Protesto contra a Globo
Um dos problemas fundamentais da imprensa e, por extensão, hoje, das mídias em geral, é seu caráter privado e comercial
Um leitor do 247, chamado Ewerton, postou um comentário didático na matéria Globo precisa ser enfrentada e é inimiga do povo, diz Rui Costa Pimenta, em que explica por que a mídia corporativa trabalha contra os interesses da sociedade. Confira:
Por outro lado, Max Weber ("A Política como Vocação", 1919) constatou que a Burguesia havia criado a Democracia Contemporânea por dois motivos: primeiro, porque era muito mais fácil manipular as massas ignorantes do que convencer as elites do "Ancien Régime"; e, segundo, porque a imprensa burguesa recém nascida da Revolução era a única arma capaz de garantir essa dominação política, econômica e cultural.
No epílogo da 2ª Revolução Industrial, essa nova forma de dominação burguesa atirou o mundo nas maiores, mais terríveis, mortais e desumanas guerras da História, tendo a imprensa um papel fundamental. A Alemanha Nazista, por exemplo, teve na imprensa uma de suas mais eficientes arma, sob o império de Goebbels.
Ainda no interior dos horrores da guerra, um movimento contra-hegemônico ao modelo de imprensa privado e comercial foi posto em prática, fazendo nascer, primeiro, na Europa e, depois, no resto do mundo, um conceito de imprensa estatal, capaz de resguardar os interesses públicos. A mais importante e ainda existente (mesmo que castrada) rede de imprensa pública criada foi a BBC inglesa, nascida em 1922.
Contudo, a partir dos anos 1970, com a ascensão do neoliberalismo, a imprensa estatal foi perdendo força e dando lugar, novamente, a, hoje, chamada imprensa corporativa, cuja maior representante no país é a Rede Globo.
Assim, cavalheiros, um dos problemas fundamentais da imprensa e, por extensão, hoje, das mídias em geral, é seu caráter privado e comercial, pois relega os interesses públicos em favor dos interesses privados dos grupos econômicos que as controlam. Nesse sentido, um primeiro passo seria ao menos equiparar novamente o interesse público ao interesse privado, seja através de mídias estatais, seja através do incentivo financeiro às mídias populares, seja pela regulação, supervisão e controle das mídias corporativas.
Dito isso, creio que a História recente, desde a fundação da imprensa contemporânea até hoje, pode nos jogar luz, tanto para o cerne dos problemas que enfrentamos por conta das mídias atuais quanto para propormos e executarmos as soluções adequadas, em vistas da salvaguarda do interesse público.
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