um político sem qualquer capilaridade no congresso, sem nenhuma experiência administrativa e com fortes indícios de demência).
Em breve teremos 100 dias de seu governo e nenhuma ação governamental foi feita para sanar os problemas do país. Apenas foram criados tumultos (via redes sociais) para o prazer de seus apoiadores mais radicais. Em tempo recorde sua popularidade esvaziou e hoje está em 34%.
Seus principais ministros não possuem a mínima condição de conduzir suas respectivas pastas. Seus filhos e o próprio Bolsonaro possuem elos com milicianos, assassinos e esquemas de corrupção eleitorais e administrativas. A sua reforma da Previdência é uma tragédia para o povo, caso seja aprovada. A Bolsa de Valores está inchada porque possui uma expectativa de que nossas principais riquezas entrarão, em breve, em liquidação.
Pois é esse governo - com certeza o pior governo já estabelecido no país desde a vinda da Família Real para o Brasil em 1808 - que quer falsificar a História e dizer que não tivemos ditadura entre 1964 e 1985 e que 64 não foi um golpe. Com igual estupidez afirma que o nazifascismo foi um movimento de esquerda...
Não vou aqui me deter nas torturas, mortes, prisões arbitrárias, censura, etc. Os pingos nos "is" que devemos colocar são esses aqui expostos e terminam com os pingos nos "is" de quem é Bolsonaro: um miliciano ignorante.
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