terça-feira, 7 de setembro de 2021

Brasil vai sobreviver Bolsonaro

Fontes: Rebelião [Imagem: Bolsonaro participando das manobras militares Operação Formosa - 2021. Créditos: Marcos Corrêa / PR. Fotos Públicas]

Traduzido do português para Rebelião por Alfredo Iglesias Diéguez

Ele veio para destruir. Assim, disse com todas as letras. Como se tudo o que foi construído, principalmente durante o governo do PT, tivesse sido negativo e tivesse que ser destruído.

Essa é a versão popular da tese do estado mínimo do neoliberalismo, segundo a qual tenta reduzir à sua expressão mínima tudo o que tem a ver com o estado, para colocar o mercado no centro.

A ideia do neoliberalismo sustenta que a ação do Estado distorce as condições de liberdade de mercado e favorece os setores menos competitivos, sendo fonte de incompetência e corrupção.

Um processo lançado por Fernando Collor e FHC nos anos 1990 que fez com que a economia não voltasse a crescer e gerasse empregos até que essa estratégia neoliberal fosse questionada e superada pelos governos do PT.

De fato, quando a economia voltou a crescer foi graças à retomada dos investimentos estatais, ao aumento da massa salarial - sempre acima da inflação - e à geração de milhões de empregos com carteira assinada. Foi um papel virtuoso, que não se refletiu nos debates públicos, que continuaram a criminalizar o papel do Estado, seguindo os argumentos reiterados por analistas da mídia, apologistas da economia de mercado.

O golpe de 2016 permitiu o direito de retomar a destruição, com o governo Temer e, agora, com o governo Bolsonaro. Essa destruição se manifesta por meio da privatização de bens públicos, com processos de privatização que retiram empresas do nível estadual para colocá-las nas mãos de grandes monopólios internacionais, muitas vezes estatais.

Também se manifesta nos cortes de austeridade de recursos para políticas públicas, especialmente saúde e educação. Da mesma forma, ela se manifesta na promoção de todos os tipos de empregos precários; no abandono de qualquer forma de regulação do mercado pelo Estado.

Ela se manifesta no fortalecimento da centralidade do mercado, típica do neoliberalismo; na aceleração do processo de comercialização das relações sociais, transformando o que era direito em mercadoria. Na concepção neoliberal de que tudo tem um preço, tudo se vende, tudo se compra, em que o consumidor é o sujeito central.

Com o Bolsonaro, o Brasil, não só o Estado brasileiro, passou por um processo de mercantilização, de degradação dos direitos do povo, de precarização da vida da maioria do povo.

O Bolsonaro veio destruir, não construiu nada. A retirada do Estado permite a deterioração máxima das condições de vida da grande maioria das pessoas. O país vive a situação de maior vulnerabilidade e miséria de toda a sua história. O estado abandonou a maioria da população, lutando para sobreviver nas condições mais difíceis.

Bolsonaro deixará a presidência deixando um Brasil miserável e faminto. Um país onde os direitos das pessoas são destruídos.

Mas o Brasil vai sobreviver ao Bolsonaro. Existem forças democráticas suficientes para derrotá-lo e iniciar a reconstrução do país.

Há plena consciência de que o país não pode continuar assim. Há uma grande maioria insatisfeita, que rejeita Bolsonaro e seu governo.

A possibilidade de Lula vencer as próximas eleições presidenciais, ainda no primeiro turno, expressa plenamente esse desejo popular de reconstruir o país, de retomar a democracia, o crescimento econômico e a geração de empregos.

Lembro-me de ter ido a Brasília ver João Figueiredo quando ele teve que deixar o governo no final do ciclo da ditadura militar. Espero voltar a Brasília para ver Bolsonaro deixar o palácio do governo de helicóptero, como fez Donald Trump, pelo menos para ver um presidente eleito pela grande maioria dos brasileiros retornar à presidência para dirigir a reconstrução do Estado brasileiro e do Brasil como um país, como nação e como democracia.

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