Privatizar não acaba com a corrupção (na verdade, aumenta!)
O que está por trás do “Privatiza tudo”, um mantra criado para enganar a população?
Setores que pretendem lucrar sobre as necessidades da população se empenham muito para colar na cabeça das pessoas o “mantra” do “privatiza tudo”.
Eles divulgam insistentemente a expressão, para fixar na mente da sociedade essa ideia a ponto de as pessoas não questionarem o que ela significa e quais os seus impactos.
O objetivo deles é fazer com que as pessoas repitam a expressão o tempo todo. “Quanto mais elas repetiram, mais elas acreditarão nessa mentira”.
Quem eles usam para implantar esse conceito?
Apesar de terem muitos recursos financeiros, eles querem sempre mais. Só que não conseguem, sozinhos, apoiadores para algo tão desumanizado. Por isso, contam com o trabalho de alguns “parceiros”:
– Velha mídia, cujos patrocinados/anunciantes desejam para se apropriar das lucrativas estatais (você já viu a velha mídia criticar as privatizações?)
– Milícias digitais da internet, altamente financiadas (como algumas que ganharam bastante espaço no Brasil e até elegeram diversos políticos para fazer aquilo que eles hipocritamente criticavam – a principal dessas milícias, por exemplo, foi financiada por empresários norte-americanos do ramo petrolífero que desejam se apropriar do petróleo brasileiro)
– Políticos extremistas, que utilizam discursos radicais, espalham ódio e mentem o tempo todo (mas, na prática, também só estão pensando nos seus próprios interesses e no que receberão em troca)
– Partidos conservadores tradicionais, cujos políticos são financiados para agir como office-boys desses interesses
Por que eles fazem isso?
Eles não querem que as pessoas saibam que empresas estatais e serviços públicos são criados para atender todas as camadas da população em seus direitos mais básicos.
Como desejar a privatização em um país com tanta desigualdade social como o Brasil é, no mínimo, não ter empatia pelas pessoas, especialmente as mais pobres (que não teriam condições de pagar por serviços essenciais como Educação e Saúde, por exemplo), eles usam essa estratégia para que a população deixe de se sensibilizar com os problemas dos outros.
Esses setores sabem que 65% dos brasileiros são contra a venda das estatais e dos serviços públicos. Por isso, a forma que encontraram para buscar apoio às privatizações é mentindo e enganando.
Eles também não pretendem que a população saiba que o objetivo de estatais não é gerar lucro, mas sim proporcionar desenvolvimento econômico e social, gerar bem-estar e reduzir desigualdades. E a maior parte dos lucros gigantescos são aplicados de volta na sociedade ou como forma de investimentos (essenciais para a economia do país).
Os setores oportunistas também não querem que o cidadão entenda que não receberá nenhum benefício com as privatizações. Afinal, sobrará apenas prejuízos para si e para toda a sociedade.
Além disso, eles não contam que as privatizações irão ampliar a corrupção, gerar sonegação (que praticamente não existe no caso das estatais), destinar mais recursos públicos para o sistema financeiro (que já consome quase metade do orçamento do governo anualmente), causar demissão em massa (com impactos diretos na economia) e criar monopólios ou oligopólios regionais. Eles também não contam que os lucros não serão mais aplicados para benefício dos brasileiros, pois serão destinados para as contas bancárias dos donos (inclusive fora do Brasil, se os compradores forem empresas multinacionais).
Esses setores oportunistas repetem tanto a expressão que muitas pessoas acabam sendo enganadas e reproduzem o “privatiza tudo”, geralmente com muito ódio (por falar nisso, plantar ódio no coração das pessoas é uma das táticas mais usadas por eles, porque as pessoas perdem a racionalidade e deixam a empatia de lado quando isso acontece).
Fora isso, não é estranho que muitos que se dizem patriota incentivem a venda do patrimônio nacional para os estrangeiros?
Mas estatal é “coisa de comunista”?
