quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Medíocres armados

Bolsonaristas em protesto no Rio de Janeiro contra a eleição presidencial pedem "intervenção federal" 02/11/2022 (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)


"Apesar das prisões, das buscas e apreensões, os bolsonaristas teimam em persistir numa cruzada terrorista que leva insegurança à sociedade", diz Kakay

Antônio Carlos de Almeida Castro
www.brasil247.com/

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: eu quero uma verdade inventada - Clarice Lispector

A mediocridade é contagiante. Os acampamentos bolsonaristas já produziram cenas de um ridículo atroz. Se fôssemos olhar somente sob o prisma cômico, não seria demais divertirmo-nos com tantas boçalidades.

Enquanto o clã bolsonarista se esbalda entre a Copa no Catar, os EUA e o esconderijo no Palácio da Alvorada, os coitados dos fanáticos indigentes intelectuais bolsonaristas continuam amotinados nos acampamentos, usando banheiros químicos, comendo marmitas e tomando chuva. Patético.

Desde a derrota para o Lula, o atual Presidente escafedeu-se. Não só não reconheceu nossa vitória, como é a praxe nas democracias, como resolveu desaparecer dando contornos fantasiosos a essa estranha ausência física de um Presidente completamente sem respeito aos ritos que envolvem a figura do cargo em um regime presidencialista. Depois de destruir as conquistas humanistas, em todas as áreas, durante os quatro anos de governo, o bolsonarismo nos lega agora uma cultura de ódio que alimenta atos de terrorismo, os quais precisam ser enfrentados. E punidos os responsáveis.

Como coroação de uma corrida armamentista, também baseada na valorização da violência e na ausência da política como forma de mediar os conflitos, os seguidores do Bolsonaro agem como se fizessem parte de uma seita. Incapazes de qualquer análise crítica, os idiotas se bastam e parece que realmente vivem em um mundo paralelo. Não é possível qualquer diálogo com esses alucinados que não conseguem ter noção do ridículo. Mas, agora, o que era engraçado virou um real risco à segurança e à vida das pessoas.

Mesmo os críticos da atuação firme e forte do Supremo Tribunal e do Tribunal Superior Eleitoral, especialmente do Ministro Alexandre de Moraes, têm que reconhecer que, sem a determinação democrática do Judiciário, nós estaríamos, muito provavelmente, em um momento de ruptura institucional. Apesar das prisões, das buscas e apreensões e do bloqueio de contas, os bolsonaristas teimam em persistir numa cruzada terrorista que leva insegurança à sociedade.

A tentativa de explodir um caminhão de querosene no aeroporto de Brasília é de extrema gravidade. Um ato criminoso e terrorista. Agora se faz necessário terminar com esses acampamentos, que se tornaram refúgio e laboratório de atos contra o Estado Democrático de Direito. Não é mais possível só rir das imbecilidades, pois os idiotas estão colocando em risco a vida das pessoas e subvertendo a paz social. É necessário agir com inteligência e aprofundar a investigação sobre os mandantes. Sejam eles quem forem, mesmo se ostentarem patentes militares.

O empresário preso confessou que se armou e tentou explodir o caminhão para provocar pânico e tentar colocar as Forças Armadas nas ruas, em um hipotético estado de sítio. E que assim agiu, na visão messiânica bolsonarista, incentivado pelo discurso de ódio do Presidente Bolsonaro. Ou seja, o responsável final de toda instabilidade institucional é, como temos dito há tempos, o Presidente da República.

É hora de testarmos nossa maturidade democrática. Sem perseguição e sem voluntarismo. Usando a lei e a Constituição como parâmetros. Só com a responsabilização criminal dos que usam a violência para uma evidente tentativa de ruptura institucional é que daremos uma resposta aos brasileiros que acompanham perplexos esse estranho e bizarro país que surgiu do esgoto bolsonarista. Se não os responsabilizarmos criminalmente, eles voltarão para as trevas e se alimentarão do ódio, da mentira e da violência para voltarem mais forte em quatro anos. Ou antes.

Remeto-me a Sophia de Mello Breyner: “A memória longínqua de uma pátria, eterna mas perdida e não sabemos se é passado ou futuro onde a perdemos".

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