Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Contando com possível reeleição, gestão de Lula seria um período do qual o país pode sair profundamente modificado, com mudanças estruturais e irreversíveis
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Lula tem ainda mais 3 anos de presidente neste mandato. Se chegar a se candidatar à reeleição, poderia ter mais 7 anos como presidente do Brasil.
Seria um período histórico muito especial, pela duração e pela força da liderança do Lula. Seria um período do qual o país pode sair profundamente modificado, com mudanças estruturais e, na medida do possível, irreversíveis. Seria um marco histórico, que definiria um futuro distinto para o Brasil.
Este governo do Lula se inscreve no processo de superação do neoliberalismo, depois do período neoliberal e autoritário de Bolsonaro. O modelo econômico atual já é distinto. A prioridade não é mais o ajuste fiscal, mas a implementação de distintas e várias formas de políticas sociais. Não é mais o Estado mínimo mas, ao contrário, o fortalecimento da capacidade de intervenção do Estado. Não se trata mais de implementar tratados de livre comércio com os Estados Unidos, mas de desenvolver políticas de integração regional e de intercâmbios Sul-Sul no mundo.
O Brasil do Lula se enquadra perfeitamente nesse processo de saída do neoliberalismo. No entanto, este modelo permanece como predominante no Brasil. O eixo da economia segue sendo o capital especulativo. Porque a atração do capital para a especulação se dá pela taxa de juros mais alta que a taxa de lucro – isto é, a que vem do investimento na Bolsa de valores e não dos investimentos produtivos.
No entanto, o Brasil de Lula dá passos na direção de superação do neoliberalismo. O país recebe uma grande quantidade de investimentos externos para sua indústria. Expande seu mercado interno de consumo, assim como sua força de trabalho. Fortalece sua estrutura produtiva, sua dinâmica de comercialização, assim como o financiamento dos investimentos.
Não se pode dizer que as estruturas neoliberais já foram superadas, mas há uma dinâmica econômica que vai nessa direção. Um período histórico como o atual, que pode chegar a ser de pelo menos 7 anos, Um período que poderia ser uma linha demarcatória na história do pais. Caso se logre, ao final desse período, uma economia basicamente produtiva, enfraquecendo os mecanismos especulativos.
Essa era a situação que tinha o Brasil desde o começo do século – que coincidiu com os governos do PT – até o golpe de impeachment contra a Dilma Rousseff, que impôs um modelo econômico neoliberal. O retorno de Lula à presidência do país permite que seja retomado o modelo antineoliberal.
Mas esta retomada se dá em condições distintas dos governos anteriores do PT. Em primeiro lugar, o governo não tem maioria no Congresso. Tem que negociar para ter projetos seus aprovados na Câmara e no Senado. Essa negociação não somente implica, muitas vezes, em mudanças nesses projetos, como pode incluir a nomeação no governo de políticos de centro e até mesmo de centro-direita.
Por outro lado, a herança recebida pelo Lula no seu terceiro governo, inclui um presidente do Banco Central de direita, neoliberal, que preserva uma taxa de juros estratosférica, que freia o ritmo de retomada de crescimento econômico.
Esta situação afeta os dois primeiros anos do mandato presidencial. Isto é, resta ainda um ano de convivência de posturas econômicas antineoliberais e neoliberais.
Já a aliança com forças de centro e de centro-direita se estenderá até as próximas eleições, isto é, pelo menos três anos mais.
Nessas condições seguirá o governo Lula, até a possível reeleição, que projetará um governo em condições distintas. Teremos o Brasil de Lula por um longo período.
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