segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Grupo neonazista ucraniano prepara balas 'carregadas de gordura de porco' para combatentes muçulmanos

captura de tela do Twitter / @ng_ukraine


'orcs' chechenos não irão para o céu, afirma Guarda Nacional em mensagem xenófoba


A Guarda Nacional da Ucrânia provocou indignação, no domingo, ao postar um vídeo grosseiro destinado a combatentes russos muçulmanos. O Twitter acabou rotulando a mensagem como "conteúdo odioso".

O rolo mostrava um soldado mergulhando as pontas de balas em gordura de porco antes de colocá-las em um pente.

O homem, que supostamente pertence ao batalhão nacionalista de extrema-direita Azov, aparentemente quis dizer isso como uma ameaça aos muçulmanos religiosos que participam da ofensiva militar russa na Ucrânia. A carne de porco é considerada impura no Islã, então os muçulmanos mortos pelas balas supostamente não seriam elegíveis para entrar no céu.

O pequeno clipe foi publicado pela conta oficial da Guarda Nacional Ucraniana, que incorporou o Batalhão Azov em 2014. O soldado fazendo o ritual pode ser ouvido dizendo: “Amigos muçulmanos, vocês não terão permissão para entrar no céu em nosso país”. O soldado estava usando uma balaclava para esconder o rosto.

A ameaça foi direcionada aos “orcs Kadyrov”, de acordo com a descrição. O líder checheno Ramzan Kadyrov destacou a participação de tropas de sua província natal no ataque russo à Ucrânia, postando vídeos de seus homens nas mídias sociais, elogiando sua contribuição e pedindo aos ucranianos que se rendam.

A Chechênia é uma república de maioria muçulmana, no sul da Rússia, que é conhecida pela destreza de seus combatentes.

Usar 'balas de porco' para ameaçar muçulmanos não é uma invenção ucraniana. Uma empresa com sede em Idaho ganhou as manchetes em 2013 ao oferecer esse tipo de munição a americanos que lutavam contra terroristas islâmicos.

Outro produto baseado na mesma ideia foi o óleo de arma que incluía 13% de gordura de porco, segundo seu produtor anônimo. Houve rumores de que a equipe SEAL da Marinha que matou Osama Bin Laden o usou, embora seja provavelmente um mito urbano. Organizações de vigilância que rastreiam discursos de ódio criticaram ambos os produtos como casos óbvios de islamofobia.

O Twitter sinalizou o vídeo ucraniano como 'conteúdo de ódio' que viola suas regras, mas permitiu que ele permanecesse em sua plataforma. “O Twitter determinou que pode ser do interesse do público que o Tweet permaneça acessível”, dizia o aviso.

A Rússia lançou a operação militar contra a Ucrânia na quinta-feira passada, alegando ser necessário proteger as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk de ataques vindos da Ucrânia. Um dos objetivos declarados da ofensiva russa era “desnazificar” a Ucrânia, esmagando a base de poder dos nacionalistas radicais e suas organizações, como o Batalhão Azov.

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