Fórum globalista de Davos
Carlos Esteban
Catastrofista? Não necessariamente. Para Yuval Harari, o 'filósofo' não oficial do fórum, pode ser uma solução. Harari não se cansa, com uma frieza de gelar o sangue, de discursar sobre essa enorme massa de humanos “inúteis” que constituem um peso morto para o planeta, ainda mais agora que a mecanização e a inteligência artificial os tornaram supérfluos para a produção.
Assim não há maneira de ser conspiranóico. Quando os poderosos deste mundo se encontram numa pitoresca – e altamente vigiada – aldeia suíça e dão entrevistas coletivas contínuas para nos dizer em detalhes horripilantes o que vão fazer conosco, ou seja, com a plebe do planeta que ainda compartilhamos, para seu desgosto, com essa elite, não se pode continuar a entreter a ideia de uma cabala secreta que comanda o mundo nas nossas costas.
Bem-vindos à reunião do Fórum Económico Mundial, convocado para Davos mais um ano e mais e prepotente do que nunca, com aquele Dr. No de um filme da Série B que é o seu fundador, Klaus Schwab.
Não sei se todos lá estão, mas é claro que todos os que lá estão são. Como a nossa inefável salsa de todos os molhos, o octogenário financista internacional George Soros, que na sua primeira aparição pessoal em Davos desde que chamou a Trump "vigarista, narcisista" e, alegando que Mark Zuckerberg estava a conspirar para que ele fosse reeleito, atacou outra vez a China (que desta vez enviou funcionários de segunda categoria ao fórum) e, claro, contra o mau funcionário destes dias, a Rússia de Vladimir Putin.
Ele estava a transbordar de otimismo, como o nonagenário Henry Kissinger, outra estrela idosa desta edição, que alertou que a guerra na Ucrânia poderia degenerar numa guerra mundial a qualquer momento. No seu discurso, Soros lamentou que "as questões que dizem respeito a toda a humanidade (combater pandemias e mudanças climáticas, evitar a guerra nuclear, manter as instituições globais) tiveram de ficar em segundo plano nessa luta", acrescentando: "É por isso que digo que nossa civilização pode não sobreviver".
Catastrofista? Não necessariamente. Para Yuval Harari, o 'filósofo' não oficial do fórum, pode ser uma solução. Harari não se cansa, com uma frieza de gelar o sangue, de discursar sobre essa enorme massa de humanos “inúteis” que constituem um peso morto para o planeta, ainda mais agora que a mecanização e a inteligência artificial os tornaram supérfluos para a produção.
Uma boa guerra atómica poderia ajudar a aliviar o problema, e não é como se algum "deles", em todo o caso, sofresse as consequências: como ele mesmo disse publicamente com uma sinceridade desarmante, "se o pior acontecer e o 'dilúvio' se der, os cientistas construirão uma Arca de Noé para as elites, deixando o resto afogar-se”. «Os outros», caso não se entenda, somos nós, os que nunca vão receber um convite para ir a Davos.
Harari não tem a certeza, observando que a grande questão do nosso tempo é o que fazer "com todas essas pessoas inúteis". «O problema é o tédio, porque lhes falta valor. Eu apostaria numa combinação de drogas e jogos de computador». Que alívio.
Enquanto decidem o que fazer connosco, o gado humano, o que eles deixam claro é que temos de ser postos em estábulos e controlados de perto. E a pandemia de coronavírus veio a calhar para alcançá-lo. Continuamos com Harari: «O Covid tem sido fundamental, porque é o que convence as pessoas a aceitar e legitimar a supervisão biométrica total. Não temos apenas de controlar as pessoas, temos de controlar o que se passa sob sua pele".
Claro, o que os nossos amos de forquilha e faca em Davos estão a fazer é dizer-nos através de um megafone que a democracia liberal tem sido uma experiência curiosa e interessante, mas que temos de aceitar o facto de que acabou. Com tudo o que isso implica, como a liberdade de expressão, essa antiguidade. É a tese que a comissária de segurança cibernética australiana, Julie Inman, expôs abertamente no fórum. Sendo uma política com um eleitorado a que tem de se responder mais ou menos, ela foi um pouco menos direta do que Harari, mas tudo ficou entendido: «Encontramo-nos numa situação onde há cada vez mais polarização, em que tudo se apresenta como binário sem necessidade, por isso acho que teremos de repensar e recalibrar toda uma série de direitos humanos que se manifestam online… como a liberdade de expressão”.
Poderíamos descartar todo esse programa macabro como a tagarelice vazia de milionários com delírios de grandeza, se não fosse o facto de os governantes de meio mundo se esbofetearem pora aparecerem em Davos e aparentemente aplicarem as suas receitas com assustadora unanimidade. Claro, o fundador e diretor da invenção, Klaus Schwab, acredita absolutamente que está a ditar o futuro da humanidade e não hesita em anunciá-lo, pelo contrário. "O futuro não acontece simplesmente. O futuro é construído por nós, uma comunidade poderosa como nós aqui nesta sala”, disse ele no discurso de abertura. Isso é bom.
31/Maio/2022Ver também:Davos e a conspiração da carta roubada, F. William EngdahlO original encontra-se em elmanifiesto.com/mundo-y-poder/875977892/Soros-participa-en-el-globalista-Foro-de-Davos-y-deja-un-inquietante-mensaje-sobre-el-futuro-de-la-civilizacion.htmlEste artigo encontra-se em resistir.info
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