quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

António Guterres: "o mundo entrou num período de perigo nuclear que não se via desde o auge da Guerra Fria"

Fontes: O salto [Imagem: tanque Leopard 2 do exército norueguês, um dos que deseja fornecer esses carros ao exército ucraniano. Foto de Torbjørn Kjosvold para o Norwegian Military Media Archive/Forsvarets Mediearkiv.]

A guerra ganha escala com o envio dos tanques Leopard 2 e M1 Abrams para a Ucrânia

Por Pablo Elorduy
https://rebelion.org/

A imprensa alemã avançou um anúncio que pode mudar a situação nos campos de batalha ucranianos. Berlim autoriza a reexportação de seus tanques Leopard 2 e fornecerá seus próprios tanques para Zelensky. Os Estados Unidos também enviarão seus tanques.

Onze meses após o início da invasão russa da Ucrânia, os governos alemão e norte-americano tomaram uma decisão que eleva os decibéis da guerra travada por soldados ucranianos e russos. A pressão internacional fez o chanceler alemão Olaf Scholz mudar de ideia. Ontem, dia 24 de Janeiro, a imprensa alemã publicou que o seu governo iria autorizar a exportação de tanques Leopard 2 para a Ucrânia, medida que inclui também o aval à transferência destes tanques por terceiros países.

A Polônia e a Noruega já haviam avançado com a intenção de direcionar remessas desses carros blindados para os campos de batalha do leste. O jornal El País publicou esta manhã que o governo espanhol já contempla a possibilidade de enviar alguns de seus Leopardos —as forças armadas contam com 347— ao campo de batalha.

Scholz apareceu hoje quarta-feira às 11h para confirmar o embarque de 14 Leopards e explicar uma reviravolta que modifica a decisão defendida na sexta-feira em uma reunião de alto nível em Ramstein do Grupo de Contato sobre a Ucrânia, formado por 50 funcionários da Defesa Europeia e o EUA, em que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, interveio por videoconferência, que pediu a seus aliados sistemas de defesa antiaérea e artilharia, além de tanques.

O Kremlin, por meio de seu embaixador nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, descreveu a remessa como uma "provocação escandalosa".

Hoje, 25 de janeiro, o Pentágono também anunciará o embarque de 30 tanques M1 Abrams. Tanto a Alemanha quanto os Estados Unidos seguem os passos do Reino Unido, que em meados de janeiro confirmou o embarque de 14 de seus veículos blindados Challenger II. A estrela dos "presentes" no entanto é o modelo Leopard 2, pela simples razão de que esses tanques já estão em solo europeu, em alguns casos a algumas centenas de quilômetros da frente.

A Alemanha considera enviar pelo menos uma companhia de tanques, composta por 14 tanques. Além disso, na terça-feira, o governo polonês confirmou que Berlim deu sinal verde para a reexportação de tanques que o Executivo de Mateusz Morawiecki havia solicitado.

É uma decisão que tanto os Estados Unidos quanto a Alemanha relutaram em tomar —apesar das exigências de Zelensky— por saberem que o fornecimento de tanques é um salto de escala. Assim entendeu o Kremlin, que por meio de seu embaixador nos Estados Unidos qualificou o carregamento como uma "provocação escandalosa". Anatoly Antonov considera que esta decisão traduz a concretização de um plano "de longa data" que envolve as potências euro-atlânticas numa "proxy war" ou guerra por procuração que se complica com o passar dos meses. Os tanques “serão destruídos”, declarou Antonov.

Por sua vez, o Departamento de Estado do governo Biden confia que os tanques —que exigirão técnicos militares para seu uso— servirão ao exército ucraniano para conter os avanços russos em Kherson e inclusive retomar os territórios que estão sob controle russo desde 2014. na Crimeia e o Donbass. A propaganda ucraniana relacionou o envio dessas armas com um possível avanço de suas tropas em Bakhmut, no Oblast de Donetsk.

Ao mesmo tempo em que a Alemanha aprovava o envio de tanques, o Bulletin of Atomic Scientists, com sede nos Estados Unidos, atualizava seu "relógio da meia-noite" a cada ano. Esta medida simbólica calcula o tempo restante até o holocausto nuclear. Como recorda este gabinete de especialistas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já alertou que o mundo entrou "num tempo de perigo nuclear nunca visto desde o auge da Guerra Fria" como consequência da guerra na Ucrânia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

12