quinta-feira, 28 de março de 2024

Aldo Rebelo enterrou os acontecimentos do verão passado

(Foto: ABR)

Nonato Menezes

Para muitos a Instituição Política é como gelatina, sujeita a cor, forma e sabor variados, a se diferenciarem segundo os humores de quem sorve, manuseia e da capacidade de decodificação de suas retinas.

É o que tem ocorrido entre nós, amiúde nos setores da esquerda. Ainda que eu não considere de esquerda o sujeito que hoje não duvide da descoberta de Erastóstenes, mas amanhã venha a defender que a Terra é plana, seja ou não por conveniência política. Ser de esquerda, afinal, é ser lúcido na defesa de princípios. Princípios que, por si, se sustentem como pilares em defesa da vida, da paz e da liberdade.

Aldo Rebelo, por exemplo, é uma dessas criaturas que tratam as Instituições Políticas como gelatina, ao se servir da agenda, do discurso e das ações da esquerda por razoável tempo de militância política. Militou na organização católica Ação Popular (AP), contra a ditadura militar. Filiou-se ao PCdoB (à época sem registro), veio a se filiar ao PMDB, para se candidatar a deputado federal. Depois voltou ao PCdoB. Foi presidente da União Nacional dos Estudantes. Foi ministro nos governos Lula e Dilma. Hoje está abrigado na secretaria de Relações Internacionais de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB); licenciado do PDT.

Numa entrevista ao jornal O Globo, Aldo Rebelo fez críticas ao presidente Lula, ao atual governo e teceu elogios, de rara admiração, a Jair Bolsonaro.

Em seu ponto de vista, “trabalharam para excluir o presidente Lula da política e agora tratam para excluir o Bolsonaro", numa comparação prosaica com o que sofreu o presidente Lula, enredado na armadilha perpetrada pela gangue da Lava-Jato e o que hoje passa o ex-presidente miliciano por causa de crimes cometidos durante o mandato.

Ao negar a tentativa de golpe por Bolsonaro, Aldo Rebelo alegou que o roteiro dos eventos de 08 de janeiro de 2023 não faz parte do “manual de golpe de Estado”.

Na entrevista, além de outras apreciações políticas, Aldo Rebelo disse ter, “às vezes, apreço por Bolsonaro”. Apreço?

Com tanta gente boa, no Brasil e no mundo, para se admirar, Rebelo tem apreço por uma criatura sem nenhum rabisco de pudor?

Na função pública, Aldo Rebelo mostrou que trata as Instituições Políticas como gelatina. Na entrevista, apresentou sintoma de quem perdeu a noção de que lado nasce o sol.

Nenhum comentário:

Postar um comentário