sexta-feira, 12 de março de 2021

República dos assassinos

Enterro no cemitério Vila Formosa, em São Paulo (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Por Eric Nepomuceno

Sim, sim, o título é roubado de um romance de Aguinaldo Silva, que acabou virando filme dirigido por Miguel Faria em 1979. Mas reflete terrivelmente, tragicamente, o Brasil atual.

Segundo os dados oficiais, até a tarde da sexta-feira 12 de março foram 273.124 mortos. Vale recordar que a primeira morte por covid no país ocorreu exatamente um ano antes, em 12 de março de 2020.

Ou seja: em 365 dias, 748 mortes diárias. Por hora, 31. Uma a cada dois minutos.

Acontece que esse panorama, certamente tenebroso, mudou de maneira radical nos últimos dias, quando passaram a morrer mais de dois mil por dia, e essa média passou a ser de 83 mortos por hora. Mais de um por minuto. E a tendência é piorar.

Há um responsável direto por esse quadro de horror: o psicopata genocida chamado Jair Messias.

Há um cúmplice principal, o general da ativa do Exército Eduardo Pazuello. Mais que enlameada, sua farda está ensanguentada.

Mas enquanto vidas são devastadas de maneira desesperada, outros cúmplices avançam destroçando o que resta do Brasil.

Agora, uma determinação de quem manda no Instituto Chico Mendes obrigará seus cientistas e pesquisadores a submeter a um tenente-coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo tudo que pretenderem publicar em órgãos científicos, revistas especializadas e até em eventos de que participem.

A única qualificação do referido senhor para estar onde está é a militarização desenfreada do governo dessa República dos Assassinos.

A censura nas artes e na cultura já está em plena prática, levada adiante por um canastrinho (porque é um ser ínfimo) chamado Mário Frias, que saiu do anonimato para virar secretário de Cultura.

Agora se estende não apenas às universidades, que tratam de resistir, mas aos especialistas em preservação ambiental.

É espantoso. Enquanto o Genocida e seu patético general da ativa banham o país de mortes, o resto do governo ou cobre o Brasil de vergonha, tendo o ministro de Aberrações Exteriores como porta-bandeira, ou destroça tudo, tendo o abjeto Ricardo Salles como comandante de tropa.

Na noite de quinta-feira tive a pachorra (um tanto masoquista) de acompanhar, durante uma hora, dez minutos e três segundos, a transmissão do Genocida pela internet. E uma vez mais, ficou palpável o grau de desequilíbrio psicológico de quem preside este pobre país.

Se após o formidável pronunciamento de Lula o Genocida pareceu mudar radicalmente de postura, aparecendo de máscara e com seus filhos trogloditas defendendo a vacina, foi pura ilusão acreditar que ele iria passar a agir com ao menos um vestígio de lucidez.

Houve ao menos um momento especialmente exemplar de sua psicopatia. Tendo ao seu lado o médico Marcelo Morales, que trabalha no ministério de Ciência e Tecnologia encabeçado por um antigo garoto propaganda de travesseiros, o Genocida perguntou sobre a eficácia do isolamento social radical.

Primeiro, louvou o currículo do doutor Morales, que surgiu como uma estrela de primeiríssima grandeza. Aí, fez a pergunta. E ele mesmo, o Genocida, levou um tempo imenso desancando, de maneira histérica, o tal de “lockdown”. Não restou ao doutor em questão outra saída que, em escassíssimos minutos, gaguejar algo vazio sobre a pergunta.

Nesta sexta-feira, 12 de março, o total de mortos pela covid se aproxima perigosamente da população da cidade de Petrópolis, onde daqui a cinco dias estarei cumprindo um ano de distanciamento social.

É como se a população inteira da cidade natal de minha avó paterna estivesse a ponto de desaparecer da vida.

E o general da ativa Eduardo Pazuello diz que o sistema de saúde do país não colapsou nem vai colapsar.

E eu fico sem saber se é pura ignorância ou excesso de falta de caráter. Ou, quem sabe, a soma das duas coisas.

Pobre, pobre país. E ninguém faz nada para combater a tragédia chamada governo do Genocida. Intacta continua a República dos Assassinos.

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