domingo, 30 de julho de 2023

Leitor do 247 explica de forma didática como e por que a mídia corporativa trabalha contra os interesses da sociedade

Protesto contra a Globo
Um dos problemas fundamentais da imprensa e, por extensão, hoje, das mídias em geral, é seu caráter privado e comercial


Um leitor do 247, chamado Ewerton, postou um comentário didático na matéria Globo precisa ser enfrentada e é inimiga do povo, diz Rui Costa Pimenta, em que explica por que a mídia corporativa trabalha contra os interesses da sociedade. Confira:

Muitos esquecem ou ignoram que a imprensa contemporânea nasce como arma política central na tomada do poder político pela burguesia na Revolução Francesa. Jean-Paul Marat, jornalista, dono do jornal "L'Ami du Peuple", foi um dos protagonistas, diretamente responsável pelo êxito da Revolução.

Por outro lado, Max Weber ("A Política como Vocação", 1919) constatou que a Burguesia havia criado a Democracia Contemporânea por dois motivos: primeiro, porque era muito mais fácil manipular as massas ignorantes do que convencer as elites do "Ancien Régime"; e, segundo, porque a imprensa burguesa recém nascida da Revolução era a única arma capaz de garantir essa dominação política, econômica e cultural.

No epílogo da 2ª Revolução Industrial, essa nova forma de dominação burguesa atirou o mundo nas maiores, mais terríveis, mortais e desumanas guerras da História, tendo a imprensa um papel fundamental. A Alemanha Nazista, por exemplo, teve na imprensa uma de suas mais eficientes arma, sob o império de Goebbels.

Ainda no interior dos horrores da guerra, um movimento contra-hegemônico ao modelo de imprensa privado e comercial foi posto em prática, fazendo nascer, primeiro, na Europa e, depois, no resto do mundo, um conceito de imprensa estatal, capaz de resguardar os interesses públicos. A mais importante e ainda existente (mesmo que castrada) rede de imprensa pública criada foi a BBC inglesa, nascida em 1922.

Contudo, a partir dos anos 1970, com a ascensão do neoliberalismo, a imprensa estatal foi perdendo força e dando lugar, novamente, a, hoje, chamada imprensa corporativa, cuja maior representante no país é a Rede Globo.

Assim, cavalheiros, um dos problemas fundamentais da imprensa e, por extensão, hoje, das mídias em geral, é seu caráter privado e comercial, pois relega os interesses públicos em favor dos interesses privados dos grupos econômicos que as controlam. Nesse sentido, um primeiro passo seria ao menos equiparar novamente o interesse público ao interesse privado, seja através de mídias estatais, seja através do incentivo financeiro às mídias populares, seja pela regulação, supervisão e controle das mídias corporativas.

Dito isso, creio que a História recente, desde a fundação da imprensa contemporânea até hoje, pode nos jogar luz, tanto para o cerne dos problemas que enfrentamos por conta das mídias atuais quanto para propormos e executarmos as soluções adequadas, em vistas da salvaguarda do interesse público.

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