Outra tática para enganar a população é criar histerias coletivas, para que as pessoas acreditem que precisam enfrentar algum tipo de inimigo (geralmente invisível).
Aí, espalham fantasmas sobre assuntos que não correspondem à realidade. “Estatal é coisa de comunista”, “estatal é mamata”, “estatal é cabide de emprego”, “estatal só dá prejuízo” são algumas expressões repetidas à exaustão.
Esses setores oportunistas sabem que nada disso é verdade (inclusive a parte do suposto “prejuízo” – que não existe, já que só em 2019 as estatais federais tiveram lucro de mais de R$ 100 bilhões), mas, como eles não têm ética, continuam mentindo e enganando as pessoas.
A tática não é nova. O ministro de propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, dizia que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Não é à toa que, entre os que ganham para propagandear as privatizações, muitos são simpáticos a alguns daqueles ideais.
Mas a realidade é bem diferente do que os incentivadores das privatizações.
Só que países desenvolvidos, além de possuírem muitas estatais (nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de 35 mil, chamadas de public authorities) reestatizaram mais de 900 serviços ou estatais e criaram outros 500 nos últimos anos, nos mais variados segmentos (telecomunicações, água e esgoto, educação, saúde, energia, serviços sociais, transportes etc.) justamente porque os serviços privatizados ficaram mais caros e a qualidade caiu.
Alemanha (411 reestatizações), Estados Unidos (230), França (156), Espanha (119), Reino Unido (110) são os países onde mais ocorreram reestatizações ou a criação de novos serviços públicos.
Por que países desenvolvidos estão reestatizando?
Basicamente, o setor privado não consegue atender as demandas sociais com o mesmo rigor das empresas estatais e do serviço público porque a prioridade é o lucro e, geralmente, empresas fazem de tudo para aumentar sua lucratividade, incluindo reduzir qualidade e pessoal para diminuir custos.
E o povo daqueles países não quer pagar mais caro por serviços de péssima qualidade.
Além disso, privatizações geram precarização dos postos de trabalho, desemprego, insuficiência de investimentos, e muitos outros danos sociais.
No caso do Brasil, as privatizações são marcadas também por tragédias – como os crimes cometidos pela Vale nas cidades mineiras de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) –, e muita corrupção.
Estranhas privatizações
Todas as privatizações ocorridas em território nacional foram meramente um meio de usar o Estado para privilegiar elites.
Entre o início e o fim das vendas de estatais durante os governos FHC (1994 a 2002), a dívida pública saltou de R$ 20 bilhões para um valor dez vezes maior. Atualmente, ela ultrapassa R$ 6 trilhões.
A então Vale do Rio Doce foi vendida por R$ 3 bilhões (o que, praticamente, não fez diferença para a redução da dívida pública), apesar de valer R$ 100 bilhões. Até hoje, isso jamais foi explicado.
Então, quem ganhou com as privatizações?
Basicamente, quem comprou estatais a preço de banana, quem financiou as compras, políticos que intermediaram (e receberam gordas propinas) e quem recebeu dinheiro para propagandear essas privatizações.
É com isso que, atualmente, os defensores das privatizações contam: irão ganhar muito dinheiro com elas, mesmo que a população seja profundamente prejudicada.
Precisamos privatizar algo?
Absolutamente, não!
As privatizações do passado já se mostraram erros históricos ao Brasil. E as reestatizações recentes pelo mundo mostram que o caminho deve ser o inverso: é preciso primeiro pensar no bem-estar da população e, para isso, o país precisa dos recursos e dos benefícios gerados por suas estatais e pela prestação de serviços públicos aos cidadãos.
Além disso, as estatais são extremamente lucrativas e os serviços essenciais existem para atender às necessidades dos brasileiros, e não para servir como mercadoria.
Então, se você já repetiu o mantra do “privatiza tudo”, agora sabe de onde ele veio e para quem ele serve.
A partir de agora, que tal defender aquilo que é público, por que é para todos?
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